Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 16 de março de 2018

Confiança absoluta. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito boa!



“Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida, perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna.” (Jo 12, 24-25)

Abaixo, uma boa reflexão, muito concreta, que tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 12, 20-33 (Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo a conservará para a vida eterna). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
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IHU – ADITAL
16 Março 2018.

Confiança absoluta

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 12, 20-33 que corresponde ao Quinto Domingo da Quaresma, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

A nossa vida decorre, no geral, de forma bastante superficial. Poucas vezes nos atrevemos a entrarmos em nós mesmos. Produz-nos uma espécie de vertigem aproximar-nos da nossa interioridade. Quem é esse estranho que descubro dentro de mim, cheio de medos e interrogações, faminto de felicidade e farto de problemas, sempre em busca e sempre insatisfeito?

Que postura adotar ao contemplar em nós essa mistura estranha de nobreza e miséria, de grandeza e pequenez, de finitude e infinitude? Tentamos entender o desconcerto de Santo Agostinho, que, questionado pela morte do seu melhor amigo, reflexiona sobre a sua vida: «Converti-me num grande enigma para mim mesmo».

Há uma primeira postura possível. Chama-se resignação, e consiste em nos contentarmos com o que somos. Instalar-nos na nossa pequena vida de cada dia e aceitar a nossa finitude. Naturalmente, para isso temos de abafar qualquer rumor de transcendência. Fechar os olhos a qualquer sinal que nos convide a olhar para o infinito. Permanecer surdos a todas as chamadas provenientes do Mistério.

Há outra atitude possível ante a encruzilhada da vida. A confiança absoluta. Aceitar na nossa vida a presença salvadora do Mistério. Abrir-nos a ela do mais fundo do nosso ser. Acolher a Deus como raiz e destino do nosso ser. Acreditar na salvação que se nos oferece.

Só desde essa confiança plena em Deus Salvador se entendem essas desconcertantes palavras de Jesus: «Quem vive preocupado com a sua vida a perderá; pelo contrário, quem não se agarre excessivamente a ela a conservará para a vida eterna». O decisivo é abrir-nos confiadamente ao Mistério de um Deus que é Amor e Bondade insondáveis. Reconhecer e aceitar que somos seres «gravitando em torno a Deus, nosso Pai. Como dizia Paul Tillich, «aceitar ser aceitos por Ele».




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