“Então o Rei lhes responderá: <Em verdade eu
vos digo, que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos,
foi a mim que o fizestes!>". (Mt 25,40)
A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania,
do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito concreta e atual. Tem como pano de fundo o texto
bíblico Mt 25, 31-46 (Jesus fala do “Juizo final”).
Foi
publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale
a pena ler e refletir!
WCejnog
IHU – ADITAL
24 de Novembro 2017.
O decisivo
A leitura que a Igreja propõe neste
domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 25,31-46 que
corresponde a Solenidade de Jesucristo Rei do Universo, ciclo A do
Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o
texto.
Eis o
texto
O relato não é propriamente uma
parábola, mas uma evocação do juízo final de todos os povos. Toda a
cena se concentra num diálogo longo entre o juiz, que não é outro que Jesus
ressuscitado, e dois grupos de pessoas: os que aliviaram o sofrimento dos mais
necessitados e os que viveram negando-lhes a sua ajuda.
Ao longo dos séculos, os cristãos
viram neste diálogo fascinante «a melhor recapitulação do Evangelho», «o
elogio absoluto do amor solidário» ou «a advertência mais grave a quem
vive refugiado falsamente na religião». Vamos assinalar as afirmações básicas.
Todos os homens e mulheres, sem
exceção, serão julgados pelo mesmo critério. O que dá um valor imperecível à
vida não é a condição social, o talento pessoal ou o êxito realizado ao longo
dos anos. O decisivo é o amor prático e solidário aos necessitados de
ajuda.
Este amor traduz-se em atos muito
concretos. Por
exemplo, «dar de comer», «dar de beber», «acolher
o imigrante», «vestir os nus», «visitar os doentes ou os presos». O decisivo
ante Deus não são as ações religiosas, mas estes gestos humanos de ajuda aos
necessitados. Podem brotar de uma pessoa
crente ou do coração de um agnóstico que pensa nas pessoas que sofrem.
O grupo dos que ajudaram os
necessitados que foram encontrando no seu caminho não o fez por motivos
religiosos. Não pensou em Deus nem em Jesus Cristo. Simplesmente procurou
aliviar um pouco o sofrimento que há no mundo. Agora, convidados por Jesus,
entram no reino de Deus como «benditos do Pai».
Por que é tão decisivo ajudar os
necessitados e tão condenável negar-lhes a ajuda? Porque, segundo revela o
juiz, o que se faz ou se deixa de fazer a eles está-se a fazer ao mesmo Deus
encarnado em Cristo. Quando abandonamos um necessitado, estamos a
abandonar Deus. Quando aliviamos o seu sofrimento, estamos fazendo-o com Deus.
Esta surpreendente mensagem
coloca-nos a todos olhando para os que sofrem.
Não há religião verdadeira, não há
política progressista, não há proclamação responsável dos direitos humanos se
não é defendendo os mais necessitados, aliviando o seu sofrimento e restaurando
a sua dignidade.
Em cada pessoa que sofre, Jesus sai
ao nosso encontro, olha-nos, interroga-nos e interpela-nos. Nada nos aproxima
mais Dele que aprender a olhar demoradamente o rosto dos que sofrem com
compaixão. Em nenhum lugar poderemos reconhecer com mais verdade o
rosto de Jesus.
Oração
O bem estar da aparência
Ai daqueles
que saboreiam o doce do açúcar em
pratos refinados
mas não têm paladar para a amargura do haitiano que corta a cana;
mas não têm paladar para a amargura do haitiano que corta a cana;
que olham a beleza nas fachadas dos
grandes edifícios
mas não ouvem nas pedras o grito dos operários mal pagos
mas não ouvem nas pedras o grito dos operários mal pagos
que passeiam em carros de luxo pelas
novas avenidas,
mas não têm memória para as famílias desalojadas como escombros
mas não têm memória para as famílias desalojadas como escombros
que exibem roupa elegante em corpos
bem cuidados
mas não se preocupam com as mãos que colhem o algodão;
mas não se preocupam com as mãos que colhem o algodão;
porque deixam resvalar sobre a vida
seu olhar de turistas
e não contemplam por trás das fachadas com olhos de profeta!
e não contemplam por trás das fachadas com olhos de profeta!
Ai daqueles
que só vêem no pobre uma mão que
mendiga
e não uma dignidade indestrutível que busca a justiça;
e não uma dignidade indestrutível que busca a justiça;
que só vêem nas numerosas crianças
marginalizadas uma praga
e não uma esperança para todos que há que cultivar;
e não uma esperança para todos que há que cultivar;
que só escutam nos gritos dos pobres
caos e perigos
e não ouvem o protesto de Deus contra os fortes;
e não ouvem o protesto de Deus contra os fortes;
que só contemplam o sadio, belo e
poderoso
e não esperam salvação desde o mais baixo e humilhado,
e não esperam salvação desde o mais baixo e humilhado,
porque não poderão contemplar a
salvação
que brota em Jesus marginalizado desde baixo!
que brota em Jesus marginalizado desde baixo!
(Benjamin González Buelta)
Esta
oração faz parte do Cometário de Ana Maria Casarotti Seremos julgados pelo amor. Para acessar clique aqui.