Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 4 de março de 2016

O outro filho. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!


“Explicou-lhe o pai: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Convinha, porém, fazermos festa, pois este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado’”.  (Lc 15, 31-32)

Abaixo, uma pequena reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 15,1-3. 11-32 (O filho pródigo). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de  ler!
WCejnog


IHU - Notícias
Sexta, 04 de março de 2016

O outro filho

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus segundo Lucas 15, 1-3. 11-32, que corresponde ao 4° Domingo de Quaresma, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Sem dúvida, a parábola mais cativante de Jesus é a do “pai bom”, mal denominada de “parábola do filho pródigo”. Precisamente este “filho mais novo” atraiu sempre a atenção de comentadores e pregadores. O seu regresso ao lar e a acolhida incrível do pai comoveram todas as gerações cristãs.

No entanto, a parábola fala também do “filho mais velho”, um homem que permanece junto ao seu pai, sem imitar a vida desordenada do seu irmão, longe do lar. Quando o informam da festa organizada pelo seu pai para acolher o filho perdido, fica desconcertado. O retorno do irmão não lhe produz alegria, como ao seu pai, mas sim raiva: “ficou com raiva, e não queria entrar” na festa. Nunca tinha saído de casa, mas agora se sente como um estranho entre os seus.

O pai sai a convidá-lo com o mesmo carinho com que acolheu o seu irmão. Não lhe grita nem lhe dá ordens. Com amor humilde “insiste com ele” para que entre na festa de acolhimento. É então quando o filho explode deixando a descoberto todo o seu ressentimento. Passou toda a sua vida cumprindo as ordens do pai, mas não aprendeu a amar como ele ama. Agora só sabe exigir os seus direitos e denegrir o seu irmão.

Esta é a tragédia do filho mais velho. Nunca partiu de casa, mas seu coração esteve sempre afastado. Sabe cumprir mandamentos, mas não sabe amar. Não entende o amor do seu pai por aquele filho perdido. Ele não acolhe nem perdoa, não quer nada com o seu irmão. Jesus termina Sua parábola sem satisfazer a nossa curiosidade: entrou na festa ou ficou fora?

Envolvidos na crise religiosa da sociedade moderna, habituamo-nos a falar de crentes e de descrentes, de praticantes e de afastados, de matrimônios abençoados pela Igreja e de casais em situação irregular... Enquanto nós continuamos a classificar Seus filhos, Deus continua à espera de todos, pois não é propriedade dos bons nem dos praticantes. É Pai de todos.

O “filho mais velho” é uma interpelação para quem acredita viver junto Dele.
Que fazemos os que não abandonamos a igreja?

Assegurar a sobrevivência religiosa observando o melhor possível o que está prescrito, ou ser testemunhas do amor grande de Deus a todos Seus filhos e filhas?

Estamos construindo comunidades abertas que sabem compreender, acolher e acompanhar a quem procura Deus entre dúvidas e interrogações?

Levantamos barreiras ou estendemos pontes?


Oferecemos amizade ou olhamos com receio?



Nenhum comentário:

Postar um comentário