Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

“José fez como o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu sua esposa.” – Comentário bíblico de Asun Gutiérrez Cabriada.


“- José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou  é fruto do Espírito Santo.” (Mt 1,20)
  
A situação é dramática: Maria está grávida e José, o seu noivo e  futuro pai adotivo de Jesus, não sabe o que fazer. Ele está em dúvida em relação a que atitude deve tomar, porque segundo a lei deveria  pelo menos repudiá-la. Mas, como não ouvir a voz de Deus? – A sua resposta será “Sim”, o “Sim” do homem justo e correto diante de Deus.

Para refletir sobre esta passagem bíblica do Evangelho segundo Mateus (Mt 1,18-24), trago para o blog Indagações uma reflexão muito interessante de Asun Gutiérrez Cabriada.
Não deixe de ler.
WCejnóg

[Os interessados podem  ler esse texto em aprestentação de PPS, acessando o  site das Monjas Beneditinas do Montesserrat:  http://www.benedictinescat.com/montserrat/imatges/Dom4advA13port.pps 
 Trabalho muito bonito!)

Uma mulher alcançada plenamente pelo Espírito, por dom de Deus e colaboração sua, foi Maria de Nazaré.
O Espírito terá alcançado a nossa pele se toda a nossa pessoa respira e vive o ar de Jesus, ou seja, se – como se passou com Maria de Nazaré – nos deixamos configurar pelo Espírito de Deus até que Cristo se forme em nós e nos vá convertendo em criaturas novas.


Então viveremos os valores evangélicos de um modo quase natural, sem voluntarismos nem perfeccionismos mas como fruto de ter descoberto a verdade do nosso ser, de nos termos deixado alcançar pela força do alento de Deus  que nos prometeu em Jesus e que a primeira comunidade acolheu com assombro de tal modo que aprendeu a respirar o “ar de Jesus” até que o seu Espírito se revelou em cada um dos seus membros à “flor da pele”.
  
Emma Martínez Ocaña


Comentário
O nascimento de Jesus deu-se do seguinte modo:
Maria, sua mãe, estava noiva de José

Ainda que não intervenha diretamente, Jesus é o protagonista deste texto. O seu nome começa e conclui o relato.
Entre os judeus, esta promessa supunha um compromisso matrimonial, de tal maneira que se o par tinha um filho ou uma filha, era considerado filho legítimo dos dois.
Em caso de infidelidade, a lei de Moisés previa duas opções: a denúncia pública e consequente lapidação (Dt 22,12-21); ou a separação em segredo (Dt 24,1).
José escolhe a segunda. Nele, a misericórdia triunfa sobre o julgamento.

antes de terem vivido em comum,
encontrara-se grávida
por virtude do Espírito Santo.

Está em marcha uma iniciativa misteriosa e criativa de Deus a favor de todos os seres humanos. Tudo na vida de Jesus, toda a sua vida, é obra do Espírito que está sempre com Ele.
Acolhamos, com a mesma fé, abertura e amor de Maria, a acção do Espírito para que possa atuar e fazer maravilhas em nós.
Mas José, seu esposo,
que era justo e não queria difamá-la,
 resolveu repudiá-la em segredo.

José é justo porque observa a lei, que obrigava o marido a dissolver o matrimónio em caso de adultério e porque suaviza o rigor da lei evitando a difamação pública.
José é justo, fundamentalmente, porque aceita o plano de Deus, mesmo que não o entenda, o desconcerte e desarranje todos os seus planos.
De José aprendemos a não julgar nem ferir as pessoas, a nos pôrmos no lugar dos outros, a aceitar o que não entendemos de nós mesmos e dos outros, a tomar decisões, a saber viver um projeto de casal, a lutar pelos nossos sonhos, o valor da discrição, da reflexão, do silêncio...

Tinha ele assim pensado,
quando lhe apareceu num sonho
o Anjo do Senhor, que lhe disse:
- José, filho de David,
não temas receber Maria, tua esposa,
pois o que nela se gerou 
é fruto do Espírito Santo.
Ela dará á luz um Filho
e tu por-lhe-ás o nome de Jesus,
porque Ele salvará o povo
dos seus pecados.

Para se tornar presente, Deus não se serve de grandes personagens, mas de um jovem  e simples casal que se conhece, se enamora e se casa.
O nome de Jesus – Deus salva - exprime o seu destino e a sua missão.
José aceita o projeto de Deus, mesmo que não coincida com o seu nem o entenda. 
Todos temos um nome no coração de Deus – conhece-nos e chama-nos pelo nosso nome - e uma missão a cumprir.
Deus continua a necessitar da nossa capacidade de amar, de acreditar, de criar,  de servir, para continuar a nacer no mundo tornando possível a sua mensagem de ternura, proximidade, paz, justiça e libertação.

Tudo isto aconteceu
para que se cumprir
o que o Senhor anunciara
por meio do Profeta, que diz:
A Virgem conceberá
e dará à luz um Filho,
que será chamado Emmanuel
(que quer dizer: Deus connosco)

A nossa fé não consiste em crer que Deus existe, mas em descobrir com imensa alegria que, em Jesus, Deus se faz proximidade e ternura. Nunca estamos sós.  Deus está sempre conosco, partilhando e solidarizando-se com a vida, dificuldades, alegrias, aspirações e anseios de cada pessoa. Caminha com cada ser humano, com cada criatura, dando força, esperança, apoio, luz...

Quando despertou do sono,
José fez como o Anjo do Senhor
 lhe ordenara
e recebeu sua esposa.

Se, como Maria e José, nos abrimos ao Mistério, ao Espírito, Deus vem à nossa casa, nasce em cada um de nós e enche a nossa vida de
encontro, de alegria, de esperança e de sentido.
E em cada um de nós nasce Deus.


Escuta
Decisão
Ação

Maria, mulher da escuta,
faz que se abram os nossos ouvidos;
que saibamos escutar a Palavra de teu Filho Jesus entre os milhares de palavras deste mundo;
faz que saibamos escutar a realidade em que vivemos,
cada pessoa que encontramos,
especialmente quem é pobre,
necessitado, e tem dificuldades.

Maria, mulher da decisão,
ilumina a nossa mente e o nosso coração,
para que saibamos obedecer à Palavra
de teu Filho Jesus sem vacilações;
dá-nos a valentia da decisão,
de não nos deixarmos arrastar
para que outros orientem a nossa vida.



Maria, mulher da ação,
faz que as nossas mãos e os nossos pés
se movam “depressa” para os outros,
para levar a caridade e o amor de teu Filho Jesus,
para levar, como tu,
a luz do Evangelho ao mundo. Amém.


Papa Francisco

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