Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 13 de abril de 2018

“Testemunhas”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito boa!



Vós sois as testemunhas de tudo isso.” (Lc 24, 46-48)

A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito concreta e atual. Tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 24, 48  (“Jesus apresentou-se no meio dos discípulos e lhes disse: ‘A paz esteja convosco’).
Foi publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Muito atual. Não deixe de ler.
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IHU - ADITAL
13 Abril 2018

Testemunhas

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo Lucas, 24, 35-48 que corresponde ao Terceiro Domingo da Páscoa ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

Lucas descreve o encontro do Ressuscitado com os Seus discípulos como uma experiência fundadora. O desejo de Jesus é claro. A Sua tarefa não terminou na cruz.

Ressuscitado por Deus depois da Sua execução, toma contato com os Seus para colocar em marcha um movimento de «testemunhas» capazes de contagiar todos os povos com a Sua Boa Nova: «Vós sois as Minhas testemunhas».

Não é fácil converter em testemunhas aqueles homens afundados no desconcerto e no medo. Ao longo de toda a cena, os discípulos permanecem calados, em silêncio total. O narrador só descreve o seu mundo interior: estão cheios de terror; só sentem perturbação e incredulidade; tudo aquilo lhes parece demasiado bonito para ser verdade.

É Jesus quem vai regenerar a sua fé. O mais importante é que não se sintam sós. Sentem-no cheio de vida no meio deles. Estas são as primeiras palavras que escutam do Ressuscitado: «A paz esteja convosco... Por que surgem dúvidas no vosso interior?».

Quando esquecemos a presença viva de Jesus no meio de nós; quando o ocultamos com os nossos protagonismos; quando a tristeza nos impede de sentir tudo menos a Sua paz; quando nos contagiamos uns aos outros com pessimismo e incredulidade... pecamos contra o Ressuscitado. Assim não é possível uma Igreja de testemunhas.

Para despertar a sua fé, Jesus não lhes pede que olhem o Seu rosto, mas sim as Suas mãos e os Seus pés. Que vejam as Suas feridas de crucificado. Que tenham sempre ante os seus olhos o Seu amor entregue até à morte. Não é um fantasma: «Sou Eu em pessoa». Ele mesmo que conheceram e amaram pelos caminhos da Galileia.

Sempre que pretendemos fundamentar a fé no Ressuscitado com as nossas elucubrações convertemo-lo num fantasma. Para nos encontrarmos com Ele temos de recorrer ao relato dos evangelhos; descobrir essas mãos que abençoam os doentes e acariciavam as crianças, esses pés cansados de caminhar ao encontro dos mais esquecidos; descobrir as Suas feridas e a Sua paixão. É esse Jesus o que agora vive ressuscitado pelo Pai.

Apesar de vê-los cheios de medo e de dúvidas, Jesus confia nos Seus discípulos. Ele mesmo lhes enviará o Espírito que os sustentará. Por isso lhes encomenda que prolonguem a Sua presença no mundo: «Vós sois testemunhas destas coisas». Não têm de ensinar doutrinas sublimes, mas sim contagiar com a Sua experiência. Não têm de predicar grandes teorias sobre Cristo, mas sim irradiar o Seu Espírito. Têm de se mostrar credível com a sua própria vida, não só com palavras. Este é sempre o verdadeiro problema da Igreja: a falta de testemunhas.



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