Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 22 de junho de 2013

«E vós, quem dizeis que Eu sou?» – pergunta Jesus. O que respondemos?



«E vós, quem dizeis que Eu sou?» - pergunta Jesus aos seus discípulos de ontem e de hoje. Mais cedo, mais tarde, todo ser humano se deparará com a necessidade de revelar a sua resposta para Ele.
E hoje, qual é a sua, a minha, a nossa resposta?
Para refletir sobre este tema trago para o blog Indagações o comentário de M. Asun Gutiérrez Cabriada.   Refere-se ao
texto do Evangelho segundo Lucas (9, 18-24).  É uma reflexão muito interessante e útil para todos nós.  
Não  deixe de ler.

WCejnog

[Os interessados pedem ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o site das Monjas Beneditinas de Montesserrat: http://www.benedictinescat.com/montserrat/imatges/Dom12C13port.pps Trabalho muito bonito!]



Seguir Jesus implica pôr no centro do nosso olhar
e do nosso coração os pobres.
Seguir Jesus é viver com compaixão.
Sacudirmos de cima de nós a indiferença.
Seguir Jesus pede desenvolver o acolhimento.
Não excluir nem excomungar.
Derrubar fronteiras e construir pontes.
Seguir Jesus é tomar a cruz de cada dia
em comunhão com Jesus e os crucificados da terra.
Seguir Jesus é confiar no Pai de todos,
pedir a vinda do seu reino
e semear a esperança de Jesus contra toda a esperança.
Esta é a Boa Notícia que se nos revela em Jesus Cristo:
Deus dá-se-nos a si mesmo como é: Amor.

José Antonio Pagola.
Comentário
 
Um dia, Jesus orava sozinho,
estando com Ele apenas os discípulos.
Então perguntou-lhes:
«Quem dizem as multidões que Eu sou?».

Lucas começa por dizer que Jesus estava “a orar a sós”, atitude na qual O apresenta em momentos especialmente importantes da sua vida.
A cena acontece em Cesareia, terra pagã situada a uns 30 kms. do lago de Genesaré.
Num momento significativo da sua missão, quando acaba a sua estadia na Galileia e se dispõe a subir a Jerusalém. Jesus toma a iniciativa e pergunta pela ideia que têm d’Ele os que O viram e ouviram.
A todos nos interessa o que pensem e digam as pessoas que nos querem: as pessoas que amamos e das quais esperamos amor e compreensão, com as quais partilhamos o projecto da nossa vida.

Eles responderam:
«Uns, dizem que és João Baptista; outros, que és Elias;
e outros, que és um dos antigos profetas que ressuscitou».

A resposta associa Jesus a algumas personagens conhecidas
do passado e em continuidade com elas.
Falta captar a sua originalidade. Descobrir a novidade.

Disse-lhes Jesus:
«E vós, quem dizeis que Eu sou?».

É a pergunta concreta, transcendental, pessoal e definitiva
que Jesus  me dirige a mim. Não  se trata de saber coisas acerca d’Ele, mas de saber quem é Ele.
É Jesus para mim uma doutrina ou uma Pessoa que vive, me interpela e dá sentido à minha vida?
A imagem que as pessoas tiverem de Jesus dependerá, de certa maneira, das palavras e da vida dos que dizem ser seus seguidores e seguidoras.
Jesus continua a perguntar-me: quem dizes que eu sou? Que testemunho dás de mim?

Pedro tomou a palavra e respondeu:
«És o Messias de Deus». Ele, porém, proibiu-lhes severamente de o dizerem fosse a quem fosse

Pedro, como porta-voz do grupo, responde com uma profissão de fé:
“Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo”. Confissão que todos, um dia, tinham expressado (Mt 14,33).
Como Pedro, façamos uma profissão de fé, não só com a boca, mas com a nossa vida.
O que convence não são as palavras, mas os fatos.
Trata-se de que o nosso estilo de vida, a nossa atuação, nossa maneira de nos relacionarmos com as pessoas e com o mundo,
tornem visível o Jesus do Evangelho.

E acrescentou:
«O Filho do homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas; tem de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia».

Jesus sabe - intui que os conflitos que está a gerar vão provocar um desenlace violento. O primeiro anúncio da paixão e ressurreição supõe para os discípulos um ensinamento novo. Jesus “começa" a ensinar-lhes a verdadeira natureza do seu messianismo.
Incorpora os discípulos, incorpora-nos, não só à sua missão, mas também ao seu destino, que não conduz à morte definitiva, mas para a plenitude da vida, para a verdadeira e completa libertação, para a ressurreição.

Depois, dirigindo-se a todos, disse:
«Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-me.

Estas palavras de Jesus, vão dirigidas a todos, não só aos discípulos. Diz-nos como temos de viver para alcançar a plenitude, a autêntica felicidade.
A maneira de o conseguir é renunciar a nós mesmos; renunciar, cada dia, ao egoísmo, à falta de solidariedade, à tristeza... a tudo o que desumaniza e escraviza, a tudo o que impede sermos mais livres e mais felizes.
Viver como Jesus, passar fazendo o bem, é a maior fonte de alegria para nós e para os outros.

Pois quem quiser salvar a sua vida, há-de perdê-la; mas quem perder a sua vida por minha causa, salvá-la-á».

Salvar a vida”, é ceder à tentação de se instalar no sistema. “Perder a vida”, é afirmá-la no seu verdadeiro sentido: a vida como dom, como entrega. O caminho que Jesus propõe, em íntima união com Ele, é plenamente libertador.

Não se trata de buscar cruzes e fazer sacrifícios que, sem os buscar, já fazem parte da vida, mas de viver aligeirando a carga dos que têm a vida mais difícil.
Não é questão de teorias ou normas, mas de seguir uma pessoa, Jesus de Nazaré, e de prosseguir a sua causa.

*******************

Quem é, Senhor?

Qualquer dia, em qualquer momento,
a tempo ou a destempo, sem pré-aviso
lanças a tua pergunta:
E tu, quem dizes que eu sou?

E eu me fico a meio caminho
entre o correcto e o que sinto,
porque não me atrevo a correr riscos
quando tu me perguntas assim.
Ensina-me como tu sabes.
Leva-me ao teu ritmo pelos caminhos do Pai 
e por essas sendas marginais que tanto te atraem.
Corrige-me, cansa-me.
E volta a explicar-me os teus projetos e quereres, e quem és.

Quando em toda a tua vida encontrar o sentido
para os cacos de minha vida destroçada;
quando em teu sofrimento e na tua cruz
descobrir o valor de todas as cruzes;
quando fizer da tua causa a minha causa,
quando já não me procurar salvar
mas perder-me nos teus quereres...
Então, Jesus, volta a perguntar-me:
E tu, quem dizes que eu sou?           

Ulibarri Fl.



Nenhum comentário:

Postar um comentário