“Vós sois as testemunhas de tudo isso.” (Lc 24, 46-48)
A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito concreta e atual. Tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 24, 48 (“Jesus apresentou-se no meio dos discípulos e lhes disse: ‘A paz esteja convosco’).
A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito concreta e atual. Tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 24, 48 (“Jesus apresentou-se no meio dos discípulos e lhes disse: ‘A paz esteja convosco’).
Foi
publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Muito atual. Não deixe de ler.
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IHU - ADITAL
13 Abril 2018
Testemunhas
A leitura que a
Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo Lucas, 24,
35-48 que corresponde ao Terceiro Domingo da Páscoa ciclo B, do Ano
Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Lucas descreve o
encontro do Ressuscitado com os Seus discípulos como uma experiência fundadora.
O desejo de Jesus é claro. A Sua tarefa não terminou na cruz.
Ressuscitado por
Deus depois da Sua execução, toma contato com os Seus para colocar em marcha um
movimento de «testemunhas» capazes de contagiar todos os povos com a Sua Boa
Nova: «Vós sois as Minhas testemunhas».
Não é fácil
converter em testemunhas aqueles homens afundados no desconcerto e no medo. Ao
longo de toda a cena, os discípulos permanecem calados, em silêncio total. O
narrador só descreve o seu mundo interior: estão cheios de terror; só sentem
perturbação e incredulidade; tudo aquilo lhes parece demasiado bonito para ser
verdade.
É Jesus quem vai
regenerar a sua fé. O mais importante é que não se sintam sós. Sentem-no cheio
de vida no meio deles. Estas são as primeiras palavras que escutam do
Ressuscitado: «A paz esteja convosco... Por que surgem dúvidas no vosso
interior?».
Quando esquecemos
a presença viva de Jesus no meio de nós; quando o ocultamos com os nossos
protagonismos; quando a tristeza nos impede de sentir tudo menos a Sua paz;
quando nos contagiamos uns aos outros com pessimismo e incredulidade... pecamos
contra o Ressuscitado. Assim não é possível uma Igreja de testemunhas.
Para despertar a
sua fé, Jesus não lhes pede que olhem o Seu rosto, mas sim as Suas mãos e os
Seus pés. Que vejam as Suas feridas de crucificado. Que tenham sempre ante os
seus olhos o Seu amor entregue até à morte. Não é um fantasma: «Sou Eu em
pessoa». Ele mesmo que conheceram e amaram pelos caminhos da Galileia.
Sempre que
pretendemos fundamentar a fé no Ressuscitado com as nossas elucubrações
convertemo-lo num fantasma. Para nos encontrarmos com Ele temos de recorrer ao
relato dos evangelhos; descobrir essas mãos que abençoam os doentes e
acariciavam as crianças, esses pés cansados de caminhar ao encontro dos mais
esquecidos; descobrir as Suas feridas e a Sua paixão. É esse Jesus o que agora
vive ressuscitado pelo Pai.
Apesar de vê-los
cheios de medo e de dúvidas, Jesus confia nos Seus discípulos. Ele mesmo lhes
enviará o Espírito que os sustentará. Por isso lhes encomenda que prolonguem a
Sua presença no mundo: «Vós sois testemunhas destas coisas». Não têm de ensinar
doutrinas sublimes, mas sim contagiar com a Sua experiência. Não têm de
predicar grandes teorias sobre Cristo, mas sim irradiar o Seu Espírito. Têm de
se mostrar credível com a sua própria vida, não só com palavras. Este é sempre
o verdadeiro problema da Igreja: a falta de testemunhas.
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