Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Nada pode detê-lo. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito boa!



 'Vós viestes com espadas e paus para me prender, como se eu fosse um assaltante. Todos os dias, no Templo, eu me sentava para ensinar, e vós não me prendestes.'  Porém, tudo isto aconteceu  para se cumprir o que os profetas escreveram. Então todos os discípulos, abandonando Jesus, fugiram.” (Mt 26,55-56)

Reflexão para Domingo de Ramos

Abaixo, uma pequena reflexão, muito expressíva e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 26, 14 – 27,66  (Paixão de Jesus Cristo).  É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de  ler!
WCejnóg



IHU - Adital
06 abril 2017.

Nada pode detê-lo

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Mateus 26,14-27,66 que corresponde ao Domingo de Ramos, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol  José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

A execução do Batista não foi algo casual. Segundo uma ideia muito disseminada pelo povo judeu, o destino que espera o profeta é a incompreensão, a rejeição e, em muitos casos, a morte. Provavelmente, Jesus contou desde muito cedo com a possibilidade de um final violento.

Mas Jesus não foi um suicida. Tampouco procurava o martírio. Nunca quis o sofrimento nem para Ele nem para ninguém. Dedicou sua vida a combater a doença, as injustiças, a marginalização ou o desespero. 

Viveu entregue a «procurar o reino de Deus e sua justiça»: esse mundo mais digno e ditoso para todos que procuram seu Pai.
Se Jesus aceita a perseguição e o martírio, é por fidelidade a esse projeto de Deus, que não quer ver sofrer os Seus filhos e filhas. Por isso não corre para a morte, mas tampouco se atira para trás. Não foge diante das ameaças, tampouco modifica sua mensagem nem se desdiz das suas afirmações na defesa dos últimos.

Seria fácil evitar a execução. Bastaria calar-se e não insistir no que poderia irritar o templo ou o palácio do prefeito romano. Não o fez. Seguiu seu caminho. Preferiu ser executado a trair sua consciência e ser infiel ao projeto de Deus, seu Pai.

Aprendeu a viver num clima de insegurança, conflitos e acusações. Dia a dia foi-se reafirmando na sua missão e continuou anunciando com clareza sua mensagem. Atreveu-se a difundir não só nas aldeias retiradas da Galileia, mas nos arredores perigosos do templo. Nada o deteve.

Morrerá fiel ao Deus em quem sempre confiou. Continuará acolhendo a todos, inclusive a pecadores e indesejáveis. Se ao fim é rejeitado, morrerá como um «excluído», mas com sua morte confirmará o que foi toda sua vida: confiança total num Deus que não rejeita nem exclui ninguém do seu perdão.

Continuará a procurar o reino de Deus e sua justiça, identificando-se com os mais pobres e desprezados. Se um dia O executam no suplício da cruz, reservada para escravos,morrerá como o mais pobre e desprezado, mas com sua morte selará para sempre sua fé num Deus que quer a salvação do ser humano de tudo o que o escraviza.


Os seguidores de Jesus descobrimos o Mistério último de Deus encarnado no seu amor e entrega extrema ao ser humano. No amor desse crucificado está Deus mesmo identificado com todos os que sofrem, gritando contra todas as injustiças e perdoando os verdugos de todos os tempos. Neste Deus pode-se acreditar ou não, mas não é possível zombar Dele. Nele nós cristãos confiamos. Nada o deterá no seu empenho de salvar seus filhos e filhas.



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