Freqüentemente ouvimos, sobretudo da parte dos mais jovens e das pessoas que se consideram mais “abertas” ao mundo, que para eles todas as religiões são válidas, porque falam do mesmo Deus, que é Pai de todos. Certamente em vários aspectos isso é verdade, mas também é a verdade que nem todas as religiões são iguais e, nem que fosse por isso, não tem o mesmo valor. Sobre isso foi falado nas postagens anteriores.
Hoje, quero lembrar uma coisa, que as vezes “cai no esquecimento” de muitas pessoas (até mesmo de muitos cristãos, sobretudo aqueles “cristãos de etiqueta”) – da diferença que existe entre a fé cristã e todas as outras religiões.
Para os cristãos não há dúvida de que a fé cristã se diferencia de todas as outras religiões num ponto principal e o mais importante, diante do qual muda todo o valor de uma religião: no momento em que o próprio Deus fala – o homem deve-se calar e ouvir - a única atitude sensata que lhe resta. Aqui se trata da Revelação Divina. Este é o ponto crucial.
É de interesse de cada um de nós, cristãos, termos viva na nossa mente e na nossa alma essa certeza de que Deus próprio nos fala em Jesus Cristo - seu Filho Unigênito. E sobre o tema da Revelação Divina, que é de valor fundamental para todos nós – será a próxima postagem.
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O texto abaixo fala desse motivo pelo qual o cristianismo reivindica uma posição especial entre todas as outras religiões:
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(...) Mesmo se rejeitamos algumas concepções sobre Deus, contidas em algumas outras religiões, não podemos, no entanto, nem condenar e nem desprezar as pessoas que têm idéias deste tipo. Em certo sentido todas essas concepções sobre Deus são justificadas, porque ninguém pode conhecer a Deus assim, como Ele realmente é.
Porém – e agora entra em jogo o elemento decisivo – tudo isso vale somente até quando o ser humano pode apenas contar com as suas próprias investigações, até quando o próprio Deus não nos se manifestar. Porque no momento em que Ele próprio resolve falar, o homem de sua parte apenas pode escutar; até o mais sincero esforço humano em se aproximar de Deus com os seus próprios meios, torna-se aqui desatualizado e antiquado.
Uma característica que diferencia a fé cristã é justamente o fato que ela quer encontrar Deus não saindo debaixo, do lado das buscas humanas, mas nela, como se fosse de cima, o próprio Deus - Ele mesmo - sai ao nosso encontro. É neste fato que se estabelece a legitimidade e a força de compromisso da fé cristã. Não é tanto o conteúdo da sua doutrina e as suas exigências que justificam a singularidade do cristianismo, mas o fato que Deus, na pessoa de Jesus Cristo, tornou-se um de nós. É o próprio Deus que nos disponibiliza o caminho que nos leva a Ele.
Aqui, como se vê, a ordem das coisas se inverteu por inteiros 180 graus. Em outras religiões o ser humano parte em busca de Deus, para depois adorá-lo do seu jeito. No ato da Revelação é Deus que caminha atrás do homem, sai ao nosso encontro e revela para nós como Ele é e qual é a sua relação conosco. O homem responde-Lhe com a sua entrega na fé. Graças à Revelação o lugar da religião fica ocupado pela fé.
A fé cristã, portanto, não é absolutamente apenas uma das muitas religiões. Ela é um encontro pessoal com Cristo, em que o próprio Deus se aproxima de nós.(...)
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p.52)*
Continua...
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*Obs.:Para embasar as minhas pequenas reflexões (simples, diretas e questionadoras) acerca de perguntas que, suponho, perturbam a todos nós, sirvo-me do livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben” e, usando aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), faço uma tradução livre (para o português) apontando alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. É um prazer seguir o seu pensamento.
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