Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 2 de março de 2018

O culto ao dinheiro. – Reflexão de José Antônio Pagola. Bem atual!

 


Como se aproximava a festa da Páscoa dos judeus, Jesus foi a Jerusalém. No templo encontrou homens a vender bois, ovelhas, pombas, e os cambistas sentados às suas bancas. Ao ver isto, Jesus fez com umas cordas um chicote e expulsou do templo toda aquela gente com as ovelhas e os bois. Deitou por terra o dinheiro dos cambistas e virou-lhes as mesas. Depois disse aos que vendiam pombas: <Tirem tudo isto daqui! Não façam da casa de meu Pai uma casa de negócio!>."  (Jo 2,13-16)

Abaixo, uma boa reflexão, muito concreta e bem atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 2, 13-25 (Jesus expulsa os vendilhões do Templo). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
WCejnóg

IHU - ADITAL
02Março 2018

O culto ao dinheiro

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 2,13-25 que corresponde ao Terceiro Domingo da Quaresma, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

Há algo alarmante na nossa sociedade que nunca denunciaremos o bastante. Vivemos numa civilização que tem como eixo de pensamento e critério de atuação a secreta convicção de que o importante e decisivo não é o que um é, mas o que um tem. Diz-se que o dinheiro é «o símbolo e ídolo da nossa civilização» (Miguel Delibes). E de fato são maioria os que lhe rendem seu ser e lhe sacrificam toda a sua vida.

John K. Galbraith, o grande teórico do capitalismo moderno, descreve assim o poder do dinheiro na sua obra The Affluent Society: o dinheiro «traz consigo três vantagens fundamentais: primeiro, o gozo do poder que presta ao homem; segundo, a posse real de todas as coisas que se podem comprar com dinheiro; terceiro, o prestígio ou respeito de que goza o rico graças à sua riqueza».

Quantas pessoas, sem atrever-se a confessá-lo, sabem que na sua vida, num grau ou outro, o decisivo, o importante e definitivo, é ganhar dinheiro, adquirir um bem-estar material, conseguir um prestígio econômico.

Aqui está sem dúvida uma das quebras mais graves da nossa civilização. O homem ocidental se fez em boa parte materialista e, apesar das suas grandes proclamações sobre a liberdade, a justiça ou a solidariedade, apenas acredita em outra coisa que não seja no dinheiro.

E, no entanto, há pouca gente feliz. Com dinheiro pode-se montar uma casa agradável, mas não criar um lar cálido. Com dinheiro pode-se comprar uma cama cômoda, mas não um sono tranquilo. Com dinheiro pode-se adquirir novas relações, mas não despertar uma verdadeira amizade. Com dinheiro pode-se comprar prazer, mas não felicidade. Mas o crente deve recordar algo mais. O dinheiro abre todas as portas, mas nunca abre a porta do nosso coração a Deus.

Não estamos acostumados, os cristãos, à imagem violenta de um Messias fustigando as pessoas. E, no entanto, essa é a reação de Jesus ao encontrar-se com homens que, inclusive no templo, não sabem procurar outra coisa que não seja o seu próprio negócio.

O templo deixa de ser lugar de encontro com o Pai quando a nossa vida é um mercado onde só se presta culto ao dinheiro. E não pode haver uma relação filial com Deus Pai quando as nossas relações com os outros estão mediatizadas só pelo interesse do dinheiro.

Impossível entender algo do amor, da ternura e do acolhimento de Deus quando um só vive procurando o bem-estar. Não se pode servir a Deus e ao Dinheiro.




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