“ Eu sou o pão
vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão
que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.” (Jo 6,51)
Abaixo, uma boa reflexão, muito
concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 6, 51-58 (a parábola das dez virgens), do padre e
teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
WCejnóg
IHU
– ADITAL
17
Agosto 2018
Alimentar-nos
de Jesus
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é
o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 6, 51-58, que corresponde
ao 20º Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José
Antonio Pagola comenta o texto.
No Brasil, as leituras correspondem à Solenidade
da Assunção de Maria, transferida do dia 15 para o dia 19 de agosto.
Eis o texto
Segundo o relato de João, uma vez mais os judeus,
incapazes de ir além do físico e do material, interrompem Jesus escandalizados
pela linguagem agressiva que ele usa: “Como pode ele nos dar a sua
carne para comer? Jesus não retira sua afirmação, porém dá às suas
palavras um conteúdo mais profundo.
O centro de sua exposição permite nos alimentar na
experiência que tinham as primeiras comunidades cristãs quando celebravam a
eucaristia. Segundo Jesus, os discípulos não somente devem crer nele, mas
também devem alimentar-se e nutrir-se de sua pessoa. A eucaristia é uma
experiência central nos seguidores de Jesus.
As palavras que se seguem destacam seu caráter
fundamental e indispensável: “Minha carne é verdadeira comida e meu
sangue é verdadeira bebida”. Se os discípulos não se alimentam dele,
poderão fazer e dizer muitas coisas, mas certamente não poderão esquecer suas
palavras: “Não terão a vida em vocês”.
Para termos vida em nós, é preciso nos alimentar de
Jesus, nos nutrir de seu sopro vital, interiorizar suas atitudes e critérios de
vida. Esse é o segredo e a força da eucaristia. Somente o conhecem
aqueles que comungam com ele e se alimentam por sua paixão pelo Pai e por seu
amor a seus filhos.
A linguagem de Jesus é de grande força expressiva.
Para aqueles que sabem se alimentar dele, Jesus faz esta promessa: “Ele vive em
mim e eu vivo nele”. Quem se nutre da eucaristia experimenta que sua relação
com Jesus não é uma realidade externa. Jesus não é um modelo de vida
para que nós imitemos por fora. Ele alimenta nossa vida a partir de
dentro.
Esta experiência de “habitar” em Jesus e
deixar que Jesus “habite” em nós pode transformar a raiz de nossa fé.
Este mútuo intercâmbio, esta estreita comunhão, difícil de expressar com
palavras, constitui verdadeira relação do discípulo de Jesus. Isso quer dizer:
segui-lo sustentados pela sua força vital.
A vida que Jesus transmite aos discípulos através
da eucaristia é a mesma que ele recebe do Pai, que é a fonte inesgotável de
vida plena. Uma vida que não se extingue com nossa morte biológica. Por
isso Jesus se atreve a oferecer esta promessa aos seus: “quem come deste pão
viverá para sempre”.
Sem dúvida o sinal mais grave da crise da fé cristã
no meio de nós é o abandono tão generalizado da eucaristia dominical. Para quem ama a Jesus é doloroso observar como a eucaristia vai
perdendo seu poder de atração.
Porém, é ainda mais doloroso que desde a
própria Igreja assistimos a este fato sem atrever-nos a reagir. Por quê?
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