O comentário que trago
hoje para o blog Indagações, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é
muito atual para os dias de hoje. Tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 10,25-37 (Parábola do Bom Samaritano).
Foi
publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale
a pena ler e refletir.
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IHU
- Notícias
Sexta, 08 de julho de
2016
Faça
o mesmo
A leitura
que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lucas 10,25-37 que
corresponde ào 15° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O
teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Para não
sair mal de uma conversa com Jesus, um mestre da lei lhe perguntou: «E
quem é o meu próximo?». É a pergunta de quem só se preocupa em cumprir
a lei. Interessa-lhe saber a quem deve amar e a quem pode excluir do seu amor.
Não pensa nos sofrimentos das pessoas.
Jesus, que
vive aliviando o sofrimento de quem encontra no seu caminho, quebrando se faz
falta a lei do sábado ou as normas de pureza, responde-lhe com um relato que denuncia
de forma provocadora todo o legalismo religioso que ignore o amor ao
necessitado.
No caminho
que baixa de Jerusalém a Jericó, um homem foi assaltado por bandidos. Agredido
e despojado de tudo, fica na valeta meio morto, abandonado à sua sorte. Não
sabemos quem é, apenas que é um «homem». Poderia ser qualquer um de nós.
Qualquer ser humano abatido pela violência, a doença, a desgraça ou o
desespero.
«Por
casualidade» aparece pelo caminho um sacerdote. O texto indica que é
por acaso, como se nada tivesse que ver estar ali um homem dedicado ao culto. O
seu não é baixar até os feridos que estão nas valas. O seu lugar é no templo. A
sua ocupação, as celebrações sagradas. Quando chega ao local do ferido, «vê-o,
dá uma volta e passa ao lado».
A sua falta
de compaixão não é só uma reação pessoal, pois também um levita do templo que
passa junto ao ferido «faz o mesmo». É mais uma atitude e um perigo que
espreita a quem se dedica ao mundo do sagrado: viver longe do mundo
real onde as pessoas lutam, trabalham e sofrem.
Quando a
religião não está centrada num Deus, Amigo da vida, e Pai dos que sofrem, o
culto sagrado pode converter-se numa experiência que distancia da vida profana,
preserva do contato direto com o sofrimento das pessoas e nos faz caminhar sem
reagir ante os feridos que vemos nas valas. Segundo Jesus, não são os homens do
culto os que melhor nos podem indicar como temos de tratar aos que sofrem, mas
as pessoas que têm coração.
Pelo caminho
chega um samaritano. Não vem do templo. Não pertence sequer ao povo
eleito de Israel. Vive dedicado a algo tão pouco sagrado como o seu pequeno
negócio de comerciante. Mas, quando vê o ferido, não se pergunta se é próximo
ou não. Comove-se e faz por ele tudo o que pode. É a este que temos de imitar.
Assim diz Jesus ao legalista: «Vai e faz tu o mesmo». A quem imitaremos ao
encontrarmos no nosso caminho com as vítimas mais golpeadas pela crise
econômica dos nossos dias?
Fonte: IHU - Notícias
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