A Páscoa sempre deixa um clima especial. É tempo
muito apropriado para refletir e pensar sobre a vida, a morte, a esperança...
Acho válido postar novamente aqui, no blog
Indagações-Zapytania, uma reflexão muito boa e atual, que tem como pano de
fundo o texto Jo 20, 19-31 (Jesus ressuscitado aparece aos discípulos assustados, amedrontados e escondidos por causa do medo. O testemunho do
Tomé). Essa reflexão já foi publicada neste espaço no mês de abril de 2014. É
de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
Vale a pena ler e refletir!
WCejnog
IHU – Adital
14 abril 2017
Voltar à Galileia
A leitura que a Igreja propõe para o Sábado Santo é
o Evangelho segundo Mateus 28,1-10 que corresponde a Vigília Pascal, ciclo A do
Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o
texto.
Eis o texto
Os evangelhos recolhem a memória de algumas
mulheres admiráveis que, ao amanhecer de sábado, se aproximaram do
sepulcro onde foi enterrado Jesus. Não podem esquecê-lo. Continuam a amá-lo
mais do que a ninguém. Entretanto, os homens fugiram e permanecem talvez
escondidos.
A mensagem que escutam ao chegar é de uma
importância excepcional. O evangelho de Mateus diz assim: “Sei que procurais
Jesus, o crucificado. Não está aqui. Ressuscitou como disse. Vinde ver o sítio
onde jazia”. É um erro procurar Jesus no mundo da morte. Está vivo
para sempre. Nunca o encontraremos onde a vida está morta.
Não temos de esquecê-lo. Se procurarmos encontrar
Cristo ressuscitado, cheio de vida e força criadora, não temos de
procurá-Lo numa religião morta, reduzida ao cumprimento externo de preceitos e
ritos rotineiros, numa fé apagada que se sustenta em tópicos e fórmulas velhas,
vazias de amor vivo a Jesus.
Então, onde podemos encontrá-lo? As mulheres
recebem este encargo: “Ide depressa dizer aos discípulos: ‘Ressuscitou dentre
os mortos e vai à vossa frente para a Galileia. Ali o vereis’”. Por que tem de
se voltar à Galileia para ver o Ressuscitado? Que sentido profundo se
encerra neste convite? Que se pretende dizer aos cristãos de hoje?
Na Galileia escutou-se, pela primeira vez e
em toda a sua pureza, a Boa Nova de Deus e o projeto humanizador do
Pai. Se não voltarmos a escutá-Lo hoje com o coração simples e aberto, nos
alimentaremos de doutrinas veneráveis, mas não conheceremos a alegria do
Evangelho de Jesus, capaz de “ressuscitar” a nossa fé.
Além disso, na margem do lago da Galileia foi-se
formando a primeira comunidade de Jesus. Seus seguidores vivem junto Dele uma
experiência única. Sua presença preenche tudo. Ele é o centro. Com Ele aprendem
a viver acolhendo, perdoando, curando a vida e despertando a confiança no amor
insondável de Deus. Se não colocarmos quanto antes Jesus no centro das
nossas comunidades, nunca experimentaremos a Sua presença no meio de nós.
Se voltarmos à Galileia a “presença
invisível” de Jesus ressuscitado adquirirá traços humanos ao ler os relatos
evangélicos, e a Sua “presença silenciosa” recobrará voz concreta ao escutar as
suas palavras de alento.
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