Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

É preciso combater as raízes da barbárie. – Artigo de Antonio Fernando Pinheiro Pedro. Vale a pena ler!



“É hora de coragem, de denunciar nas democracias, a postura imbecil dita “politicamente correta”, que impede o exercício da crítica à doutrina hipócrita das ortodoxias religiosas.
Se quisermos combater a barbárie, teremos que ir fundo na investigação do olhar islamita sobre a democracia e a liberdade de expressão no mundo ocidental.” – do texto abaixo.


O artigo É preciso combater as raízes da barbárie, de Antonio Fernando Pinheiro Pedro*, que hoje trago para o blog Indagações-Zapytania, trata de forma muito direta e corajosa a questão da existência e da expansão nos tempos atuais dos grupos e estados extremistas e radicais, que em sua grande maioria têm como base as doutrinas teocráticas islâmicas. Ademais, o autor aponta atitudes necessárias que o mundo dos países democráticos deve tomar com coragem e determinação, para que a paz e o futuro mais seguro da humanidade seja possível.

Acho que esse texto apresenta um ângulo muito interessante e peculiar para se olhar bem de frente o fenômeno em questão. Uma leitura tranquila e atenciosa - na minha opinião - pode ser muito útil para todas as pessoas que procuram entender melhor o que está acontecendo no  mundo e construir melhor a sua própria  opinião a esse  respeito.

Foi publicado no site Ambiente Legal.
Realmente, vale a pena ler!
WCejnóg



É preciso combater as raízes da barbárie

Publicado em 


Na luta pela democracia, não há espaço para tolerar intolerantes.



Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro*


“Estado Islâmico” em ação. Genocídio em nome de Alá... 

A barbárie teocrática

A barbárie dos radicais islâmicos não é isolada. É face desprezível de doutrinas que elegeram o preconceito, a intolerância, o sexismo e o martírio como forma de redenção.

O totalitarismo teocrático atormenta o oriente há milênios. Agride também o ocidente de tempos em tempos.

No oriente, doutrinas teocráticas islâmicas massacram populações em nome da “libertação”, da “salvação” e da “purificação”. No ocidente, ortodoxos muçulmanos exploram o veio da “restauração da fé”, contra um mundo excludente, lascivo e “decadente”.

Os bárbaros se apoiam na pobreza moral e no analfabetismo funcional, pragas que correm multidões de miseráveis tolhidos por economias absolutamente sectárias.


Infibulação – extirpação genital feminina 
imposta pelos radicais islâmicos

A Europa até agora havia tolerado a barbárie terrorista, por conta da visão obtusa de partidos e governos esquerdistas, os quais estimularam o rancor social e professaram um discurso “vitimizador dos excluídos” contra o “aparato repressor” dos regimes democráticos. Esse “rancor social”, justamente, estimulou a fuga de jovens oriundos de famílias de refugiados e imigrantes muçulmanos para as fileiras das sanguinárias facções radicais no oriente médio.

O fenômeno da tolerância ao radicalismo islâmico contou, também, com a condescendência pusilânime de governos e partidos “politicamente corretos”, ocidentais, pressionados a reagir contra políticas sectárias e xenófobas que assolavam governos locais, na Europa e na América.

Decadência e totalitarismos

Como pano de fundo, sempre, a visão de estarmos todos, no ocidente, envolvidos em um processo de decadência moral, institucional e política, que eliminará a hegemonia de nossos padrões civilizatórios em prol de um novo barbarismo.

Nessa tese os muçulmanos não estão sozinhos. A noção continuada de “decadência do ocidente” está no princípio de todo pensamento totalitário, teocrático ou não.

Toda doutrina totalitária condena o “comportamento libertino e decadente” do ocidente, justamente por ser o ocidente plural, e a pluralidade constituir o cerne do regime democrático.

O totalitarismo não concebe o plural. Não admite a convivência dos diferentes. Nutre fobia à diferença.

Essa fobia à diferença atrai hordas de indivíduos que se vitimizam por justamente se sentirem “excluídos” pela diferença. Atraí hipossuficientes de toda ordem, inconformados recalcitrantes, canalhas ideológicos, manipuladores de massas ignorantes, miseráveis em busca de alguma luz e analfabetos funcionais. Hipnotiza a todos com o discurso da “restauração”, da equalização dos desiguais pela força, por meio da uniformização estética e padronização brutal de condutas.

A barbárie muçulmana ortodoxa ganha musculatura na horda de despossuídos porque prega o mergulho radical, sem exceção, de todos, numa treva de ausências: ausência de inteligência, de humor, de cores, de educação, de música, de arte, de livros, de meios de comunicação, de inteligência, de raciocínio, de crítica, de respeito ao próximo, de domínio sobre o corpo, de amor e de sexo.

Condena todos à equalização brutal, baseada na ignorância.
O que nos assombra, no entanto, e toma dimensões apocalípticas, é justamente o fato de hoje não haver mais “ausências” possíveis entre ocidente e oriente.


Shibatadas humilhantes no paquistão – crime? “Apostasia”...

A humanidade assume padrões sócio-econômicos cada vez mais globalizados, alimentados por uma carga dinâmica e acachapante de livre-informação por via digital.

Isso nos deixa a todos, radicais ou não, “cara a cara” com nossos avanços e atrasos, com todas as nossas diferenças, riquezas e misérias.

Ante essa profusão de informações, a proposta radical muçulmana, do mergulho radical de todos em uma treva de ausências, só poderia ser concebida e executada à custa de um sistemático e brutal massacre de vidas humanas.
É isso justamente o que agora ocorre.

A contradição, no entanto, é insuperável. O contraste entre oriente e ocidente tende a desaparecer, na medida em que o modelo ocidental é hoje seguido na maior parte do oriente.

Não por outro motivo o oriente sedia os maiores embates entre radicais muçulmanos e Estados que se modernizam nos padrões ocidentais (ex.: China, Índia, Paquistão, Malásia, Emirados…). Essa expansão de padrões ocidentais ao oriente e África é prova que a “decadência” civilizatória ocidental, se existe, ainda tem o condão de expandir idéias, experiências e conhecimento. Produzir primaveras e revolucionar costumes.

O historicismo decadente

O discurso historicista – de que estamos “decaindo” – é uma bobagem histórica com efeitos funestos, já denunciada por Karl Popper no século passado (registrada em sua obra “A Sociedade Aberta e Seus Inimigos”).

A tese historicista da “decadência civilizatória” é doutrina perene: a Grécia Antiga se desenvolveu “decaindo” na versão dos historicistas gregos; Roma “decaiu” por 1600 anos; o chamado Estado Moderno europeu-ocidental está “decaindo” há trezentos anos; os EUA decaem há uns 100 anos.

No entanto, os valores civilizatórios clássicos, que sustentaram todos esses elementos “decadentes” da história do ocidente, ressurgem sempre revigorados.
Marxistas quebraram a cara com o discurso historicista; nazistas também.

Os religiosos ortodoxos – em especial os islamitas – sunitas e xiitas, são igualmente perenes e nada, nada é mais historicista que a visão radical islamita de nossa estrutura civilizatória ocidental, cuja contribuição árabe (árabe, não islâmica) foi determinante.


Criança curda torturada por militantes do Estado Islâmico


Teocratas historicistas muçulmanos, judeus, católicos e protestantes sempre fizeram uso da literalidade dos livros sagrados, para queimar na fogueira ou no mármore do inferno aqueles que não viam na ortodoxia religiosa a salvação da humanidade.

Passada, porém, a onda da barbárie religiosa, a lição da história que sempre fica é que os livros sagrados permanecem, enquanto os radicais (e seu radicalismo), perecem.

Religião é pretexto para a violência



O Alcorão, assim como a Bíblia e a Torá, nunca foram escritos para serem tomados ao pé da letra e, sim, apreendidos e interpretados diariamente, a cada tempo, no seu tempo.

No quadro atual da barbárie muçulmana, os radicais de ocasião “restauraram” a literalidade do Alcorão. “Reescreveram” o livro sagrado e dele extraíram “ensinamentos” por meio de uma leitura maniqueísta, rasteira, medíocre e pouco inteligente (para não dizer estúpida).

A restauração da punição corporal por blasfêmia e apostasia é iniciativa imbecil de clérigos ortodoxos, cegos ignorantes que se recusam a fazer uso do raciocínio inteligente (com a qual fomos todos premiados por dádiva), para pensar além da letra…

Acenam os atuais radicais do mundo islâmico com o ensinamento do profeta:
“De fato, o castigo, para aqueles que ordenam guerra contra Alá (Deus) e contra o seu mensageiro e semeiam a corrupção na terra, é que sejam mortos, ou crucificados, ou lhes seja decepada a mão e o pé opostos, ou banidos. Que é para eles uma desonra nesse mundo; e para eles na Outra Vida, um grande castigo.” [Alcorão (5:33)]


Religião, cultura ou submissão sexista?

TODOS os livros sagrados citam literalmente passagens de ira, como a acima transcrita. Porém não contemplam, hoje, a blasfêmia, como punível com o martírio e a morte.

O próprio sentido da injúria ao divino se dilui no mundo atual, governado por organizações laicas, onde os ensinamentos religiosos remetem à conduta subjetiva e à consciência das pessoas, jamais para formas arcaicas de controle ideológico objetivo, político e social.

Maomé não reagiria hoje, como aliás nunca reagiu, com ira contra os que o desdenhavam. Não é pela ira, pelo terror, que se conquista corações e mentes do rebanho de Deus.
O terror é apanágio dos covardes, que temem a vitória da razão.
A verdadeira fé está, justamente, na razão.

Essa regressão repressiva à inteligência humana, em forma de doutrina, visa alinhar a religião a um projeto político terrorista de poder. Não busca pureza na alma dos miseráveis e, sim, iludi-los com a pregação de ódio e rancor…

Se assim é, o que ocorre entre os muçulmanos de bem, que não os faz lutarem pela vitória da razão?

De há muito os mais esclarecidos no mundo muçulmano (e no ocidente), denunciam esta manipulação cínica e hipócrita.

A crítica a esses desvios, no entanto, não ocorre na intensidade e nem na extensão desejada. Isto porque Estados dominados pela religião impedem o livre debate, da mesma forma que idiotas politicamente corretos evitam a crítica por verem nisso algum tipo de preconceito.

Essa simbiose entre teocracias e pusilanimidade politicamente correta resultou em cenários próximos dos tempos das cruzadas.

Nas regiões ocupadas por radicais islâmicos, hoje, cristãos são crucificados, degolados ou fuzilados, num exemplo de “limpeza religiosa”. Essa barbárie se estende a islamitas que não comungam com a mesma doutrina. Mulheres e crianças são vítimas de toda espécie de barbárie consentida, da pedofilia mal disfarçada em preceito religioso ao feminicídio serial; do estupro, tortura e sevícias à extirpação ordenada do clitóris e lábios genitais em adolescentes (infibulação).

No Afeganistão, Paquistão, Indonésia, Nigéria e Emirados, os convertidos ao cristianismo são mortos. Em Gaza, igrejas cristãs têm sido profanadas. A “civilizada” Arábia Saudita decretou a pena de morte para quem carregar uma Bíblia.

Nem adiantará não ser cristão. Quem não for muçulmano não será poupado. Se for muçulmano mas não comungar com a ortodoxia “da irmandade”, terá o mesmo fim. Mulheres que demonstram alguma inteligência ou independência e indivíduos homossexuais sofrerão martírios. Se for um judeu, será ainda pior.

O que fazer?

É hora de coragem, de denunciar nas democracias, a postura imbecil dita “politicamente correta”, que impede o exercício da crítica à doutrina hipócrita das ortodoxias religiosas.

Se quisermos combater a barbárie, teremos que ir fundo na investigação do olhar islamita sobre a democracia e a liberdade de expressão no mundo ocidental.

A história mostra que os regimes democráticos sempre agiram de forma pendular para superar crises – ou seja, às vezes é sim necessário restringir liberdades religiosas e até a plena liberdade religiosa, se a atividade em foco transcende os limites da Ordem Pública e do Estado Democrático de Direito para ferir direitos humanos.

A “operação mãos limpas” e, depois, a repressão aos excessos de juízes e procuradores na Itália; a “Guerra às Drogas” nos EUA e a complexa e progressiva correção de rumos nos anos 80 e 90; a própria guerra norte-americana ao terror, mostram essa ação pendular, justificada pelas circunstâncias.

Assim, se quisermos combater as raízes de toda essa barbárie, devemos assumir que:

É preciso por um fim aos Estados teocráticos!
É sim, necessário afirmar o laicismo dos estados democráticos!
É preciso forçar os contrários à convivência em um ambiente pluralista!
É sim, necessário reprimir usos e costumes que estejam em desacordo com a liberdade de expressão e os direitos humanos, principalmente aqueles que reduzem, degradam e diminuem a figura feminina.
É preciso abolir o uso de burcas e outras vestimentas em locais públicos jurisdicionados pela constituição laica e democrática – seja no ocidente, seja no oriente, porque não se trata de “costume religioso” e, sim, instrumento de submissão sexista.
É preciso abandonar o comportamento pusilâmine, baseado na conduta “politicamente correta”, cuja estultice permitiu a criação de “quarteirões muçulmanos” na Inglaterra, França e Alemanha – instituindo um apartheid com outras cores e gerando caldo de cultura que excretou imbecis de toda ordem, ainda adolescentes, em direção à militância no radicalismo islâmico.

O Brasil, que praticava o pluralismo, com todos os defeitos e qualidades, graças à adoção da hipocrisia politicamente correta, está abolindo sua natureza hospitaleira. Agora o governo brasileiro, em todas as esferas federativas, se submete aos preceitos ideocráticos de gente que faz do ódio instrumento de militância.

Os fatos sanguinários que hoje testemunhamos, deveriam bastar para que abandonássemos em definitivo o discurso da pusilanimidade “politicamente correta” e adotássemos o discurso afirmativo do respeito à democracia e ao pluralismo (que não se confunde com tolerar o intolerante).

Assim constava no texto da acusação contra os líderes nazistas no Tribunal Militar Internacional de Nuremberg:
“Estes homens, quando eram poderosos, não se baseavam em nenhum processo jurídico, e o seu programa ignorava e desafiava todas as leis humanas. Direito internacional, direito natural, direito pátrio, qualquer que fosse o direito, era, para eles, apenas um meio de propaganda sempre ignorado quando se opunha aos seus desígnios”.

Sabemos, portanto, o preço que já pagamos por tolerar intolerantes em nossa democracia ocidental.
Os muçulmanos são, sem dúvida, as maiores vítimas dessa falta de crítica. Serão, também, com certeza, os maiores beneficiários da separação entre “Alcorão” e “Constituição”.



*Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro da Comissão de Direito Ambiental do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e da Comissão Nacional de Direito Ambiental do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. Jornalista, é Editor- Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View 
 
 Fonte: www.ambientelegal.com.br

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