“Vigiai,
pois, em todo o tempo, orando, para que sejais havidos por dignos de evitar
todas estas coisas que hão de acontecer, e de estar em pé diante do Filho do
homem.” (Lc 21, 36)
Hoje, para quem estiver
interessado em entender melhor o texto bíblico Lc 21, 25-28. 34-36 (ser vigilante), trago para o blog
Indagações-Zapytania a reflexão do padre e teólogo espanhol José Antonio
Pagola.
O texto foi publicado no
site do Instituto Humanitas Unisinos.
Vale a pena ler e
refletir!
WCejnog
IHU – ADITAL
30 Novembro 2018
Indignação e esperança
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 21,25-28.34-36 que corresponde
ao 1°de Advento, ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio
Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Uma convicção indestrutível sustenta desde o início a fé dos seguidores de Jesus: encorajada por
Deus, a história humana encaminha-se para a sua libertação definitiva. As
contradições insuportáveis do ser humano e os horrores cometidos em todas as
épocas não devem destruir nossa esperança.
Este mundo que nos sustenta não é definitivo.
Um dia toda a criação dará «sinais» de que chegou ao fim para dar lugar a uma
vida nova e libertada que nenhum de nós pode imaginar ou entender.
Os Evangelhos recolhem a memória de uma reflexão
de Jesus sobre este final dos tempos. Paradoxalmente, a sua atenção não
está focada nos «acontecimentos cósmicos» que podem ocorrer naquele momento.
Seu principal objetivo é propor aos seus seguidores um estilo de vida com
lucidez diante desse horizonte.
O fim da história não é o caos, a destruição da vida, a morte total. Lentamente, no meio das luzes e
das trevas, ouvindo os chamados do nosso coração ou ignorando o melhor que
existe em nós, vamos caminhando em direção ao mistério último da realidade
que os crentes chamam de «Deus».
Nós não temos que viver presos pelo medo ou
ansiedade. O «último dia» não é um dia de raiva e vingança,
mas de libertação. Lucas resume o pensamento de Jesus com estas palavras
admiráveis: «Levantai-vos, erguei a cabeça: aproxima-se a vossa libertação». Só
então conheceremos realmente como Deus ama o mundo.
Devemos reavivar nossa confiança, levantar o
nosso ânimo e despertar a esperança. Um dia os poderes financeiros
afundarão. A insensatez dos poderosos acabará. As vítimas de tantas guerras,
crimes e genocídios conhecerão a vida. Os nossos esforços por um mundo mais
humano não se perderão para sempre.
Jesus esforça-se por sacudir a consciência dos seus
seguidores. «Tende cuidado: que não se vos entorpeça a mente». Não vivam
como imbecis. Não vos deixeis arrastar pela frivolidade e pelos excessos.
Mantende viva a indignação. «Estai sempre despertos». Não vos relaxeis. Vivam
com lucidez e responsabilidade. Não vos canseis. Mantenham sempre a tensão.
Como estamos vivendo estes tempos difíceis para
quase todos, angústia para muitos e cruel para aqueles que se afundam na
impotência? Estamos despertos? Vivemos adormecidos?
A partir das comunidades cristãs devemos incentivar
a indignação e a esperança. E só há um caminho: estar com
aqueles que estão a ficar sem nada, afundados no desespero, na raiva e na
humilhação.