« Então
da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho muito amado; ouvi-o!”». (Lc 9, 35)
Abaixo, uma bonita reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano
de fundo o texto bíblico Lc 9, 28-36 (Transfiguração de Jesus). É de autoria
do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
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IHU – Notícias
Sexta, 19 de fevereiro
de 2016
Escutar somente a Jesus
A leitura que a Igreja
propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus segundo lucas 9, 28-36 que
corresponde ao 2° Domingo de Quaresma, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
A cena é considerada
tradicionalmente como «a transfiguração de Jesus». Não é possível reconstruir
com certeza a experiência que deu origem a este surpreendente relato, apenas
sabemos que os evangelistas lhe dão uma grande importância, pois, segundo o seu
relato, é uma experiência que deixa entrever algo da verdadeira
identidade de Jesus.
Num primeiro momento, o
relato destaca a transformação do Seu rosto e, apesar de estar conversando com
Ele Moisés e Elias, talvez como representantes da lei e dos profetas
respectivamente, apenas o rosto de Jesus permanece transfigurado e
resplandecente no centro da cena.
Ao que parece, os
discípulos não captam o conteúdo profundo do que estão a viver, pois Pedro
diz a Jesus: «Mestre, que bom que se está aqui. Faremos três tendas: uma para
ti, outra para Moisés e outra para Elias». Coloca Jesus no mesmo plano e ao
mesmo nível que os dois grandes personagens bíblicos. Para cada um, sua tenda.
Jesus não ocupa, todavia, um lugar central e absoluto nos seus corações.
A voz de Deus vai
corrigi-los, revelando a verdadeira identidade de Jesus: «Este é o Meu Filho, o
escolhido», o que tem o rosto transfigurado. Não tem de ser confundido com os
de Moisés ou Elias, que estão apagados. «Escutai-o». A ninguém
mais. A Sua Palavra é a única decisiva. As outras apenas nos levam até Ele.
É urgente recuperar na
Igreja atual a importância decisiva que teve nos seus começos a experiência de
escutar no seio das comunidades cristãs o relato de Jesus recolhido nos
evangelhos. Estes quatro escritos constituem para os cristãos uma obra
única que não devemos equiparar ao resto dos livros bíblicos.
Há algo que só neles
podemos encontrar: o impacto causado por Jesus nos primeiros que se sentiram
atraídos por Ele e o seguiram. Os evangelhos não são livros didáticos que
expõem doutrina acadêmica sobre Jesus. Tampouco biografias escritas para
informar com detalhe sobre Sua trajetória histórica. São «relatos de
conversão» que convidam à mudança, a seguir Jesus e a identificar-se com o
Seu projeto.
Por isso pedem para ser
escutados numa atitude de conversão. E nessa atitude têm de ser lidos,
pregados, meditados e guardados no coração de cada crente e de cada comunidade.
Uma comunidade cristã que sabe escutar cada domingo o relato evangélico de
Jesus numa atitude de conversão, começa a transformar-se. Não há na
Igreja um potencial mais vigoroso de renovação que o que se encerra
nesses quatro pequenos livros.
Fonte: IHU - Notícias
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