“O que eu digo a vocês,
digo a todos: <Fiquem vigiando>.” (Mc 13,37)
Hoje, para quem estiver
interessado em entender melhor o texto bíblico Marcos 13,
33-37 (Jesus fala da
necessidade de vigiar), trago para o blog Indagações-Zapytania duas reflexões.
A primeira é “Uma
Igreja desperta”, do padre e teólogo José Antonio Pagola, que já foi
publicada também neste espaço (em Novembro de 2014) e pode ser lida acessando o
link: Uma Igreja desperta.
E a outra, Um tempo de esperança, segue abaixo. É de autoria de Ana Maria Casarotti,
Missionária de Cristo Ressuscitado. O texto foi publicado no site do Instituto
Humanitas Unisinos.
Vale a pena ler e
refletir!
WCejnóg
IHU –ADITAL
01 Dezembro 2017.
Leitura do Evangelho segundo Marcos 13,
33-37. (Correspondente ao
Primeiro Domingo do Advento, ciclo B do Ano Litúrgico).
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
Um tempo de esperança
No domingo passado celebramos a Solenidade de
Cristo Rei com a leitura do capítulo 25 do Evangelho de Mateus. Nele Jesus
ensina-nos que ele está presente em cada gesto de amor, de ternura, de compaixão
que temos com os irmãos: “eu estava com fome, e vocês me deram de
comer; eu estava com sede, e me deram de beber; eu era estrangeiro, e me
receberam em sua casa; eu estava sem roupa, e me vestiram; eu estava doente, e
cuidaram de mim; eu estava na prisão, e vocês foram me visitar’. Somos
chamados a realizar o bem aos nossos irmãos.
Hoje iniciamos um novo ano litúrgico. Cada ano
litúrgico começa com o Advento - palavra que significa "vinda,
chegada", a chegada de Jesus Messias na festa de Natal
que é a comemoração de seu nascimento. É um tempo de preparação para o encontro
do Senhor, Aquele que sempre vem...
Nos diferentes momentos do Ano litúrgico,
participamos da vida de Jesus junto com os discípulos e discípulas. Hoje
podemos perguntar-nos por que neste momento a Igreja coloca este texto para ler
e aprofundar?
Devemos aqui deter-nos, a fim de entendermos um
pouco melhor o significado das diferentes vindas de Cristo. - No Natal celebramos a Vinda de Jesus que “se
fez homem e habitou entre nós”. Ele é o Filho de Deus, enviado pelo
Pai, que veio até nós em Jesus de Nazaré, nascido de uma mulher, Maria, a fim
de que por ele e nele recebêssemos a adoção filial (cf Gl 4,4).
Nas
primeiras semanas do Advento, Jesus prepara-nos para viver
sempre na sua presença e por isso ensina-nos as atitudes necessárias.
No primeiro século os cristãos aguardavam com muita
ansiedade a Vinda do Senhor. Consideravam que seria no imediato e não entendiam
por que não acontecia. Qual era o motivo da sua demora? No decorrer dos anos
eles irão compreendendo que sua Vinda não é imediata. Junto com a criação,
todos aguardamos ansiosos a revelação dos filhos de Deus (Rm 8,19).
A leitura de hoje convida-nos a viver numa atitude
de vigilância, de espera, descobrindo sua presença no meio de nós nas
diferentes formas que ele se faz presente. Para isso é preciso viver numa
atitude desperta, não se deixar enganar com a tentativa do sono, da distração.
Pelo contrário, Jesus continuamente fala da necessidade de estar atentos, de
vigiar e viver alerta.
É necessário sair do sono dos costumes quotidianos
e permanecer vigilantes. Às vezes, a desesperança começa a fazer parte de nossa
vida lentamente, quase sem que o percebamos. Aos poucos deixamos de lembrar o
objetivo inicial, e o sono do imediato, das atividades ordinárias, apaga nossa
alegria, entusiasmo, criatividade ou os desejos mais profundos que habitam no
nosso interior, nas nossas famílias ou comunidades.
Convida-nos a viver de olhos abertos e ouvidos
atentos para descobrir a passagem de Jesus no meio de nós: “Não fiquem
dormindo”, “ficar vigiando”, “vigiem”, “Fiquem vigiando”.
Jesus é Aquele que vem
continuamente. Sua vinda representa, para cada um de nós, uma
realidade atual: Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha
voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo (Ap
3, 10).
Em muitas oportunidades o desânimo toma parte de
nossa vida e de nossas culturas, seja no nível religioso, cultural, social ou
político. Jesus justamente está nos convidando aviver com esperança e com
entusiasmo o tempo presente sem deixar-nos abater pelo desânimo.
A esperança naquilo que é desejado
e ainda não se conhece, como por exemplo, o nascimento de uma criança, e
acompanhado do desejo ansioso de que aconteça, mas também incerteza,
inquietude.
No Advento somos convidados a reavivar
nossa esperança, que nossos ideais ressurjam. Deus faz aliança conosco.
Somos os seus parceiros. Por isso no tempo da chegada de Deus até
nós, colaboramos com ele para realizar a nossa parte da aliança:
justiça social, pão e direitos para todos; transformar as estruturas injustas
de nossa sociedade; endireitar as relações com os nossos semelhantes, empenhar
a nossa vida por nos tornarmos mutuamente irmãos de verdade, felizes,
consolados, amparados ...
Estou realmente à
espera da visita do Senhor? Como imagino que ela será? Que sentimentos
desperta em meu coração a promessa de sua vinda?
Atendamos, pois, ao convite de Deus e da Igreja, renovando
neste Advento a nossa esperança. A esperança cristã é ativa, em movimento.
À espera do Deus que vem, suplicamos ansiosos a sua vinda - Venha a nós o vosso
Reino! – colocando-nos à disposição, para que, através de nós, o sonho que é
seu e que fazemos nosso, finalmente aconteça!
Oração
Espera
Esperarei que
cresça
a árvore,
e me dê sombra.
mas abonarei a espera
com minhas folhas secas.
a árvore,
e me dê sombra.
mas abonarei a espera
com minhas folhas secas.
Esperarei que
brote
o manancial
e me dê água.
mas limparei meu leito
de memórias enlameadas.
o manancial
e me dê água.
mas limparei meu leito
de memórias enlameadas.
Esperarei que
surja
a aurora,
e me ilumine.
mas sacudirei minha noite
de prostrações e sudários.
a aurora,
e me ilumine.
mas sacudirei minha noite
de prostrações e sudários.
Esperarei que
chegue
o que não sei,
e me surpreenda.
mas esvaziarei minha casa
de tudo que é esclerosado.
o que não sei,
e me surpreenda.
mas esvaziarei minha casa
de tudo que é esclerosado.
E ao abonar a árvore,
limpar o leito,
sacudir a noite,
e esvaziar a casa,
a terra e o lamento
se abrirão à esperança.
limpar o leito,
sacudir a noite,
e esvaziar a casa,
a terra e o lamento
se abrirão à esperança.
(Benjamin González Buelta)
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