Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Um tempo de esperança. – Comentário de Ana Maria Casarotti. Muito bom!



“O que eu digo a vocês, digo a todos: <Fiquem vigiando>.” (Mc 13,37)


Hoje, para quem estiver interessado em entender melhor o texto bíblico Marcos 13, 33-37 (Jesus fala da necessidade de vigiar), trago para o blog Indagações-Zapytania duas reflexões.

A primeira é “Uma Igreja desperta”, do padre e teólogo José Antonio Pagola, que já foi publicada também neste espaço (em Novembro de 2014) e pode ser lida acessando o link: Uma Igreja desperta.

E a outra, Um tempo de esperança,  segue abaixo. É de autoria de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado. O texto foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos.

Vale a pena ler e refletir!
WCejnóg


IHU –ADITAL
01 Dezembro 2017.

Leitura do Evangelho segundo Marcos 13, 33-37. (Correspondente ao Primeiro Domingo do Advento, ciclo B do Ano Litúrgico).

O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.

Um tempo de esperança

No domingo passado celebramos a Solenidade de Cristo Rei com a leitura do capítulo 25 do Evangelho de Mateus. Nele Jesus ensina-nos que ele está presente em cada gesto de amor, de ternura, de compaixão que temos com os irmãos: “eu estava com fome, e vocês me deram de comer; eu estava com sede, e me deram de beber; eu era estrangeiro, e me receberam em sua casa; eu estava sem roupa, e me vestiram; eu estava doente, e cuidaram de mim; eu estava na prisão, e vocês foram me visitar’. Somos chamados a realizar o bem aos nossos irmãos.

Hoje iniciamos um novo ano litúrgico. Cada ano litúrgico começa com o Advento - palavra que significa "vinda, chegada", a chegada de Jesus Messias na festa de Natal que é a comemoração de seu nascimento. É um tempo de preparação para o encontro do Senhor, Aquele que sempre vem...

Nos diferentes momentos do Ano litúrgico, participamos da vida de Jesus junto com os discípulos e discípulas. Hoje podemos perguntar-nos por que neste momento a Igreja coloca este texto para ler e aprofundar?

Devemos aqui deter-nos, a fim de entendermos um pouco melhor o significado das diferentes vindas de Cristo. -  No Natal celebramos a Vinda de Jesus que “se fez homem e habitou entre nós”. Ele é o Filho de Deus, enviado pelo Pai, que veio até nós em Jesus de Nazaré, nascido de uma mulher, Maria, a fim de que por ele e nele recebêssemos a adoção filial (cf Gl 4,4).

Nas primeiras semanas do Advento, Jesus prepara-nos para viver sempre na sua presença e por isso ensina-nos as atitudes necessárias.

No primeiro século os cristãos aguardavam com muita ansiedade a Vinda do Senhor. Consideravam que seria no imediato e não entendiam por que não acontecia. Qual era o motivo da sua demora? No decorrer dos anos eles irão compreendendo que sua Vinda não é imediata. Junto com a criação, todos aguardamos ansiosos a revelação dos filhos de Deus (Rm 8,19).

A leitura de hoje convida-nos a viver numa atitude de vigilância, de espera, descobrindo sua presença no meio de nós nas diferentes formas que ele se faz presente. Para isso é preciso viver numa atitude desperta, não se deixar enganar com a tentativa do sono, da distração. Pelo contrário, Jesus continuamente fala da necessidade de estar atentos, de vigiar e viver alerta.

É necessário sair do sono dos costumes quotidianos e permanecer vigilantes. Às vezes, a desesperança começa a fazer parte de nossa vida lentamente, quase sem que o percebamos. Aos poucos deixamos de lembrar o objetivo inicial, e o sono do imediato, das atividades ordinárias, apaga nossa alegria, entusiasmo, criatividade ou os desejos mais profundos que habitam no nosso interior, nas nossas famílias ou comunidades.

Convida-nos a viver de olhos abertos e ouvidos atentos para descobrir a passagem de Jesus no meio de nós: “Não fiquem dormindo”, “ficar vigiando”, “vigiem”, “Fiquem vigiando”.

Jesus é Aquele que vem continuamente. Sua vinda representa, para cada um de nós, uma realidade atual: Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo (Ap 3, 10).

Em muitas oportunidades o desânimo toma parte de nossa vida e de nossas culturas, seja no nível religioso, cultural, social ou político. Jesus justamente está nos convidando aviver com esperança e com entusiasmo o tempo presente sem deixar-nos abater pelo desânimo.

esperança naquilo que é desejado e ainda não se conhece, como por exemplo, o nascimento de uma criança, e acompanhado do desejo ansioso de que aconteça, mas também incerteza, inquietude.

No Advento somos convidados a reavivar nossa esperança, que nossos ideais ressurjam. Deus faz aliança conosco. Somos os seus parceiros. Por isso no tempo da chegada de Deus até nós, colaboramos com ele para realizar a nossa parte da aliança: justiça social, pão e direitos para todos; transformar as estruturas injustas de nossa sociedade; endireitar as relações com os nossos semelhantes, empenhar a nossa vida por nos tornarmos mutuamente irmãos de verdade, felizes, consolados, amparados ...

Estou  realmente à espera da visita do Senhor? Como imagino que ela será? Que sentimentos desperta em meu coração a promessa de sua vinda?

Atendamos, pois, ao convite de Deus e da Igreja, renovando neste Advento a nossa esperança. A esperança cristã é ativa, em movimento. À espera do Deus que vem, suplicamos ansiosos a sua vinda - Venha a nós o vosso Reino! – colocando-nos à disposição, para que, através de nós, o sonho que é seu e que fazemos nosso, finalmente aconteça!

Oração

Espera

Esperarei que cresça
a árvore,
e me dê sombra.
mas abonarei a espera
com minhas folhas secas.

Esperarei que brote
o manancial
e me dê água.
mas limparei meu leito
de memórias enlameadas.

Esperarei que surja
a aurora,
e me ilumine.
mas sacudirei minha noite
de prostrações e sudários.

Esperarei que chegue
o que não sei,
e me surpreenda.
mas esvaziarei minha casa
de tudo que é esclerosado.
E ao abonar a árvore,
limpar o leito,
sacudir a noite,
e esvaziar a casa,
a terra e o lamento
se abrirão à esperança.


(Benjamin González Buelta)




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