“Explicou-lhe o pai: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o
que é meu é teu. Convinha, porém, fazermos festa, pois este teu irmão
estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado’”. (Lc 15, 31-32)
Abaixo, uma pequena reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano
de fundo o texto bíblico Lc 15,1-3. 11-32
(O filho pródigo). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio
Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
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IHU
- Notícias
Sexta, 04 de março de
2016
O outro filho
A leitura que a Igreja
propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus segundo Lucas 15, 1-3. 11-32, que
corresponde ao 4° Domingo de Quaresma, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Sem dúvida, a
parábola mais cativante de Jesus é a do “pai bom”, mal denominada de
“parábola do filho pródigo”. Precisamente este “filho mais novo” atraiu sempre
a atenção de comentadores e pregadores. O seu regresso ao lar e a acolhida
incrível do pai comoveram todas as gerações cristãs.
No entanto, a parábola
fala também do “filho mais velho”, um homem que permanece junto ao seu
pai, sem imitar a vida desordenada do seu irmão, longe do lar. Quando o
informam da festa organizada pelo seu pai para acolher o filho perdido, fica
desconcertado. O retorno do irmão não lhe produz alegria, como ao seu pai, mas
sim raiva: “ficou com raiva, e não queria entrar” na festa. Nunca tinha saído
de casa, mas agora se sente como um estranho entre os seus.
O pai sai a convidá-lo
com o mesmo carinho com que acolheu o seu irmão. Não lhe grita nem lhe dá
ordens. Com amor humilde “insiste com ele” para que entre na festa de
acolhimento. É então quando o filho explode deixando a descoberto todo o seu
ressentimento. Passou toda a sua vida cumprindo as ordens do pai, mas não
aprendeu a amar como ele ama. Agora só sabe exigir os seus direitos e denegrir o
seu irmão.
Esta é a tragédia do
filho mais velho. Nunca partiu de casa, mas seu coração esteve sempre afastado.
Sabe cumprir mandamentos, mas não sabe amar. Não entende o amor do seu pai por
aquele filho perdido. Ele não acolhe nem perdoa, não quer nada com o seu irmão.
Jesus termina Sua parábola sem satisfazer a nossa curiosidade: entrou na festa
ou ficou fora?
Envolvidos na crise
religiosa da sociedade moderna, habituamo-nos a falar de crentes e de
descrentes, de praticantes e de afastados, de matrimônios abençoados pela
Igreja e de casais em situação irregular... Enquanto nós continuamos a
classificar Seus filhos, Deus continua à espera de todos, pois não é
propriedade dos bons nem dos praticantes. É Pai de todos.
O “filho mais velho” é
uma interpelação para quem acredita viver junto Dele.
Que fazemos os que não
abandonamos a igreja?
Assegurar a
sobrevivência religiosa observando o melhor possível o que está prescrito, ou
ser testemunhas do amor grande de Deus a todos Seus filhos e filhas?
Estamos construindo
comunidades abertas que sabem compreender, acolher e acompanhar a quem procura
Deus entre dúvidas e interrogações?
Levantamos barreiras ou
estendemos pontes?
Oferecemos amizade ou
olhamos com receio?
Fonte: IHU - Notícias
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