“ Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas,
porque achaste graça diante de Deus. E eis que em teu ventre conceberás e darás
à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. Este será grande, e será chamado
filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; e
reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.” (Lc 1, 30-33)
Abaixo, uma excelente reflexão, muito concreta e atual, que tem como
pano de fundo o texto bíblico Lc 1, 26-38
(Maria responde ao anjo Gabriel: ’Eis aqui a serva
do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra’), do padre e teólogo espanhol José
Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
WCejnóg
IHU – ADITAL
21 Dezembro 2017.
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 1, 26-38, que corresponde ao Quarto
Domingo do Advento, ciclo B do Ano Litúrgico.O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
O Concílio Vaticano II apresenta Maria, Mãe de
Jesus Cristo, como «protótipo e modelo para a Igreja», e descreve-a
como mulher humilde que escuta Deus com confiança e alegria. Desde essa mesma
atitude temos de escutar a Deus na Igreja atual.
«Alegra-te». É o primeiro que Maria escuta de Deus
e o primeiro que temos de escutar também hoje. Entre nós falta alegria. Com
frequência nos deixamos contagiar pela tristeza de uma Igreja envelhecida e
gasta. Já não é Jesus a Boa Nova? Não sentimos a alegria de ser seus
seguidores? Quando falta a alegria, a fé perde frescor, a
cordialidade desaparece, a amizade entre os crentes esfria-se. Tudo se torna
mais difícil. É urgente despertar a alegria nas nossas comunidades e recuperar
a paz que Jesus nos deixou em herança.
«O Senhor está contigo». Não é fácil a alegria na
Igreja dos nossos dias. Só pode nascer da confiança em Deus. Não estamos
órfãos. Vivemos invocando cada dia a um Deus Pai que nos acompanha, nos defende
e procura sempre o bem de todo o ser humano. Deus está também com nós.
Esta Igreja, por vezes tão desconcertada e perdida,
que não acerta em regressar ao Evangelho, não está só. Jesus, o Bom
Pastor, procura-nos. O seu Espírito atrai-nos. Contamos com o seu alento e
compreensão. Jesus não nos abandonou. Com Ele tudo é possível.
«Não temas». São muitos os medos que nos paralisam
aos seguidores de Jesus. Medo ao mundo moderno e a uma sociedade descrente.
Medo a um futuro incerto. Medo à conversão ao Evangelho. O medo está a
fazer-nos muito mal. Impede-nos de caminhar para o futuro com esperança.
Fecha-nos no conservar estéril do passado. Crescem os nossos fantasmas.
Desaparece o realismo são e a sensatez evangélica.
É urgente construir uma Igreja da confiança. A fortaleza de Deus não se revela numa Igreja poderosa, mas sim
humilde. Também nas nossas comunidades temos de escutar as palavras que escuta
Maria: «Não temas».
«Darás à luz um filho, e darás o nome de Jesus».
Também a nós, como a Maria, se nos confia uma missão: contribuir a colocar luz
no meio da noite. Não estamos chamados a julgar o mundo, mas sim a
semear esperança. A nossa tarefa não é apagar a mecha que se extingue,
mas acender a fé que, em não poucos, está a querer brotar: temos de ajudar os
homens e mulheres de hoje a descobrir Jesus.
A partir das nossas comunidades, cada vez mais pequenas
e humildes, podemos ser levedura de um mundo mais são e fraterno.
Estamos em boas mãos. Deus não está em crise. Somos nós os que não nos
atrevemos a seguir Jesus com alegria e confiança. Maria há de ser o nosso
modelo.
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