“E logo o
Espírito impeliu Jesus para o deserto. Aí esteve quarenta dias. Foi
tentado pelo demônio e esteve em companhia dos animais selvagens. E os anjos o
serviam.” (Mc 1,12-13)
Abaixo, uma reflexão bem curta mas muito atual do
padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola sobre o texto Mc 1, 12-15 (As
tentações de Jesus no deserto). Penso que este comentário pode ajudar muito a
quem quiser compreender melhor o texto bíblico em questão.
O texto foi publicado no site do Instituto
Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler.
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IHU - NOTÍCIAS
Sexta, 20 de fevereiro de 2015
Empurrados para o deserto
A leitura
que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos
1,12-15 que corresponde ao Primeiro Domingo de Quaresma, Ciclo B, do Ano
Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis
o texto
Marcos
apresenta a
cena de Jesus no deserto como um resumo da Sua vida. Assinalo
algumas pistas. Segundo o evangelista, “o Espírito empurra Jesus para o
deserto”. Não é uma iniciativa Sua. É o Espírito de Deus que o desloca até o
colocar no deserto: a vida de Jesus não vai ser um caminho de êxito fácil;
antes pelo contrário, esperam-No provações, insegurança e ameaças.
Mas o
“deserto” é, ao mesmo tempo, o
melhor lugar para escutar, em silêncio e solidão, a voz de Deus.
O lugar onde se tem de voltar em tempos de crise para abrir caminhos ao Senhor
no coração do povo. Assim se pensava na época de Jesus.
No
deserto, Jesus “é tentado por Satanás”. Nada se diz do conteúdo das tentações.
Só que provêm de “Satanás”,
o Adversário que procura a ruína do ser humano destruindo o plano de Deus. Já
não voltará a aparecer em todo o evangelho de Marcos. Jesus o
vê atuando em todos aqueles que o querem desviar da Sua missão, incluindo Pedro.
O breve
relato termina com duas imagens em forte contraste: Jesus “vive entre feras”, mas “os anjos servem-No”.
As “feras”, os seres mais violentos da criação, evocam os perigos que ameaçam
sempre Jesus e o Seu projeto. Os “anjos”, os melhores seres da criação, evocam
a proximidade de Deus que abençoa, cuida e defende Jesus e a Sua missão.
O
cristianismo está vivendo momentos difíceis. Seguindo os estudos sociológicos,
falamos de crise, secularização, rejeição por parte do mundo moderno... Mas
talvez, desde uma leitura de fé, temos de decidir algo mais: Não será Deus quem
nos está empurrando para este “deserto”? Não necessitaríamos de algo semelhante para nos libertarmos de
tanta vanglória, poder mundano, vaidade e falsos êxitos acumulados inconscientemente
durante tantos séculos? Nunca
teríamos elegido nós estes caminhos.
Esta
experiência de deserto, que irá crescendo nos próximos anos, é um tempo inesperado de graça e purificação que
temos de agradecer a Deus. Ele continuará a cuidar do Seu projeto. Apenas se
nos pede que recusemos com lucidez as tentações que nos podem desviar uma vez
mais da conversão a Jesus Cristo.
Fonte: IHU - Notícias
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