Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 30 de dezembro de 2017

“Reconhecer Jesus nos pobres”. – Comentário de Ana Maria Casarotti. Excelente!


O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma”.(Lc 2, 33-35)

Festa da Sagrada Família

Hoje, para quem estiver interessado em entender melhor o texto bíblico Lucas 2, 22-40 (Apresentação de Jesus no Templo de Jerusalém), trago para o blog Indagações-Zapytania o  comentário de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
O texto foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos.

Vale a pena ler e refletir!

WCejnóg 

IHU –ADITAL
29 Dezembro 2017.

Evangelho segundo Lucas 2,22–40. (Correspondente à Festa da Sagrada Família, ciclo B do Ano Litúrgico).

O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.


Reconhecer Jesus nos pobres

Hoje a Igreja celebra a Festa da Sagrada Família. O Evangelho de Lucas nos descreve um momento muito importante para a vida de Jesus e para Maria e José. Jesus é levado no Templo de Jerusalém para ser consagrado ao Senhor conforme está escrito na Lei de Moisés: «Todo primogênito de sexo masculino será consagrado ao Senhor».

Pela circuncisão o homem israelita era incorporado ao povo da Aliança e a partir desse momento pertencia ao Senhor como todo primogênito.

O texto de hoje pertence às narrativas da infância de Jesus. Neste rito da circuncisão, Jesus era aceito pelo seu pai como filho e ao mesmo tempo é acolhido na comunidade da Aliança. O menino torna-se para sempre membro do povo da aliança. E recebe o nome de Jesus, Jeshúa, “Javé salva”.

Nessa época era um nome muito comum, e por isso Jesus às vezes era conhecido como Jeshua bar Josef, “Jesus, o filho de José”, e em outras partes como Jeshúa há-notsrí, “Jesus, o de Nazaré”.

O lugar de procedência de uma pessoa era muito importante assim como sua família. Era uma forma de conhecer muito sobre essa pessoa. Assim acontecia com Jesus. Hoje, nos evangelhos, muitas vezes conhecemos o lugar de procedência e não se conhece o nome. Sabemos do cego que estava sentado à beira do caminho quando Jesus ia a caminho de Jericó. Escutando seus gritos é chamado e curado por Jesus (Lc 18) e assim, no seu caminhar, aparecem outros encontros que geram vida na pessoa.

Voltando ao texto, aparecem “os pais” Maria e José, que levam Jesus ao Templo. A pessoa de José aparece pouco nos evangelhos, e Mateus descreve um pouco mais sobre ele, a dificuldade em aceitar a incorporação de Jesus na sua vida, mas sua obediência total àquilo que lhe era dito em sonhos: aceitar Maria grávida era aceitar o projeto de Deus de uma forma diferente. Da mesma forma, quando lhe é dito, vai para o Egito e volta no momento que também lhe é anunciado num sonho. José era um homem justo e forma uma família onde a presença de Deus se manifesta de forma imprevisível. E ele aceita caminhar por este sendeiro.

Jesus nasce, assim, numa família judia e vive como um judeu. Sua família é pobre como tantas famílias dessa época que viviam submetidas ao poder religioso e ao pagamento que era necessário realizar ao poder romano. O texto nos descreve que a oferta que eles fazem no Templo: “um par de rolas ou dois pombinhos”, manifesta sua condição social.

Por isso o coração da família de Jesus é um exemplo para todos nós, seus seguidores. O coração dessa família tinha o mais essencial, que é o amor. Nas atitudes de sua mãe e de seu pai, José, já desde o início aparece o Sim ao amor de Deus.

Como disse Francisco: “A família é o ‘sim do Deus amor”. E acrescenta: “sem amor não se pode viver como filhos de Deus, como cônjuges, pais e irmãos”. E o que significa viver no amor? “Significa concretamente doar-se, perdoar-se, não perder a paciência, antecipar-se ao outro, respeitar-se. Como melhoraria a vida familiar se todos os dias se vivessem as três simples palavras ‘licença’, ‘obrigado’, ‘desculpa’!” (Texto completo:“Sonho com uma Igreja em saída, não autorreferente, que não passe longe das feridas do homem”, escreve Francisco).

Na narrativa evangélica aparece um homem, justo e piedoso, chamado Simeão que esperava a consolação de Israel. “Movido pelo Espírito, Simeão foi ao Templo. Quando os pais levaram o menino Jesus, para cumprirem as prescrições da Lei a respeito dele, Simeão tomou o menino nos braços, e louvou a Deus”, reconhecendo no menino o Messias como tinha sido prometido para ele pelo Espírito. Reconhece que será luz das nações e para todo o povo de Israel. Simeão abençoa os pais, que lhe escutavam maravilhados.

Apresenta-se também uma mulher idosa, profetisa, viúva e servia continuamente no Templo. Reconhece o menino e o proclama a “todos os que esperavam a libertação de Israel”.

Duas pessoas que ao longo de sua vida aguardavam o Messias tinham uma fervorosa esperança e por isso souberam reconhecê-lo.
Durante o tempo de Advento estamos nos preparando para este momento da presença de Jesus diante de nós. Celebramos o Natal, seu nascimento num presépio, porque não tinham outro lugar. E assim nasce o Filho de Deus, escolhendo ficar entre os mais pobres, marginalizado da sociedade.

Como reconhecemos hoje seu nascimento na nossa sociedade? Que características brotam desta Família que escuta sem entender, mas com fé, as palavras ditas sobre a criança?

Podemos olhar tantos seres humanos, tantas famílias que vivem hoje em condições pobres e miseráveis. Pensemos naqueles que estão nos campos de refugiados, em todos esses grupos que tiveram que deixar tudo o que tinham à procura de um pouco de paz e vida, mas ainda ficam nesse espaço restrito porque nos países “não há lugar para cada um deles”.

Sabemos reconhecer neles a presença do Salvador? Temos os sentidos e a esperança aberta para esse reconhecimento?



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