“O Reino dos céus é também semelhante a um
tesouro escondido num campo. Um homem o encontra, mas o esconde de novo.
E, cheio de alegria, vai, vende tudo o que tem para comprar aquele campo.
O Reino dos céus é ainda semelhante a um
negociante que procura pérolas preciosas. Encontrando uma de grande valor,
vai, vende tudo o que possui e a compra.” (Mt 13, 44-46)
A mensagem das parábolas do tesouro e da
pérola valiosa sempre nos parece tão simples e óbvia... Mas, será que realmente
entendemos qual é o recado que Jesus dirige aqui a todos os seus discípulos e,
portanto, também a cada um de nós? – Eis a pergunta!
Sobre isso trata o texto que hoje trago para
o blog Indagações-Zapytania. É uma reflexão curta, porém, muito
concreta, que tem como fundo o texto Mt 13, 44-46. É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola. Foi publicada no
site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler.
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IHU – Notícias
Sexta, 25 de julho de 2014.
A decisão mais importante
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus
Cristo segundo Mateus 13, 44-52 que corresponde ao 17º Domingo do Tempo Comum,
ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
O evangelho recolhe duas breves parábolas de Jesus com uma mesma
mensagem. Em ambos os relatos, o protagonista descobre um tesouro
enormemente valioso ou uma pérola de valor incalculável. E os dois reagem
do mesmo modo: vendem com alegria e decisão o que têm, e ficam com o tesouro ou
a pérola. Segundo Jesus, assim reagem os que descobrem o reino de Deus.
Ao que parece, Jesus teme que as pessoas o sigam por interesses
diversos, sem descobrir o mais atrativo e importante: esse projeto
apaixonante do Pai, que consiste em conduzir a humanidade para um mundo mais
justo, fraterno e feliz, encaminhando-o assim para a sua salvação definitiva em
Deus.
Que podemos dizer hoje depois de vinte séculos de cristianismo? Por
que tantos cristãos bons vivem encerrados na sua prática religiosa com a
sensação de não ter descoberto nela nenhum “tesouro”? Onde está a raiz
última dessa falta de entusiasmo e alegria em não poucos âmbitos da nossa
Igreja, incapaz de atrair para o núcleo do Evangelho a tantos homens e mulheres
que se vão afastando dela, sem renunciar por isso a Deus nem a Jesus?
Depois do Concílio, Paulo VI fez esta afirmação rotunda: ”Só o reino de
Deus é absoluto. Tudo o mais é relativo”. Anos mais tarde, João Paulo II
reafirmou-o dizendo: “A Igreja não é ela o seu próprio fim, pois está orientada
para o reino de Deus do qual é gérmen, sinal e instrumento”. o Papa Francisco
vem repetindo: “O projeto de Jesus é instaurar o reino de Deus”.
Se esta é a fé da Igreja, por que há cristãos que nem sequer ouviram
falar deste projeto que Jesus chamava “reino de Deus”? Por que não sabem
que a paixão que animou toda a vida de Jesus, a razão de ser e o objetivo de
toda a sua atuação, foi anunciar e promover esse projeto humanizador do Pai:
procurar o reino de Deus e a Sua justiça?
A Igreja não pode renovar-se desde a sua raiz se não descobre o
“tesouro” do reino de Deus. Não é o mesmo chamar os cristãos a colaborar com
Deus no seu grande projeto de fazer um mundo mais humano, do que viver distraídos
em práticas e costumes que nos fazem esquecer o verdadeiro núcleo do Evangelho.
O Papa Francisco nos diz que “o reino de Deus reclama-nos”. Este grito
nos leva desde o coração do Evangelho. Temos que escutá-lo. Seguramente, a
decisão mais importante que temos de tomar hoje na Igreja e nas nossas
comunidades cristãs é a de recuperar o projeto do reino de Deus com alegria e
entusiasmo.
A nossa busca pelo Reino de Deus deve ser continua, e nunca desistir.
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