Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Acolher a força do evangelho. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito atual!




Aproximaram-se da aldeia para onde iam e ele fez como se quisesse passar adiante. Mas eles forçaram-no a parar: Fica conosco, já é tarde e já declina o dia. Entrou então com eles. Aconteceu que, estando sentado conjuntamente à mesa, ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e serviu-lho. Então se lhes abriram os olhos e o reconheceram... mas ele desapareceu. Diziam então um para o outro: Não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?.”  (Lc 24, 28-32)

Abaixo, uma reflexão bem concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 24, 13-35 (Discípulos de Emaús).  É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de  ler!
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IHU - Adital
28 abril 2017

Acolher a força do evangelho

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lucas 24, 13-35 que corresponde ao Terceiro Domingo de Páscoa, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

Dois discípulos de Jesus vão-se afastando de Jerusalém. Caminham tristes e desolados. Quando o viram morrer na cruz, nos seus corações apagou-se a esperança que tinham posto nele. No entanto continuam pensando nele. Não o podem esquecer. Terá sido tudo uma ilusão?

Enquanto conversam e discutem sobre tudo o que viveram, Jesus aproxima-se e caminha com eles. No entanto, os discípulos não o reconhecem. Aquele Jesus em quem tinham confiado e que tinham amado com paixão parece-lhes agora um caminhante estranho.

Jesus junta-se à conversa. Os caminhantes escutam-no primeiro surpreendidos, mas pouco a pouco algo vai despertando nos seus corações. Não sabem exatamente o que lhes está a suceder. Mais tarde dirão: «Não estava o nosso coração ardendo quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?».

Os caminhantes sentem-se atraídos pelas palavras de Jesus. Chega um momento em que necessitam da Sua companhia. Não querem deixá-Lo partir: «Fica conosco». Durante o jantar abrir-se-ão os olhos e o reconhecem. Esta é a grande mensagem deste relato:quando acolhemos Jesus como companheiro de caminho, suas palavras podem despertar em nós a esperança perdida.

Durante estes anos, muitas pessoas perderam a sua confiança em Jesus. Pouco a pouco converteu-se num personagem estranho e irreconhecível. Tudo o que sabem dele é o que podem reconstruir, de forma parcial e fragmentada, a partir do que escutaram a predicadores e catequistas.

Sem dúvida, a homilia dos Domingos cumpre uma função insubstituível, mas é claramente insuficiente para que as pessoas de hoje possam entrar em contato direto e vivo com o Evangelho. Tal como se leva a cabo, ante um povo que deve permanecer mudo, sem expor as suas inquietudes, interrogações e problemas, é difícil que consiga regenerar a fé vacilante de tantas pessoas que procuram, por vezes sem o saber, encontrar-se com Jesus.

Não terá chegado o momento de instaurar, fora do contexto da liturgia dominical, um espaço novo e diferente para escutar juntos o Evangelho de Jesus? Por que não reunirmos laicos e presbíteros, mulheres e homens, cristãos convictos e pessoas que se interessam pela fé, para escutar, partilhar, dialogar e acolher o Evangelho de Jesus?

Temos de dar ao Evangelho a oportunidade de entrar com toda a sua força transformadora em contato direto e imediato com os problemas, crises, medos e esperanças das pessoas de hoje. Em breve será demasiado tarde para recuperar entre nós a frescura original do Evangelho. Hoje é possível.




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