“Então Jesus aproximou-se e falou: “Toda a autoridade me foi
dada no céu e sobre a terra. Portanto,
ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do
Filho e do Espírito Santo, e
ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que estarei convosco todos
os dias, até o fim do mundo”. (Mt 28, 18-20)
Festa da Ascensão
Abaixo, uma pequena reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano
de fundo o texto bíblico Mt 28,16-20 (Jesus diz a seus discípulos: Ide! Eis que
estou com vocês todos os dias!) escrita pelo padre e teólogo espanhol José
Antonio Pagola.
O texto foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU) em maio de 2014 e novamente agora, na festa da Ascensão.
Não deixe de ler!
WCejnog
IHU - Adital
26 maio 2017.
Abrir o horizonte
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho segundo Mateus capítulo 28,16-20 que corresponde ao Domingo da
Ascensão, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta
o texto.
Eis o texto
Ocupados apenas em conseguir imediatamente um maior
bem-estar e atraídos por pequenas aspirações e esperanças, corremos o risco de
empobrecer o horizonte da nossa existência perdendo a ânsia de
eternidade. É um progresso? É um erro?
Há dois fatos que não é difícil comprovar neste
novo milênio em que vivemos desde alguns anos. Por um lado cresce na comunidade
humana a expectativa e o desejo de um mundo melhor. Não nos contentamos com
qualquer coisa: necessitamos progredir para um mundo mais digno, mais
humano e ditoso.
Por outro, está crescendo ao mesmo tempo o
desencanto, o ceticismo e a incerteza ante o futuro. Há tanto
sofrimento absurdo na vida das pessoas e dos povos, tantos conflitos
envenenados, como abusos contra o planeta, que não é fácil manter a fé no ser
humano.
É certo que o desenvolvimento da ciência e
da tecnologia consegue resolver muitos males e sofrimentos. No futuro se
conseguirão, sem dúvida, êxitos ainda mais espetaculares. Ainda não somos
capazes de intuir a capacidade contida no ser humano para desenvolver um
bem-estar físico, psíquico e social.
Mas não seria honesto esquecer que este
desenvolvimento prodigioso nos vai “salvando” apenas de alguns males e apenas
de forma limitada. Agora precisamente que desfrutamos cada vez mais do
progresso humano, começamos a perceber melhor que o ser humano não pode
dar-se a si mesmo tudo o que deseja e procura.
Quem nos salvará do envelhecimento, da morte inevitável
ou do estranho poder do mal? Não nos deve surpreender que muitos comecem a
sentir a necessidade de algo que não é nem técnica nem ciência, tampouco
ideologia ou doutrina religiosa. O ser humano resiste a viver encerrado para
sempre nesta condição caduca e mortal. Procura um horizonte, necessita
de uma esperança mais definitiva.
Não poucos cristãos vivem hoje olhando
exclusivamente para a terra. Ao que parece não nos atrevemos a levantar
o olhar mais além do imediato de cada dia. Nesta festa cristã da Ascensão
do Senhor, quero recordar umas palavras daquele grande cientista e místico que
foi P. Teilhard de Chardin: “Cristãos a apenas vinte séculos da Ascensão”. “Que
fizestes da esperança cristã?”.
No meio de interrogações e incertezas, os seguidores
de Jesus, seguimos caminhando pela vida trabalhados pela confiança e pela
convicção. Quando parece que a vida se fecha ou se extingue, Deus permanece. O
mistério último da realidade é um mistério de amor salvador. Deus é uma
porta aberta à vida eterna. Ninguém a pode fechar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário