Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

quinta-feira, 17 de março de 2016

O que faz Deus em uma cruz? – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito atual!


Domingo de Ramos

Abaixo, uma pequena mas muito valiosa e atual reflexão para todos nós, os cristãos de hoje, cujo pano de fundo é o texto bíblico Lc 22,14 – 23, 56 (Paixão de Jesus Cristo).
O texto é de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola e foi publicado pelo autor no seu espaço no Facebook.
Não deixe de ler!

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O que faz Deus em uma cruz?
Por José Antônio pagola

De acordo com o relato evangélico, os que passavam perante Jesus crucificado sobre a colina do Gólgota escarneciam dele e, rindo da sua impotência, diziam: "se és filho de Deus, desce da cruz". Jesus não responde à provocação. Sua resposta é um silêncio carregado de mistério. Precisamente porque é filho de Deus permanecerá na cruz até a sua morte.

As perguntas são inevitáveis: como é possível acreditar em um Deus crucificado pelos homens? Damo-nos conta do que estamos dizendo? O que faz Deus em uma cruz? Como pode existir uma religião fundada em uma concepção tão absurda de Deus?

Um "Deus crucificado" constitui uma revolução e um escândalo que obriga-nos a questionar todas as ideias que nós, os humanos, fazemos de um Deus que supostamente conhecemos. O crucificado não tem o rosto nem os traços que as religiões atribuem ao ser supremo.

O "Deus crucificado" não é um ser todo-Poderoso e majestoso, imutável e feliz, alheio ao sofrimento dos humanos, mas sim um Deus impotente e humilhado que sofre conosco a dor, a angústia e até a própria morte. Com a cruz, ou acaba a nossa fé em Deus, ou nos abrimos a uma compreensão nova e surpreendente de um Deus que, em nosso sofrimento, ele nos ama de forma incrível. Perante o crucificado começamos a intuir que Deus, em seu último mistério, é alguém que sofre conosco. 
A nossa miséria lhe afeta. O nosso sofrimento lhe importa. Não existe um Deus cuja vida decorre, por assim dizer, à margem das nossas tristezas, lágrimas e desgraças. Ele está em todos os calvários do nosso mundo.

Este "Deus crucificado" não permite uma fé frívola e egoísta em um Deus onipotente ao serviço dos nossos caprichos e pretensões. Este Deus põe-nos a olhar para o sofrimento, o abandono e o desespero de tantas vítimas da injustiça e das desgraças. Com este Deus nos encontramos quando nos aproximamos do sofrimento de qualquer crucificado.

Nós, os cristãos, continuamos dando todo tipo de rodeios para não dar de cara com o "Deus crucificado". Aprendemos, inclusive, levantar o nosso olhar para a cruz do Senhor como conforto dos crucificados que estão diante dos nossos olhos. No entanto, a forma mais autêntica de celebrar a paixão do Senhor é reavivar a nossa compaixão. Sem isto, dilui-se a nossa fé no "Deus crucificado" e abre a porta a todo o tipo de manipulações. Que o nosso beijo ao crucificado nos ponha sempre olhando para aqueles que, perto ou longe de nós, vivem a sofrer.

Fonte: Facebook



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