Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Empurrados para o deserto. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito boa!


 E logo o Espírito impeliu Jesus para o deserto. Aí esteve quarenta dias. Foi tentado pelo demônio e esteve em companhia dos animais selvagens. E os anjos o serviam.” (Mc  1,12-13)

Abaixo, uma reflexão bem curta mas muito atual do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola sobre o texto Mc 1, 12-15 (As tentações de Jesus no deserto). Penso que este comentário pode ajudar muito a quem quiser compreender melhor o texto bíblico em questão.

O texto foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU). 
Não deixe de ler.

WCejnog


IHU - NOTÍCIAS 
Sexta, 20 de fevereiro de 2015

Empurrados para o deserto

 

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 1,12-15 que corresponde ao Primeiro Domingo de Quaresma, Ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Marcos apresenta a cena de Jesus no deserto como um resumo da Sua vida. Assinalo algumas pistas. Segundo o evangelista, “o Espírito empurra Jesus para o deserto”. Não é uma iniciativa Sua. É o Espírito de Deus que o desloca até o colocar no deserto: a vida de Jesus não vai ser um caminho de êxito fácil; antes pelo contrário, esperam-No provações, insegurança e ameaças.

Mas o “deserto” é, ao mesmo tempo, o melhor lugar para escutar, em silêncio e solidão, a voz de Deus. O lugar onde se tem de voltar em tempos de crise para abrir caminhos ao Senhor no coração do povo. Assim se pensava na época de Jesus.

No deserto, Jesus “é tentado por Satanás”. Nada se diz do conteúdo das tentações. Só que provêm de  “Satanás”, o Adversário que procura a ruína do ser humano destruindo o plano de Deus. Já não voltará a aparecer em todo o evangelho de Marcos. Jesus o vê atuando em todos aqueles que o querem desviar da Sua missão, incluindo Pedro.

O breve relato termina com duas imagens em forte contraste: Jesus “vive entre feras”, mas “os anjos servem-No”. As “feras”, os seres mais violentos da criação, evocam os perigos que ameaçam sempre Jesus e o Seu projeto. Os “anjos”, os melhores seres da criação, evocam a proximidade de Deus que abençoa, cuida e defende Jesus e a Sua missão.

O cristianismo está vivendo momentos difíceis. Seguindo os estudos sociológicos, falamos de crise, secularização, rejeição por parte do mundo moderno... Mas talvez, desde uma leitura de fé, temos de decidir algo mais: Não será Deus quem nos está empurrando para este “deserto”?  Não necessitaríamos de algo semelhante para nos libertarmos de tanta vanglória, poder mundano, vaidade e falsos êxitos acumulados inconscientemente durante tantos séculos? Nunca teríamos elegido nós estes caminhos.

Esta experiência de deserto, que irá crescendo nos próximos anos, é um tempo inesperado de graça e purificação que temos de agradecer a Deus. Ele continuará a cuidar do Seu projeto. Apenas se nos pede que recusemos com lucidez as tentações que nos podem desviar uma vez mais da conversão a Jesus Cristo.
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário