Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

“O decisivo”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!



Então o Rei lhes responderá: <Em verdade eu vos digo, que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!>".  (Mt 25,40)

A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito concreta e atual. Tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 25, 31-46 (Jesus fala do “Juizo final”).
Foi publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler e refletir!
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IHU – ADITAL
24 de Novembro 2017.

O decisivo

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 25,31-46 que corresponde a Solenidade de Jesucristo Rei do Universo, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

O relato não é propriamente uma parábola, mas uma evocação do juízo final de todos os povos. Toda a cena se concentra num diálogo longo entre o juiz, que não é outro que Jesus ressuscitado, e dois grupos de pessoas: os que aliviaram o sofrimento dos mais necessitados e os que viveram negando-lhes a sua ajuda.

Ao longo dos séculos, os cristãos viram neste diálogo fascinante «a melhor recapitulação do Evangelho», «o elogio absoluto do amor solidário» ou «a advertência mais grave a quem vive refugiado falsamente na religião». Vamos assinalar as afirmações básicas.

Todos os homens e mulheres, sem exceção, serão julgados pelo mesmo critério. O que dá um valor imperecível à vida não é a condição social, o talento pessoal ou o êxito realizado ao longo dos anos. O decisivo é o amor prático e solidário aos necessitados de ajuda.

Este amor traduz-se em atos muito concretos. Por exemplo, «dar de comer», «dar de beber», «acolher o imigrante», «vestir os nus», «visitar os doentes ou os presos». O decisivo ante Deus não são as ações religiosas, mas estes gestos humanos de ajuda aos necessitados. Podem  brotar de uma pessoa crente ou do coração de um agnóstico que pensa nas pessoas que sofrem.

O grupo dos que ajudaram os necessitados que foram encontrando no seu caminho não o fez por motivos religiosos. Não pensou em Deus nem em Jesus Cristo. Simplesmente procurou aliviar um pouco o sofrimento que há no mundo. Agora, convidados por Jesus, entram no reino de Deus como «benditos do Pai».

Por que é tão decisivo ajudar os necessitados e tão condenável negar-lhes a ajuda? Porque, segundo revela o juiz, o que se faz ou se deixa de fazer a eles está-se a fazer ao mesmo Deus encarnado em Cristo. Quando abandonamos um necessitado, estamos a abandonar Deus. Quando aliviamos o seu sofrimento, estamos fazendo-o com Deus.

Esta surpreendente mensagem coloca-nos a todos olhando para os que sofrem. Não há religião verdadeira, não há política progressista, não há proclamação responsável dos direitos humanos se não é defendendo os mais necessitados, aliviando o seu sofrimento e restaurando a sua dignidade.

Em cada pessoa que sofre, Jesus sai ao nosso encontro, olha-nos, interroga-nos e interpela-nos. Nada nos aproxima mais Dele que aprender a olhar demoradamente o rosto dos que sofrem com compaixão. Em nenhum lugar poderemos reconhecer com mais verdade o rosto de Jesus.




Oração

O bem estar da aparência

Ai daqueles
que saboreiam o doce do açúcar em pratos refinados
mas não têm paladar para a amargura do haitiano que corta a cana;
que olham a beleza nas fachadas dos grandes edifícios
mas não ouvem nas pedras o grito dos operários mal pagos
que passeiam em carros de luxo pelas novas avenidas,
mas não têm memória para as famílias desalojadas como escombros
que exibem roupa elegante em corpos bem cuidados
mas não se preocupam com as mãos que colhem o algodão;
porque deixam resvalar sobre a vida seu olhar de turistas
e não contemplam por trás das fachadas com olhos de profeta!

Ai daqueles
que só vêem no pobre uma mão que mendiga
e não uma dignidade indestrutível que busca a justiça;
que só vêem nas numerosas crianças marginalizadas uma praga
e não uma esperança para todos que há que cultivar;
que só escutam nos gritos dos pobres caos e perigos
e não ouvem o protesto de Deus contra os fortes;
que só contemplam o sadio, belo e poderoso
e não esperam salvação desde o mais baixo e humilhado,
porque não poderão contemplar a salvação
que brota em Jesus marginalizado desde baixo!

(Benjamin González Buelta)

Esta oração faz parte do Cometário de Ana Maria Casarotti Seremos julgados pelo amor. Para acessar clique  aqui.


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