Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

terça-feira, 21 de novembro de 2017

“A era do capital improdutivo” – Prof. Ladislau Dowbor fala sobre o seu livro. Uma reportagem bem interessante e esclarecedora!



Mais uma excelente matéria, oportuna e atual, sobre as questões econômicas no mundo e principalmente no Brasil. A reportagem do Ricardo Machado traz colocações interessantes do economista Ladislau Dowbor, que fala sobre o assunto, por ocasião da apresentação do seu novo livro “A era do capital improdutivo”.

Penso que essa reportagem possa ajudar um pouco para quem já se perguntou a si mesmo: Por que será que os bancos registram lucros astronômicos justamente em plena recessão e nos tempos de crise econômica, financeira e de tanto desemprego? Ou, talvez, para procurar alguma resposta também para outras questões, por exemplo: Por que a crise só afeta algumas parcelas da sociedade e não os bancos e o sistema financeiro? Quem está por trás desse "mercado" ou "jogo", que serve apenas aos interesses do “capital”, em detrimento da população? É importante entender de que se trata!

Gostei da matéria e para contribuir um pouco na sua divulgação, trago-a também para o  meu blog.
Vale a pena  ler!


WCejnóg


IHU – ADITAL
20 Outubro 2017

Por: Ricardo Machado 
A era do capital improdutivo


A estranheza do tempo presente é tão grande que vivemos a época em que é o rabo que balança o cachorro. Quer entender como isso funciona em termos sociais e econômicos? O professor Ladislau Dowbor explica: “O sistema financeiro é de mediação, não produz nada. Então as áreas produtivas se tornam o meio para os especuladores ganharem dinheiro. Por isso eu digo, que é o rabo que balança o cachorro”, brinca Dowbor, ao fazer uma alegoria para demonstrar a centralidade do poder financeiro.

O professor Ladislau Dowbor apresentou seu livro A era do capital improdutivo. A nova arquitetura do poder: dominação financeira, sequestro da democracia e destruição do planeta (São Paulo: Autonomia Literária, 2017), na noite da quinta-feira, 19-10-2017, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no Instituto Humanitas Unisinos -  IHU.

A reportagem

A intereferência do sistema financeiro nas relações sociais gera profundos desequilíbrios. “Na questão ambiental, estamos diante de um desastre porque não estamos acostumados a pensar em longo prazo. Nós temos uma tremendo gap entre nossascapacidades técnicas e nossas capacidades de governança”, pondera Dowbor. “No plano social é inadmissível que oito famílias tenham a metade de recursos financeiros do mundo, sendo que nenhuma delas produz nada, são todas donas de negócios intermediários”, complementa. 


Professor Ladislau Dowbor apresenta seu livro A era do capital improdutivo 
(Fotos: Ricardo Machado/IHU)

Crise civilizacional

A crise financeira mundial instaurada a partir de 2008, não é somente no campo da econômico, mas o reflexo de uma crise civilizacional mais ampla. “A desigualdade não é somente um problema ético, é um problema político. E como respondemos a essa questão? Construindo muros? Colocando barcos no mediterrâneo para as pessoas não chegarem à Europa?”, questiona.

“Nosso problema não é falta de recursos. É um problema de governança. O ser humano é insuperável na capacidade de construir computadores, mas ainda temos pobreza e fome. Inclusive os custos indiretos de não resolver a pobreza são muito maiores do que os necessários para combater essas mazelas”, provoca. 

Para Dowbor a questão de recursos financeiros não é um problema frente os desafios atuais, porque há dividendos financeiros, o único ponto é destiná-los para reduzir o impacto ambiental e social. “A partir de 2008 não mudou nada em termos de estrutura, mas começamos a entender algumas coisas.Stiglitz é um dos que têm estudado os efeitos do desajuste financeiro, onde o capital improdutivo rende mais que o produtivo”, exemplifica. 

Estamos, segundo o professor, diante de uma nova ordem de influência das corporações na política, em que elas incidem diretamente nos políticos por lobbies peer-to-peer, entre empresários e ocupantes de cargos eletivos. É esse fenômeno que Stiglitz analisa nos EUA, mas que ocorre de maneira similar no Brasil. “O sistema financeiro está comprando universidades pelo mundo todo, sem falar no Brasil. Há revistas acadêmicas compradas com dinheiro desses grupos. Há compra da mídia do modo clássico e as invasões de privacidade no nível das mídias digitais. Hoje em dia, laboratórios vendem informações de pacientes para seguradoras. As transformações nos regimes de poder são absolutamente radicais”, destaca o conferencista.

O fim do capitalismo democrático

Para o professor, o capitalismo tardio não está perto de fim, o que mostra sinais de esgotamento frente o avanço dos processos de financeirização é o capitalismo democrático. “Não é o fim do capitalismo, mas o fim do capitalismo democrático. Antes eles precisavam de milhares de pessoas, hoje a regra mudou e são as próprias corporações quem decidem o que pode e o que não. Isso porque o sistema financeiro é global e o controle dos bancos centrais são nacionais”, frisa.

Ao refletir sobre os quatro motores que colocam em marcha a economia, Dowbor demonstra porque  nossa engrenagem social emperrou. “O primeiro motor é o da exportação, mas é muito instável porque não controlamos os preços e dependemos do mercado externo. O segundo motor, é o consumo das famílias, que com o desemprego e a instabilidade econômica está travado. Quebrando o segundo motor, que são as famílias, o terceiro, o do mercado produtivo, entra em colapso porque não tem consumo e o juro é muito alto. O quarto motor, o investimento estatal, que deveria ser utilizado para o investimento em estruturas, é usado para o pagamento de juros da dívida para bancos”, pontua Dowbor.

Além disso, o professor lembrou que os juros no Brasil são pornográficos, fruto de agiotagem pura. “Há um mecanismo muito simples, mas eficaz, de desvio dos recursos públicos para os bancos. Isso drena a capacidade financeira do estado. O sistema tributário não corrige, agrava o problema. Ainda tem todo o valor que vai para paraísos fiscais. Esses especuladores não só não investem, como deixam o dinheiro parasitar”, critica. 

Por fim, para fugir de um binarismo que em nada contribui com o debate, Dowbor descarta qualquer possibilidade de um debate radicalizado e polarizado. “Nós somos muito grandes e complexos para ficarmos em um esquemão ideológico estatal ou privado. Precisamos pensar de maneira diversificada”, sugere e finaliza. 

Ladislau Dowbor

Ladislau Dowbor no IHU

Ladislau Dowbor é doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP e da Universidade Metodista de São Paulo – Umesp. Além disso, é consultor de diversas agências das Nações Unidas.

Fonte:  IHU - ADITAL


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