"De manhã,
tendo-se levantado muito antes do amanhecer, Jesus saiu e foi para um lugar
deserto, e ali se pôs em oração.". (Mc 1, 35)
Abaixo, uma reflexão muito concreta e atual, que
tem como pano de fundo o texto Mc 1,29-39 (Jesus
retira-se para orar em um lugar deserto), do padre e teólogo espanhol
José Antonio Pagola. O texto foi publicado no site do Instituto Humanitas
Unisinos (IHU).
Não deixe de
ler!
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IHU - NOTÍCIAS
Sexta, 06 de fevereiro
de 2015
Retirar-se para orar
A leitura que a
Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos
1, 29-39 que corresponde ao 5º Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano
Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
No meio da intensa
atividade de profeta itinerante, Jesus cuidou sempre da Sua
comunicação com Deus no silêncio e na solidão. Os evangelhos conservaram a
recordação de um costume Seu que causou profunda impressão: Jesus costumava
retirar-se de noite a orar.
O episódio que narra
Marcos ajuda-nos a conhecer o que significava a oração para
Jesus. À véspera tinha sido uma jornada dura. Jesus «tinha curado muitos
doentes». O êxito tinha sido muito grande. Cafarnaum estava comocionada: «A
população inteira aglomerava-se» em torno de Jesus. Toda gente falava dele.
Essa mesma noite, «de
madrugada», entre as três e as seis da manhã, Jesus levanta-se e, sem avisar os
Seus discípulos, retira-se para um descampado. «Ali se pôs a orar». Necessitava
estar a sós com o Seu Pai. Não quer deixar-se aturdir pelo êxito. Só
procura a vontade do Pai: conhecer bem o caminho que tem de percorrer.
Surpreendidos pela Sua
ausência, Simão e os seus companheiros correm a procura-Lo. Não hesitam
em interromper o seu diálogo com Deus. Só querem retê-Lo: «Toda gente Te
procura». Mas Jesus não se deixa programar desde fora. Só pensa no projeto
do Seu Pai. Nada, nem ninguém o afastará do Seu caminho.
Não tem nenhum interesse
em ficar a desfrutar do Seu êxito em Cafarnaum. Não cederá ante o entusiasmo
popular. Há aldeias que, todavia, não escutaram a Boa Nova de Deus: «Vamos...
para predicar também ali».
Um dos rasgos mais
positivos no cristianismo contemporâneo é ver como se vai despertando a
necessidade de cuidar mais da comunicação com Deus, o silêncio e a meditação.
Os cristãos mais lúcidos e responsáveis querem arrastar à Igreja de hoje a
viver de forma mais contemplativa.
É urgente. Os cristãos,
em geral, já não sabem estar a sós com o Pai. Os teólogos, predicadores e
catequistas falamos muito de Deus, mas falamos pouco com Ele. O costume
de Jesus é esquecido há muito tempo. Nas paróquias fazem-se muitas reuniões de
trabalho, mas não sabemos retirar-nos para descansar na presença de Deus e
encher-nos da Sua paz.
Cada vez somos menos
para fazer mais coisas. O nosso risco é cair no ativismo, o desgaste e o vazio
interior. No entanto, o nosso problema não é ter muitos problemas, mas ter a
força espiritual necessária para enfrentá-los.
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