“E eu vos digo: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis;
batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo aquele que pede, recebe; aquele que procura,
acha; e ao que bater, se lhe abrirá.”
(Lc 11,9-10)
Abaixo, uma bonita reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano
de fundo o texto bíblico Lc 11,1-13 (Jesus
ensina os seus discípulos). É de
autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
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IHU - Notícias
Sexta, 22 de julho de
2016
Reaprender a confiança
A leitura que a Igreja
propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lucas 11,1-13 que corresponde
ao 17° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico.
O teólogo espanhol José
Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Lucas e Mateus recolheram
nos seus respectivos evangelhos algumas palavras de Jesus que, sem dúvida,
ficaram muito gravadas nos seus seguidores mais próximos. É fácil que as tenha
pronunciado enquanto se deslocava com seus discípulos pelas aldeias da
Galileia, pedindo algo de comer, procurando acolhimento ou chamando à porta dos
vizinhos.
Provavelmente, nem
sempre recebem a resposta desejada, mas Jesus não desalenta. Sua confiança no
Pai é absoluta. Seus seguidores devem aprender a confiar como Ele: «Digo-vos: pedi
e será dado, buscai e achareis, chamai e se vos abrirá». Jesus sabe o que
está a dizer, pois sua experiência é esta: «quem pede recebe, quem procura
encontra, e ao que chama se lhe abre».
Se algo tem que
reaprender de Jesus nestes tempos de crise e desconcerto na sua Igreja é a confiança.
Não como uma atitude ingênua de quem se tranquiliza esperando tempos melhores.
Menos ainda como uma postura passiva e irresponsável, mas como o comportamento
mais evangélico e profético de seguir hoje a Jesus, o Cristo. De fato, apesar
dos Seus três convites apontarem para a mesma atitude básica de confiança em
Deus, a Sua linguagem sugere diversos matizes.
«Pedir» é a
atitude própria do pobre que necessita receber de outro o que não pode
conseguir com o seu próprio esforço. Assim imaginava Jesus seus seguidores:
como homens e mulheres pobres, conscientes da sua fragilidade e indigência, sem
rastro algum de orgulho ou autossuficiência. Não é uma desgraça viver numa
Igreja pobre, débil e privada de poder. O deplorável é pretender seguir hoje a
Jesus pedindo ao mundo uma proteção que só nos pode vir do Pai.
«Procurar» não é
só pedir. É, além disso, mover-se, dar passos para alcançar algo que se nos
oculta porque está encoberto ou escondido. Assim vê Jesus os Seus seguidores:
como «procurando o reino de Deus e sua justiça». É normal viver hoje numa
Igreja desconcertada diante um futuro incerto. O estranho é não nos
mobilizarmos para procurar juntos caminhos novos para semear o Evangelho na
cultura moderna.
«Chamar» é gritar
a alguém que não sentimos perto, mas acreditamos que nos pode escutar e
atender. Assim gritava Jesus ao Pai na solidão da cruz. É explicável que se
obscureça hoje a fé de não poucos cristãos que aprenderam a dizê-la, celebrá-la
e vivê-la numa cultura pré-moderna. O lamentável é que não nos esforcemos mais
por aprender a seguir hoje Jesus gritando a Deus desde as contradições,
conflitos e interrogações do mundo atual.
Fonte: IHU - Notícias
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