“- José, filho de David, não temas
receber Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo.” (Mt 1,20)
A
situação é dramática: Maria está grávida e José, o seu noivo e futuro pai adotivo de Jesus, não sabe o que
fazer. Ele está em dúvida em relação a que atitude deve tomar, porque segundo a
lei deveria pelo menos repudiá-la. Mas,
como não ouvir a voz de Deus? – A sua resposta será “Sim”, o “Sim” do homem
justo e correto diante de Deus.
Para refletir sobre esta passagem bíblica do Evangelho segundo Mateus (Mt
1,18-24), trago para o blog Indagações uma reflexão muito interessante de Asun
Gutiérrez Cabriada.
Não deixe de ler.
WCejnóg
[Os interessados podem ler esse texto em aprestentação de PPS, acessando o site das Monjas Beneditinas do Montesserrat: http://www.benedictinescat.com/montserrat/imatges/Dom4advA13port.pps
Trabalho muito bonito!)
Uma mulher alcançada plenamente pelo Espírito, por dom de Deus e
colaboração sua, foi Maria de Nazaré.
O Espírito terá alcançado a nossa pele se toda a nossa pessoa respira e vive o ar de Jesus, ou seja, se – como se passou com Maria de Nazaré – nos deixamos configurar pelo Espírito de Deus até que Cristo se forme em nós e nos vá convertendo em criaturas novas.
Então viveremos os valores evangélicos de um modo quase natural, sem voluntarismos nem perfeccionismos mas como fruto de ter descoberto a verdade do nosso ser, de nos termos deixado alcançar pela força do alento de Deus que nos prometeu em Jesus e que a primeira comunidade acolheu com assombro de
tal modo que aprendeu a respirar o “ar de Jesus” até que o seu Espírito se revelou em cada um dos seus membros à “flor da pele”.
Emma Martínez Ocaña
Comentário
O nascimento de Jesus
deu-se do seguinte modo:
Maria, sua mãe, estava noiva de José
Ainda que não intervenha diretamente, Jesus é o
protagonista deste texto. O seu nome começa e conclui o relato.
Entre os judeus, esta promessa supunha um compromisso matrimonial, de tal
maneira que se o par tinha um filho ou uma filha, era considerado filho
legítimo dos dois.
Em caso de infidelidade, a lei de Moisés previa
duas opções: a denúncia pública e consequente lapidação (Dt 22,12-21); ou a
separação em segredo (Dt 24,1).
José escolhe a segunda. Nele, a misericórdia
triunfa sobre o julgamento.
antes de terem vivido
em comum,
encontrara-se grávida
por virtude do Espírito
Santo.
Está em marcha uma iniciativa misteriosa e criativa
de Deus a favor de todos os seres humanos. Tudo na vida de Jesus, toda a sua
vida, é obra do Espírito que está sempre com Ele.
Acolhamos, com a mesma fé, abertura e amor de
Maria, a acção do Espírito para que possa atuar e fazer maravilhas em nós.
Mas José, seu esposo,
que era justo e não
queria difamá-la,
resolveu repudiá-la em segredo.
José é justo porque observa a lei, que obrigava o
marido a dissolver o matrimónio em caso de adultério e porque suaviza o rigor
da lei evitando a difamação pública.
José é justo, fundamentalmente, porque aceita o
plano de Deus, mesmo que não o entenda, o desconcerte e desarranje todos os
seus planos.
De José aprendemos a não julgar nem ferir as
pessoas, a nos pôrmos no lugar dos outros, a aceitar o que não entendemos de
nós mesmos e dos outros, a tomar decisões, a saber viver um projeto de casal, a
lutar pelos nossos sonhos, o valor da discrição, da reflexão, do silêncio...
Tinha ele assim
pensado,
quando lhe apareceu num
sonho
o Anjo do Senhor, que
lhe disse:
- José, filho de David,
não temas receber
Maria, tua esposa,
pois o que nela se
gerou
é fruto do Espírito
Santo.
Ela dará á luz um Filho
e tu por-lhe-ás o nome
de Jesus,
porque Ele salvará o
povo
dos seus pecados.
Para se tornar presente, Deus não se serve de
grandes personagens, mas de um jovem e
simples casal que se conhece, se enamora e se casa.
O nome de Jesus – Deus salva - exprime o seu destino e a sua missão.
José aceita o projeto de Deus, mesmo que não coincida com o seu nem o
entenda.
Todos temos um nome no coração de Deus –
conhece-nos e chama-nos pelo nosso nome - e uma missão a cumprir.
Deus continua a necessitar da nossa capacidade de
amar, de acreditar, de criar, de
servir, para continuar a nacer no mundo tornando possível a sua mensagem de
ternura, proximidade, paz, justiça e libertação.
Tudo isto aconteceu
para que se cumprir
o que o Senhor
anunciara
por meio do Profeta, que diz:
A Virgem conceberá
e dará à luz um Filho,
que será chamado
Emmanuel
(que quer dizer: Deus
connosco)
A nossa fé não consiste em crer que Deus existe,
mas em descobrir com imensa alegria que, em Jesus, Deus se faz proximidade e
ternura. Nunca estamos sós. Deus está
sempre conosco, partilhando e solidarizando-se com a vida, dificuldades,
alegrias, aspirações e anseios de cada pessoa. Caminha com cada ser humano, com
cada criatura, dando força, esperança, apoio, luz...
Quando despertou do
sono,
José fez como o Anjo do Senhor
lhe ordenara
e recebeu sua esposa.
Se, como Maria e José, nos abrimos ao Mistério,
ao Espírito, Deus vem à nossa casa, nasce em cada um de nós e enche a nossa
vida de
encontro, de alegria, de esperança e de sentido.
E em cada um de nós nasce Deus.
Escuta
Decisão
Ação
Maria, mulher da escuta,
faz que se abram os nossos ouvidos;
que saibamos escutar a Palavra de teu Filho Jesus entre os milhares de palavras
deste mundo;
faz que saibamos escutar a realidade em que vivemos,
cada pessoa que encontramos,
especialmente quem é pobre,
necessitado, e tem dificuldades.
Maria, mulher da decisão,
ilumina a nossa mente e o nosso coração,
para que saibamos obedecer à Palavra
de teu Filho Jesus sem vacilações;
dá-nos a valentia da decisão,
de não nos deixarmos arrastar
para que outros orientem a nossa vida.
Maria, mulher da ação,
faz que as nossas mãos e os nossos pés
se movam “depressa” para os outros,
para levar a caridade e o amor de teu Filho Jesus,
para levar, como tu,
a luz do Evangelho ao mundo. Amém.
Papa Francisco