Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 9 de março de 2018

Aproximar-nos da luz. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!




“Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dele.” (Jo 3, 17)

A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito atual e bem concreta. Tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 3,14-21 (diálogo de Jesus com Nicodemos).
Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Muito boa. Vale a pena ler.
WCejnóg

  
IHU – ADITAL
09 Março 2018 
 Aproximar-nos da luz

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 3,14-21 que corresponde ao Quarto Domingo da Quaresma, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

Pode parecer uma observação excessivamente pessimista, mas o certo é que as pessoas são capazes de viver longos anos sem ter ideia do que está acontecendo em nós. Podemos continuar a viver dia após dia sem querer ver o que na verdade move a nossa vida e quem é que dentro de nós toma realmente as decisões.

Não é ignorância ou falta de inteligência. O que ocorre é que, de forma mais ou menos consciente, intuímos que nos vermos com mais luz nos obrigaria a mudar. Uma e outra vez parece cumprir-se em nós aquelas palavras de Jesus: “O que pratica o mal detesta a luz e a afasta, porque tem medo de que a sua conduta seja descoberta”. Assusta nos vermos tal como somos. Sentimo-nos mal quando a luz penetra na nossa vida. Preferimos continuar cegos, alimentando dia a dia novos enganos e ilusões.

O mais grave é que pode chegar um momento em que, estando cegos, acreditemos que vemos tudo com claridade e realismo. Que fácil é então viver sem conhecer-se a si mesmo nem se perguntar nunca: “Quem sou eu?”.  Acreditar ingenuamente que eu sou essa imagem superficial que tenho de mim mesmo, fabricada de recordações, experiências, medos e desejos.

Que fácil também acreditar que a realidade é justamente tal como eu a vejo, sem ser consciente de que o mundo exterior que eu vejo é, em boa parte, reflexo do mundo interior que vivo e dos desejos e interesses que alimento. Que fácil também nos acostumarmos a tratar não com pessoas reais, mas com a imagem ou etiqueta que delas me construí eu mesmo.

Aquele grande escritor que foi Hermann Hesse, no seu pequeno livro Meu credo, cheio de sabedoria, escrevia: “O homem que contemplo com temor, com esperança, com cobiça, com propósitos, com exigências, não é um homem, é só um turvo reflexo da minha vontade”.

Provavelmente, na hora de querer transformar a nossa vida orientando os nossos passos por caminhos mais nobres, o mais decisivo não é o esforço por mudar. O primeiro é abrir os olhos. Perguntar-me que procuro na vida. Ser mais consciente dos interesses que movem a minha existência. Descobrir o motivo último do meu viver diário.

Podemos tomar-nos um tempo para responder a esta pergunta: por que fujo tanto de mim mesmo e de Deus? Por que, em definitivo, prefiro viver enganado sem procurar a luz? Temos de escutar as palavras de Jesus: “Aquele que atua conforme a verdade aproxima-se da luz, para que se veja que tudo o que faz está inspirado por Deus”.




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