“Jesus respondeu:
‘Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas,
como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos’. Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens’." (Mc 7, 6-8)
como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos’. Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens’." (Mc 7, 6-8)
A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania,
do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito concreto e atual. Tem como pano de fundo o texto
bíblico Mc 7,1-8.14-15.21-23.
Foi
publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Muito
bom. Não deixe de ler.
WCejnog
IHU
– ADITAL
31
Agosto 2018
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 7,1-8.14-15.21-23 que
corresponde ao 22° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José
Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
A queixa de Deus
Um grupo de fariseus da Galileia aproxima-se
de Jesus em atitude crítica. Não vêm sós. Estão acompanhados por alguns
escribas vindos de Jerusalém, preocupados sem dúvida em defender a ortodoxia
dos simples camponeses das aldeias. A atuação de Jesus é perigosa. Convêm
corrigi-la.
Observaram que, em alguns aspectos, os seus
discípulos não seguem a tradição dos mais velhos. Apesar de falarem do
comportamento dos discípulos, a sua pergunta dirige-se a Jesus,
pois sabem que é Ele quem lhes tem ensinado a viver com aquela liberdade
surpreendente. Por quê?
Jesus responde-lhes com umas palavras do profeta
Isaías que iluminam muito bem a Sua mensagem e a Sua atuação. Estas palavras
com as que Jesus se identifica totalmente têm de escutá-las com atenção, pois
tocam em algo muito fundamental da nossa religião. Segundo o profeta de
Israel, esta é a queixa de Deus.
«Este povo honra-me com os lábios, mas o seu
coração está longe de Mim». Este é sempre o risco de toda a religião:
dar culto a Deus com os lábios, repetindo fórmulas, recitando salmos, pronunciando
palavras bonitas, enquanto o nosso coração «está longe Dele». No entanto, o
culto que agrada a Deus nasce do coração, da adesão interior, desse centro
íntimo da pessoa de onde nascem as nossas decisões e projetos.
Quando o nosso coração está longe de Deus, o nosso
culto fica sem conteúdo. Falta-lhe a vida, o escutar
sincero da Palavra de Deus, o amor ao irmão. A religião converte-se em algo
exterior que se pratica por hábito, mas em que faltam os frutos de uma vida
fiel a Deus.
A doutrina que ensinam os escribas são preceitos
humanos. Em toda a religião há tradições que são «humanas». Normas,
costumes, devoções que nasceram para viver a religiosidade numa determinada
cultura. Podem fazer muito bem. Mas fazem muito mal quando nos distraem e afastam
do que Deus espera de nós. Nunca devem ter a primazia.
Ao terminar a citação do profeta Isaías, Jesus
resume o Seu pensamento com umas palavras muito graves: «Vocês deixam de lado o
mandamento de Deus para agarrarem-se à tradição dos homens».
Quando nos agarramos cegamente a tradições humanas,
corremos o risco de esquecer o mandato de amor e desviamo-nos de seguir a
Jesus, Palavra encarnada de Deus. Na religião cristã, em primeiro é
sempre Jesus e a Sua chamada ao amor. Só depois vêm as nossas tradições humanas,
por muito importantes que nos possam parecer. Não temos de esquecer nunca o
essencial.
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