Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Reconhecer o pecado. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!



Vendo isso, Simão Pedro caiu aos pés de Jesus e exclamou: “Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador”.  (Lc 5, 8)

Abaixo, uma pequena reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 5,1-11 (pesca milagrosa). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de  ler!
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IHU - Notícias
Sexta, 05 de fevereiro de 2016

Reconhecer o pecado


A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus segundo Lucas 5,1-11 que corresponde ao Quinto Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

O relato da “pesca milagrosa” no lago da Galileia foi muito popular entre os primeiros cristãos. Vários evangelistas recolhem o episódio, mas só Lucas culmina a narração com uma cena comovedora que tem por protagonista Simão Pedro, discípulo crente e pecador ao mesmo tempo.

Pedro é um homem de fé, seduzido por Jesus. As suas palavras têm para ele mais força que a sua própria experiência. Pedro sabe que ninguém se põe a pescar ao meio dia no lago, sobretudo se não pescaram nada pela noite. Mas foi dito por Jesus e Pedro confia totalmente nele: “Mas em atenção à tua palavra, vou lançar as redes”.

Pedro é, ao mesmo tempo, um homem de coração sincero. Surpreendido pela enorme pesca obtida, “atira-se aos pés de Jesus” e com uma espontaneidade admirável diz-lhe:“Afasta-te de mim, que sou pecador”. Pedro reconhece ante todos o seu pecado e a sua absoluta indignidade para conviver de perto com Jesus.


Jesus não se assusta de ter a seu lado um discípulo pecador. Pelo contrário, sentindo-se pecador, Pedro poderá compreender melhor a sua mensagem de perdão para todos e o seu acolhimento a pecadores e indesejáveis. ”Não temas. Desde agora, serás pescador de homens”. Jesus tira-lhe o medo de ser um discípulo pecador e associa-o à sua missão de reunir e convocar a homens e mulheres de todas as condições a entrar no projeto salvador de Deus.

Porque a Igreja resiste tanto a reconhecer os seus pecados e a confessar a sua necessidade de conversão? A Igreja é de Jesus Cristo, mas ela não é Jesus Cristo. A ninguém pode estranhar que ela tenha pecado. A Igreja é “santa” porque vive animada pelo Espírito Santo de Jesus, mas é “pecadora” porque, não poucas vezes, resiste a esse Espírito e se afasta do evangelho. O pecado está nos crentes e nas instituições; na hierarquia e no povo de Deus; nos pastores e nas comunidades cristãs. Todos somos necessitados de conversão.

É muito grave habituar-nos a ocultar a verdade, pois nos impede de comprometer-nos numa dinâmica de conversão e renovação. Por outro lado, não é mais evangélica uma Igreja frágil e vulnerável que tem a coragem de reconhecer os seus pecados, do que uma instituição empenhada inutilmente em ocultar ao mundo as suas misérias? Não são mais credíveis nossas comunidades quando colaboram com Cristo na tarefa evangelizadora, reconhecendo humildemente seus pecados e comprometendo-se a uma vida cada vez mais evangélica? Não temos muito que aprender também hoje do grande apóstolo Pedro reconhecendo o seu pecado aos pés de Jesus?



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