Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Desmascar a insensatez. – Reflexão de José Antônio Pagola. Muito atual!



«Deus, porém, lhe disse: ‘Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma. E as coisas, que ajuntaste, de quem serão?’ Assim acontece ao homem que entesoura para si mesmo e não é rico para Deus.» (Lc 12, 20-21)

Abaixo, uma boa reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 12, 13-21 (Parábola do rico insensato e avarento). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de  ler!

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IHU – Notícias
Sexta, 29 de julho de 2016

Desmascarar a insensatez

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus segundo  Lc 12, 13-21  que corresponde ao 18° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

O protagonista da pequena parábola do «rico insensato» é um proprietário de terras como aqueles que Jesus conheceu na Galileia. Homens poderosos que exploravam sem piedade os camponeses, pensando só em aumentar o seu bem-estar. As pessoas temiam-lhes e invejavam-lhes: sem dúvida eram os mais afortunados. Para Jesus, são os mais insensatos.

Surpreendido por uma colheita que ultrapassa as suas expectativas, o rico proprietário vê-se obrigado a refletir: “O que vou fazer?”. Fala com ele mesmo. No seu horizonte não aparece ninguém mais. Não parece ter esposa, filhos, amigos nem vizinhos. Não pensa nos camponeses que trabalham as suas terras. Só o preocupa o seu própio bem-estar e a sua riqueza: a minha colheita, os meus celeiros, os meus bens, a minha vida...

O rico não se dá conta de que vive encerrado em si mesmo, prisioneiro de uma lógica que o desumaniza esvaziando-o de toda a dignidade. Só vive para acumular, armazenar e aumentar o seu bem-estar material: “Vou construir celeiros maiores, e neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens”. “Então poderei dizer a mim mesmo: meu caro, você possui um bom estoque, uma boa reserva para muitos anos; descansa, como e beba, alegre-se”.

De repente, de forma inesperada, Jesus faz Deus intervir. O seu grito interrompe os sonhos e ilusões do rico: «Louco!». «Nesta mesma noite vai ter que devolver a sua vida. E as coisas que você preparou para quem serão?». Esta é a sentença de Deus: a vida deste rico é um fracasso e uma insensatez.

Aumenta os seus celeiros, mas não sabe engrandecer o horizonte da sua vida. Acrescenta a sua riqueza, mas despreza e empobrece a sua vida.  Acumula bens, mas não conhece a amizade, o amor generoso, a alegria nem a solidariedade. Não sabe dar nem partilhar, só acumular. Que há de humano nesta vida?

A crise econômica que estamos sofrendo é uma «crise de ambição»: os países ricos, os grandes bancos, os poderosos da terra... Escolhemos viver acima das nossas possibilidades, sonhando com acumular bem-estar sem limite algum e esquecendo cada vez mais os que se afundam na pobreza e na fome. Mas, de repente, a nossa segurança veio abaixo.

Esta crise não é uma mais. É um «sinal dos tempos» que temos de ler à luz do evangelho. Não é difícil escutar a voz de Deus no fundo das nossas consciências: «Basta já de tanta insensatez e tanta falta de solidariedade cruel». Nunca superaremos as nossas crises econômicas sem lutar por uma mudança profunda do nosso estilo de vida: temos que viver de forma mais austera; temos de partilhar mais o nosso bem-estar.



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