A nossa vida está cada vez mais agitada e corrida. Estamos sem tempo, sempre ‘correndo’ atrás de alguma coisa. Se olhar bem em volta, todos participam dessa corrida. Quem tem dificuldades, quem tem pouco ou nada na vida - se esforça e corre contra o tempo para sobreviver. Quem tem já alguma coisa, corre para conseguir mais, para garantir o futuro. Quem tem muito – quer multiplicar a sua fortuna. E o tempo passa... A nossa vida passa... Nós passamos!
Volta a pergunta: Qual é o sentido da vida? Perseguir os desejos, realizar as metas e conseguir ter as coisas, sabendo que um dia vamos deixar tudo, esta seria a razão para viver?
Será que esses desejos todos que queremos alcançar, mas que são tão passageiros, não querem dizer que, na verdade, queremos algo mais? Não estamos em busca do tesouro duradouro e definitivo?
Talvez, hoje, muitas pessoas não importam-se em saber qual é a resposta. Porém, as palavras da Bíblia continuam ressoando no ar para todo ser humano poder ouvir: “Insensato! Ainda nesta mesma noite tirarão a tua vida, e para quem ficará tudo que acumulaste? É o que acontecerá com quem guarda tesouros para si e não é rico diante de Deus”. (Lc 12,20- 21).
O texto abaixo aprofunda esta questão:
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(...) Costumamos dizer que a gente sempre ainda encontra algo, que parece digno de esforço. Porém, quando já alcançamos esse algo, o nosso desejo já mira um novo alvo. Uma impaciência constante continua a nos empurrar sempre de novo. Nunca podemos dizer que já estamos realmente e definitivamente satisfeitos e realizados. De onde vem essa profunda inclinação pela busca de algo ‘mais’, que não nos deixa totalmente em paz? Podemos comparar isso com a corrida atrás da própria sombra – permanece sempre inalcançável, preservando a mesma distância.
Todos nós experimentamos momentos, quando não temos saudades, desejos, e nos sentimos felizes. Acontece isso após a realização de alguma coisa grande, quando alcançamos alguma meta maior. Mas, quanto tempo isso dura? De antemão já sabemos que é passageiro. Justamente, nos momentos de felicidade sofremos mais, sentindo que esses instantes passam e não conseguimos os deter. Assim sendo, mesmo quando realizamos os nossos desejos, nós não estamos completamente satisfeitos. Desejos não realizados – este seria o nosso destino? Até que ponto nos é permitido cultivar os desejos e saudades para não corrermos atrás das ilusões?
O que se refere a cada ser humano, também se refere à humanidade. Pelo prisma da história vemos o enorme progresso que nos deixa entorpecidos. Manifesta-se ele na medicina, bioquímica, técnica e tecnologia, psicologia, sociologia e, de modo geral, em todas as ciências. A vida também melhorou: vivemos bem melhor que as pessoas nos séculos passados. Hoje, realizaram-se as coisas, que no passado pareciam puros sonhos ou fantasias para os homens daqueles tempos. Mais ainda: o que hoje ainda consideramos impossível, os cientistas já colocaram na pauta de seus trabalhos e experimentos, prometendo futuros sucessos. A humanidade segue, portanto, esse forte desejo que está profundamente nela enraizado, de criar um “amanhã melhor” e um “mundo mais perfeito”. Mas, apesar de todas as conquistas e progresso , parece que estamos ainda no início da busca, correndo atrás dos desejos indefinidos ou ilusões? (...)
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p.18.)
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