Quem é Jesus? – continuamos a perguntar. Para muitas pessoas, sobretudo as que nasceram dentro da cultura e ambiente cristão, que talvez nunca pararam para pensar sobre essa pergunta, a resposta pode parecer fácil ou até desnecessária. Mas desde que Jesus pisou no solo deste mundo várias outras pessoas tiveram dificuldade de acreditar n’Ele. Elas não tinham tanta clareza assim, de que tudo o que foi dito acerca de Jesus Cristo, fosse verdadeiro. Por isso a história do cristianismo registra tantas especulações, discussões e opiniões diferentes sobre o tema Jesus. São várias ideias, teorias e conceitos que o homem produziu para responder a pergunta “quem é Jesus?”. Muitas delas totalmente inventadas ou equivocadas e por isso falsas, podendo ser classificadas como heresias. Várias outras afirmações chegam até mesmo a negar a sua existência.
No entanto, mesmo para nós, que não temos dúvidas que Jesus histórico existiu e que Ele é muito importante até hoje para cada um de nós e para o mundo, a pergunta “Quem, na verdade, é Jesus?” continua pedindo a reflexão e está esperando pela resposta.
A nossa reflexão continua na próxima postagem.
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O texto abaixo fala mais do tema:
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As suposições sobre Jesus Cristo
As suposições sobre Jesus Cristo
Na verdade, o que hoje inquieta muito todos nós é a pergunta: quem realmente é Jesus e o que Ele significa para os homens, e, com isso, qual significado Ele tem também para cada um de nós. Para responder a essa pergunta, as pessoas começaram a tecer as mais diversas e curiosas hipóteses a respeito da pessoa de Jesus. Como resultado de várias especulações, surgiram numerosas dúvidas e hipóteses. Por isso, precisamos ver tudo isso com um olhar bastante crítico.
Analisando com seriedade e crítica todas as opiniões sobre Jesus, aos poucos é possível desenhar, com mais nitidez, a figura desta pessoa tão especial: Jesus mostra traços característicos, e a sua imagem torna-se mais completa na medida em que desvendamos vários aspectos da sua personalidade. Aquele Jesus de Nazaré, meio duvidoso, apagado, problemático e incerto- vai aparecer para nós, graças às explicações, como Jesus Cristo íntegro, em quem se pode crer. E isso acontece porque Ele próprio faz surgir em nós a fé.
Em volta de Jesus surgem as seguintes questões: “O que é isso?” (Mc 11,27); “Quem será este a quem até o vento e o mar obedecem?” (Mc 4,41); “Nunca vimos coisa igual” (Mc 2.12); “Ele está louco” (Mc 3.21).
É comum levantar as dúvidas em volta da pessoa de Jesus. Deste jeito pretende-se, logo com o “machado”, atingir a raiz do cristianismo e tenta-se juntamente com a destruição de Jesus, destruir também a fé cristã, ou pelo menos torná-la sem qualquer importância. Todavia, não é a toa que Jesus torna-se alvo dessas dúvidas, porque ele é muito importante para o homem. É ele que pode fornecer ao homem a última informação e resposta. E é Jesus, ele próprio, que provoca os ouvintes, questiona, levanta perguntas. Ele faz a fé se tornar possível - justamente como resultado de fazer perguntas. “Donde és Tu?” (Jo 19,9); “O que tens tu conosco, Jesus Nazareno?” (Mc 1,24; 5,7) perguntam os homens. Também Jesus pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mc 8,29); “A quem buscais?” (Jo 18,4).
Jesus tem vários “significados”. No início opera com alusões, deixa ao homem a livre escolha, para que esse se coloque ou pró ou contra Ele (Mt 12,30). Depois, Jesus destrói todas as concepções e esquemas. Também os antigos títulos para descrever o salvador prometido já não são mais adequados - precisa alargá-los e completá-los. Ele sempre deixa a possibilidade de conhecer a sua pessoa com mais profundidade (Jo 16,13), acrescentando aqui o papel do Espírito Santo. Assim, da fraqueza e fragilidade germina a esperança, uma pequena fé, que é fraca, mas pode se desenvolver.
Não é fácil alcançar Jesus, não é fácil imobilizá-Lo (Jo 20,17). Ele aparece gradualmente. Sempre, porém, escapa de olhares, das mãos e mentes daqueles que gostariam de prendê-lo. A cena de Ascensão ilustra justamente essa posição do homem em relação a Jesus. Ainda pouco estava aqui. Aonde foi? Onde está agora? Está ou não está mais? Aonde vai? De onde vem? Está aqui ou está lá? (Mc 13,21). Ou talvez Ele é a “promessa, da qual ninguém sabe se vai ser cumprida?” (Koster).
A confusão e a ansiedade marcam essas várias concepções que surgiram a respeito da pessoa de Jesus Cristo; concepções que nunca estão certas, ou muito pouco confiáveis.
Se os contemporâneos de Jesus não O entendiam e interpretavam errado, quanto mais isso pode acontecer com as outras gerações. Não obstante, aqui se trata sempre das mesmas concepções que o homem constrói, e que tentam mostram Jesus, mas não conseguem. Elas são parciais e quando queremos ver Jesus na sua totalidade, estas concepções O apresentam totalmente falso.
Jesus – o homem que corresponde às necessidades dos seus contemporâneos. Jesus – realizador de todos os sonhos e desejos. Jesus – um messias terrestre, revolucionário. Jesus - o maior mago que com um gesto pode colocar em ordem a maior bagunça. Todas essas concepções sobre Jesus fornecem uma imagem deturpada; caricatura da deficiência e dependência humana, projeção de nossa própria, mal realizada existência.
Existem muitos “falsos cristos” (Mc 13,22). Quem é Jesus, quando se trata do seu lado corporal e material? Ele viveu realmente? O que, assim de verdade, disse Ele próprio? Como hoje eu posso chegar até Ele? Onde Ele está? O que Ele tem realmente a dizer para nós, os homens e mulheres de hoje? Estas perguntas continuam atuais. A pergunta principal sobre Jesus, este desconhecido, que veio incógnito, permanece até hoje sem resposta – assim pelo menos nos parece.(...)
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p. 58-60)*
Continua...
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*Obs.:Para embasar as minhas pequenas reflexões (simples, diretas e questionadoras) acerca de perguntas que, suponho, perturbam a todos nós, sirvo-me do livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben” e, usando aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), faço uma tradução livre (para o português) apontando alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. É um prazer seguir o seu pensamento.
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