Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A revelação Divina – como podemos entender?


Para começar, é bom lembrarmos que o cristianismo é uma das chamadas grandes religiões. No mundo todo têm aproximadamente 1,9 bilhão de seguidores, incluindo católicos, ortodoxos e protestantes. Cristianismo  vem da palavra Cristo, que significa messias, ungido, pessoa consagrada. Do hebraico-aramaico Meshiah ou Mshecha (o Salvador) foi traduzida para o grego como Χριστός (Khristós) e para o latim como Christus ou Christos.

Para entender a reivindicação do cristianismo, de que é diferente de todas as outras religiões num ponto principal, que é Revelação Divina, e também para compreender melhor a  própria questão da Revelação,  é bom lembrarmos, antes  de tudo, que a grande parte da humanidade sempre acreditava e acredita na existência de Deus.

Todos nós temos no fundo do nosso coração, conscientemente ou não,  o desejo de Deus. Durante a nossa vida aqui, na terra, não cessamos  de  buscar a felicidade, mas nunca  ficamos  totalmente felizes.   A verdade é  que somente podemos  encontrar  a verdade, a paz  e a alegria em Deus.  Por que é assim?  Porque o homem é um ser religioso.  O apóstolo Paulo escreveu:  "em Deus vivemos, nos movemos e existimos" (Atos 17,28).

Da sua parte, Deus, por amor, revelou-se ao homem, vindo ao seu encontro.  Desde que existe o ser humano  Deus não abandonou a humanidade,  mas prometeu a salvação e ofereceu a sua aliança. No tempo devido, com Abraão, elegeu o povo de Israel.  Preparou este povo, através dos profetas, para que acolhesse a salvação destinada a toda humanidade.  Revelou-se plenamente, enviando o seu próprio Filho, Jesus Cristo, no qual estabeleceu a sua aliança para sempre.  O Filho é a palavra definitiva do Pai.  Depois dele não haverá outra Revelação. Ele mesmo é a própria Revelação Divina.  Desta forma, Deus  oferece  a todos nós,  homens e mulheres, uma resposta definitiva às perguntas que se faz sobre o sentido e o fim da vida humana.  

Silenciar,  ouvir  o que  Deus fala,  refletir  e, em  seguida,  escolhê-Lo como Bem Supremo de nossa  vida - é o único caminho para encontrarmos a paz, alegria e felicidade duradoura.

Para as pessoas que quiserem aprofundar mais a questão da Revelação Divina, que é de suma importância para poder se entender  a essência e a grandeza do cristianismo, deixo aqui o link  para abrir e poder ler um dos principais documentos do Sínodo Vaticano II  - a Constituição Dogmática DEI VERBUM – sobre a Revelação Divina:


O texto abaixo (de Ferdinand Krenzer) também traz mais reflexão :

(7)

(...) É na revelação que encontramos o real e  verdadeiro conhecimento sobre Deus. Ele próprio falou ao mundo e entrou na nossa história. Tornou-se disponível para  nós. Já no tempo que antecedera o cristianismo Deus anunciou-se através dos profetas por Ele iluminados.  Por isso o povo judeu permanecia fiel. Cristo assumiu a revelação do Velho Testamento. Nele essa revelação foi conduzida para o ponto culminante. Pelo Cristo pronuncia-se o próprio Deus e por isso é chamado de “Verbo” – Palavra (Jo 1,1). Neste momento termina toda a sabedoria humana em relação a Deus, porque o próprio Deus se manifestou de maneira decidida.

Isto não significa que desde então o cristianismo “dispõe” da verdade. A verdade não é algo o que pode se possuir como p. ex. uma pedra  preciosa,  comprada uma vez por todas. Para o ser humano sempre permanece ela como algo imperfeito, que exige   de complementação. Também mesmo após o  fato da revelação continua impossível conhecer Deus na sua totalidade, porém, temos sobre Ele as afirmações que Ele mesmo atesta. Com a chegada de Jesus Cristo  e com a propagação da sua missão contida no Novo Testamento,  a  revelação de Deus alcançou o seu ponto mais alto e a sua meta.

Pode se  neste momento questionar que também as outras religiões recorrem a revelação. Isto é verdade e não duvidamos que também fora do cristianismo podemos encontrar elementos da revelação. Já se fala da revelação no Antigo Testamento. A doutrina do islamismo também baseia-se em grande parte sobre essa revelação no Velho Testamento e cristã. Por isso também, depois do judaísmo, o islamismo é a religião mais próxima do cristianismo. 

–  Porém, Jesus Cristo não é somente  um profeta (assim o considera o islã), mas ele vem de Deus: “A Deus ninguém nunca  viu. O Filho Unigênito (assim é chamado o Cristo), que está no seio do Pai foi quem no-lo deu a conhecer” (Jo 1,18). Ele não só nos transmite as verdades religiosas (como no islamismo), mas Ele mesmo é a própria Revelação Divina. Não só pelo que Ele fala e faz, mas também pelo que Ele é. “Quem me vê, vê aquele que me enviou.”- Jesus fala de si mesmo (Jo 12, 45; 14,9). Desta maneira Ele se equipara com Deus. (...)
Ninguém é obrigado  reconhecer as reivindicações do cristianismo, das quais falamos aqui. Cada um tem direito querer conhecer todas as justificativas e argumentos. No entanto, deveria tratar essas reivindicações com toda a seriedade. Por outro lado – nós também temos razão, porque quando alguém está profundamente convencido que representa a revelação Divina, esse deve seguir a voz da sua consciência e decididamente defender essas convicções. (...)

(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p.53-54)*
Continua...
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*Obs.:Para embasar as minhas pequenas reflexões (simples, diretas e questionadoras) acerca de perguntas que, suponho, perturbam a todos nós, sirvo-me  do  livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben”  e,  usando aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), faço uma tradução livre (para o português) apontando  alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. É um prazer seguir o seu pensamento.


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