“Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi,
porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos.
E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está
nos céus. Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é
o Cristo.
O maior dentre vós será vosso servo. E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado". (Mt 23, 8-12)
O maior dentre vós será vosso servo. E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado". (Mt 23, 8-12)
A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania,
do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito concreto e atual. Tem como pano de fundo o texto
bíblico Mt 23,1-12 (“Jesus disse: ‘O maior dentre
vós será vosso servo’).
Foi
publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Muito
bom. Não deixe de ler.
WCejnog
IHU – ADITAL
03 novembro 2017.
Não fazem o
que dizem
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 23,1-12, que corresponde ao 31° Domingo do Tempo Comum,
ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o
texto.
No Brasil, no próximo domingo se celebra o dia de
Todos os Santos.
Eis o texto
Jesus fala com indignação profética. O Seu
discurso, dirigido às pessoas e aos Seus
discípulos, é uma dura
crítica aos dirigentes religiosos de Israel. Mateus recolhe-o cerca dos anos oitenta para que os dirigentes da Igreja
cristã não caiam em condutas parecidas.
Poderemos recordar hoje as recriminações de Jesus
com paz, em atitude de conversão, sem ânimo algum de polêmicas estéreis? As
Suas palavras são um convite para que bispos, presbíteros e quantos temos
alguma responsabilidade eclesial façamos uma revisão da nossa atuação.
“Não fazem o
que dizem”. O
nosso maior pecado é a incoerência. Não
vivemos o que predicamos. Temos poder, mas falta-nos autoridade. A nossa
conduta desacredita-nos. Um exemplo de
vida mais evangélica dos dirigentes alteraria o clima em muitas comunidades
cristãs.
“Atam cargas
pesadas e insuportáveis e colocam-nas sobre os ombros dos homens; mas eles não
movem nem um dedo para levá-las”. É certo. Com frequência somos exigentes e severos com os demais,
compreensivos e indulgentes conosco.
Sobrecarregamos as pessoas simples com as nossas exigências, mas não lhes
facilitamos a aceitação do Evangelho. Não somos como Jesus, que se preocupa em
tornar mais ligeira a sua carga, pois é humilde e de coração simples.
“Tudo fazem
para que as pessoas os vejam”. Não podemos negar que é muito fácil viver
pendentes da nossa imagem, procurando quase sempre “ficar bem” ante os outros.
Não vivemos ante esse Deus que vê no segredo. Estamos mais atentos ao nosso prestígio pessoal.
“Gostam do
primeiro lugar e dos primeiros assentos [...] e que os saúdem pela rua e os
tratem por mestres”. Dá-nos vergonha confessá-lo, mas gostamos. Procuramos ser tratados de forma especial,
não como um irmão mais. Há algo mais
ridículo que uma testemunha de Jesus procurando ser distinguido e reverenciado
pela comunidade cristã?
“Não vos
deixeis chamar por mestre [...] nem preceptor [...] porque apenas um é o vosso
Mestre e vosso Preceptor: Cristo”. O mandato evangélico não pode ser mais claro: renunciai aos títulos para não fazer sombra a
Cristo; orientai a atenção dos crentes só para Ele. Por
que a Igreja não faz nada por suprimir tantos títulos, prerrogativas, honras e
dignidades para mostrar melhor o rosto humilde e próximo de Jesus?
“Não chameis
a ninguém, pai vosso na terra, porque um só é vosso Pai: o do céu”. Para Jesus,
o título de Pai é tão único, profundo e cativante que não há de ser utilizado por ninguém na comunidade cristã. Por que o permitimos?
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