Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Reaprender a confiança. - Reflexão de José Antonio Pagtola. Excelente!



“E eu vos digo: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo aquele que pede, recebe; aquele que procura, acha; e ao que bater, se lhe abrirá.”  (Lc 11,9-10)

Abaixo, uma bonita reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 11,1-13 (Jesus ensina os seus discípulos).  É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de  ler!
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IHU - Notícias
Sexta, 22 de julho de 2016

Reaprender a confiança

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lucas 11,1-13 que corresponde ao 17° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico.
O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Lucas e Mateus recolheram nos seus respectivos evangelhos algumas palavras de Jesus que, sem dúvida, ficaram muito gravadas nos seus seguidores mais próximos. É fácil que as tenha pronunciado enquanto se deslocava com seus discípulos pelas aldeias da Galileia, pedindo algo de comer, procurando acolhimento ou chamando à porta dos vizinhos.

Provavelmente, nem sempre recebem a resposta desejada, mas Jesus não desalenta. Sua confiança no Pai é absoluta. Seus seguidores devem aprender a confiar como Ele: «Digo-vos: pedi e será dado, buscai e achareis, chamai e se vos abrirá». Jesus sabe o que está a dizer, pois sua experiência é esta: «quem pede recebe, quem procura encontra, e ao que chama se lhe abre».

Se algo tem que reaprender de Jesus nestes tempos de crise e desconcerto na sua Igreja é a confiança. Não como uma atitude ingênua de quem se tranquiliza esperando tempos melhores. Menos ainda como uma postura passiva e irresponsável, mas como o comportamento mais evangélico e profético de seguir hoje a Jesus, o Cristo. De fato, apesar dos Seus três convites apontarem para a mesma atitude básica de confiança em Deus, a Sua linguagem sugere diversos matizes.

«Pedir» é a atitude própria do pobre que necessita receber de outro o que não pode conseguir com o seu próprio esforço. Assim imaginava Jesus seus seguidores: como homens e mulheres pobres, conscientes da sua fragilidade e indigência, sem rastro algum de orgulho ou autossuficiência. Não é uma desgraça viver numa Igreja pobre, débil e privada de poder. O deplorável é pretender seguir hoje a Jesus pedindo ao mundo uma proteção que só nos pode vir do Pai.

«Procurar» não é só pedir. É, além disso, mover-se, dar passos para alcançar algo que se nos oculta porque está encoberto ou escondido. Assim vê Jesus os Seus seguidores: como «procurando o reino de Deus e sua justiça». É normal viver hoje numa Igreja desconcertada diante um futuro incerto. O estranho é não nos mobilizarmos para procurar juntos caminhos novos para semear o Evangelho na cultura moderna.


«Chamar» é gritar a alguém que não sentimos perto, mas acreditamos que nos pode escutar e atender. Assim gritava Jesus ao Pai na solidão da cruz. É explicável que se obscureça hoje a fé de não poucos cristãos que aprenderam a dizê-la, celebrá-la e vivê-la numa cultura pré-moderna. O lamentável é que não nos esforcemos mais por aprender a seguir hoje Jesus gritando a Deus desde as contradições, conflitos e interrogações do mundo atual.


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