“Jesus disse: “Foi
dito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’.”. (Lc
4,12)
Considero
os comentários escritos por José Antonio Pagola muito interessantes e, principalmente,
muito atuais para os católicos (e cristãos, de modo geral) nos dias de hoje. Publicar
esses textos extraordinários no blog Indagações-Zapytania é uma forma concreta de
ajudar na sua divulgação. As coisas boas
devemos compartilhar com os outros, não é verdade?
Abaixo,
uma reflexão bem concreta, que tem como fundo o texto bíblico Lc 4, 1-13 (Jesus
enfrenta as tentações no deserto).
Foi
publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não
deixe de ler.
WCejnog
o
texto.
IHU - Notícias
sexta, 12 de fevereiro
de 2016
Identificar as tentações
A leitura que a Igreja
propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus segundo Lucas 4,1-13 que
corresponde ao 1° Domingo de Quaresma, ciclo C do Ano Litúrgico.
O teólogo espanhol José
Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Segundo os evangelhos,
as tentações experimentadas por Jesus não são propriamente de ordem moral. São
situações em que lhe são propostas formas falsas de entender e viver a sua
missão. Por isso, a sua reação serve-nos de modelo para o nosso
comportamento moral, mas, sobretudo, alerta-nos para não nos desviarmos da
missão que Jesus confiou a seus seguidores.
Antes de qualquer coisa,
as suas tentações ajudam-nos a identificar com mais lucidez e responsabilidade
as que podem experimentar hoje a sua Igreja e os que a formam. Como seremos uma
Igreja fiel a Jesus se não somos conscientes das tentações mais perigosas que
nos podem desviar hoje do seu projeto e estilo de vida?
Na primeira tentação, Jesus
renuncia a utilizar Deus para «converter» as pedras em pães e saciar assim sua
fome. Não seguirá esse caminho. Não viverá procurando seu próprio
interesse. Não utilizará o Pai de forma egoísta. Se alimentará da Palavra
viva de Deus, só «multiplicará» os pães para alimentar a fome das pessoas.
Esta é provavelmente a
tentação mais grave dos cristãos dos países ricos: utilizar a religião para
completar nosso bem-estar material, tranquilizar nossas consciências e esvaziar
nosso cristianismo de compaixão, vivendo surdos à voz de Deus que nos
continua a gritar, onde estão vossos irmãos?
Na segunda tentação,
Jesus renuncia a obter «poder e glória» oferecidos com a condição de
submeter-se como todos os poderosos aos abusos, mentiras e injustiças
em que se apoia o poder inspirado pelo «diabo». O reino de Deus não se
impõe, oferece-se com amor. Só adorará ao Deus dos pobres, débeis e indefesos.
Nestes tempos de perda
de poder social é tentador para a Igreja tentar recuperar «o
poder e a glória» de outros tempos pretendendo inclusive um poder absoluto
sobre a sociedade. Assim podemos perder
uma oportunidade histórica para entrar num caminho novo de serviço humilde e de
acompanhamento fraterno ao homem e à mulher de hoje, tão necessitados de amor e
de esperança.
Na terceira tentação,
Jesus renuncia a cumprir a sua missão recorrendo ao êxito fácil e
à ostentação. Não será um Messias triunfalista. Nunca colocará Deus ao serviço
da Sua vanglória. Estará entre os seus como quem que serve.
Sempre será tentador
para alguns utilizar o espaço religioso para procurar reputação, renome e
prestígio. Poucas coisas são mais ridículas no seguimento de Jesus que a
ostentação e a busca de honras. Fazem mal à Igreja e esvaziam-na de verdade.
Fonte: IHU - Notícias
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