Abaixo, mais uma reflexão muito boa para
o tempo de Advento. De autoria do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, foi
publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não
deixe de ler.
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IHU – Notícias
Sexta, 06 de
dezembro de 2013.
Percorrer
caminhos novos
A leitura
que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
3,1-12, corresponde ao segundo Domingo de Advento, ciclo A do ano litúrgico. O
teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. No Brasil
comemora-se a Solenidade da Imaculada Conceição de Maria
Eis o
texto.
Pelos anos
27 ou 28, apareceu no deserto do Jordão um profeta original e independente que
provocou um forte impacto no povo judeu: as primeiras gerações cristãs viram-no
sempre como o homem que preparou o caminho para Jesus.
Toda a sua
mensagem se pode concentrar num grito: “Preparai o caminho do Senhor, alargai
os Seus caminhos”. Depois de vinte séculos, o Papa Francisco grita-nos a mesma
mensagem aos cristãos: Abri caminhos a Deus, voltai a Jesus, acolhei o
Evangelho.
Papa Francisco, na missa campal em Lampedusa,
com o báculo feito de madeira que restou de barcos
que traziam imigrantes e naufragaram no Mediterrâneo.
Igualmente o cálice usado na missa deste dia
é feito de madeira feita com restos de barcos
que naufragaram com imigrantes.
O seu propósito
é claro: “Procuremos ser uma Igreja que encontra caminhos novos”. Não será
fácil. Temos vivido estes últimos anos paralisados pelo medo. O
Papa não se surpreende: “A novidade dá-nos sempre um pouco de medo porque nos
sentimos mais seguros se temos tudo sob controle, se somos nós os que
construímos, programamos e planejamos a nossa vida”. E nos faz uma pergunta a
qual temos de responder: “Estamos decididos a recorrer a caminhos novos que a
novidade de Deus nos apresenta ou nos atrincheiramos em estruturas caducas, que
perderam a capacidade de resposta?“
Alguns
setores da Igreja pedem ao Papa que avance quanto antes diferentes reformas que
consideram urgentes. No entanto, Francisco manifestou a sua postura de forma
clara: “Alguns esperam e pedem-me reformas na Igreja, e deve havê-las.
Mas antes é necessária uma mudança de atitudes”.
Parece-me
admirável a clarividência evangélica do Papa Francisco. O primeiro não é firmar
decretos reformistas. Antes, é necessário colocar as comunidades
cristãs em estado de conversão e recuperar no interior da Igreja as atitudes
evangélicas mais básicas. Só nesse clima será possível acometer de forma
eficaz e com espírito evangélico as reformas que a Igreja necessita
urgentemente.
O mesmo
Francisco indica-nos todos os dias as mudanças de atitudes que necessitamos.
Indicarei algumas de grande importância:
Colocar Jesus no centro da Igreja:
“uma Igreja que não leva a Jesus é uma Igreja morta”.
Não viver numa Igreja
fechada e autorreferencial: “uma Igreja que se encerra no passado atraiçoa a
sua própria identidade”.
Atuar sempre, movidos pela misericórdia de
Deus, para com todos os Seus filhos: não cultivar “um cristianismo
restauracionista e legalista que quer tudo claro e seguro, e não encontra
nada”.
“Procurar uma Igreja pobre e dos pobres.” Ancorar a nossa vida na
esperança, não “em nossas regras, nossos comportamentos eclesiásticos e nossos
clericalismos”.
Fonte:
IHU – Notícias
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