‘Disse-lhes: Grande é a messe, mas
poucos são os operários. Rogai ao Senhor da messe que mande operários para a
sua messe. Ide; eis que vos envio como cordeiros entre lobos. Não leveis
bolsa nem mochila, nem calçado e a ninguém saudeis pelo caminho. Em toda
casa em que entrardes, dizei primeiro: Paz a esta casa! Se ali houver
algum homem pacífico, repousará sobre ele a vossa paz; mas, se não houver, ela
tornará para vós. Permanecei na mesma casa, comei e bebei do que eles
tiverem, pois o operário é digno do seu salário. Não andeis de casa em casa. Em
qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei o que se vos servir. Curai os
enfermos que nela houver e dizei-lhes: O Reino de Deus está próximo. Mas
se entrardes nalguma cidade e não vos receberem, saindo pelas suas praças,
dizei: Até o pó que se nos pegou da vossa cidade, sacudimos contra vós;
sabei, contudo, que o Reino de Deus está próximo. (Lc 10, 2-11)
O comentário que trago hoje para o blog
Indagações, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito
interessante e, sobretudo, bem atual. Tem como pano de fundo o texto bíblico Lucas
10,1-12.17.20 (Jesus
envia os discípulos para anunciarem o reino de Deus).
Foi
publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não
deixe de ler.
WCejnog
IHU – Notícias
sexta, 01 de julho de 2016
Portadores do evangelho
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus segundo Lucas 10,1-12.17.20 que corresponde
ao 14° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol
José Antonio Pagola comenta o texto.
No Brasil celebra-se a Solenidade de Pedro
e Paulo.
Eis o texto
Lucas recolhe no seu evangelho um
importante discurso de Jesus, dirigido não aos Doze mas a outro grupo
numeroso de discípulos aos quais envia para que colaborem com Ele no seu
projeto do reino de Deus. As palavras de Jesus constituem uma espécie de carta
fundacional onde os seus seguidores devem alimentar-se na sua missão
evangelizadora. Realço algumas linhas mestras.
«Ponham-se a caminho»
Mesmo que o esqueçamos, duma e outra vez, a
Igreja está marcada pelo envio de Jesus. Por isso é perigoso concebe-la
como uma instituição fundada para cuidar e desenvolver sua própria religião. A
imagem de um movimento profético que caminha pela história segundo a lógica do
envio responde melhor ao desejo original de Jesus: sair de si mesmo, pensando
nos outros, servindo ao mundo a Boa Nova de Deus. «A Igreja não está aí para si
mesma, mas para a humanidade» (Bento XVI).
Por isso, hoje, é tão perigosa a tentação de nos
voltarmos sobre os nossos próprios interesses, o nosso passado, as nossas
aquisições doutrinais, as nossas práticas e costumes. Mais ainda, todavia, se o
fazemos endurecendo a nossa relação com o mundo. Que é uma Igreja
rígida, anquilosada, encerrada em si mesma, sem profetas de Jesus nem
portadores do Evangelho?
“Quando entrarem numa cidade... curem os doentes
que nela houver e digam ao povo: ‘O Reino de Deus está próximo de vocês!”
Esta é a grande notícia: Deus está próximo de nós
animando-nos a fazer mais humana a nossa vida. Mas não basta afirmar uma
verdade para que seja atrativa e desejável. É necessário rever a nossa atuação:
que é que pode levar hoje as pessoas até ao Evangelho? Como podem
captar Deus como algo novo e bom?
Seguramente, falta-nos amor ao mundo atual e não
sabemos chegar ao coração do homem e da mulher de hoje. Não basta
predicar sermões desde o altar.
Temos que aprender a escutar mais,
acolher, curar a vida dos que sofrem... só assim encontraremos palavras
humildes e boas que aproximem esse Jesus cuja ternura insondável nos coloca em
contato com Deus, o Pai Bom de todos.
«Quando entrarem numa casa, dizei primeiro: Paz a
esta casa»
A Boa Nova de Jesus comunica-se com respeito total,
desde uma atitude amistosa e fraterna, contagiando paz. É um erro pretender
impor a partir da superioridade, da ameaça ou o ressentimento. É
anti-evangélico tratar sem amor as pessoas só porque não aceitam a nossa
mensagem. Mas, como o aceitarão se não se sentem compreendidos por aqueles que
se apresentam em nome de Jesus?
Fonte: IHU - Notícias
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