“Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas
e as minhas ovelhas conhecem a mim, como meu Pai me conhece e eu conheço o Pai.
Dou a minha vida pelas minhas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são
deste aprisco. Preciso conduzi-las também, e ouvirão a minha voz e haverá um só
rebanho e um só pastor." (Jo 10, 14-16)
Abaixo, uma curta
reflexão, muito concreta e atual, do padre e teólogo espanhol José Antônio
Pagola. Como pano
de fundo tem o texto bíblico Jo 10,
1-10 (Jesus é a Porta das ovelhas).
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
WCejnog
IHU - Adital
05 maio 2017
Nova relação com Jesus
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho segundo João 10,1-10 que corresponde ao Quarto Domingo de Páscoa,
ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o
texto.
Eis o texto
Nas comunidades cristãs, necessitamos viver uma experiência nova de
Jesus, reavivando a nossa relação com Ele. Colocá-Lo decididamente no
centro da nossa vida. Passar de um Jesus confessado de forma rotineira para um
Jesus recebido vitalmente. O evangelho de João faz algumas sugestões
importantes ao falar da relação das ovelhas com o seu pastor.
A primeira é “escutar
sua voz” com toda sua
frescura e originalidade. Não confundi-la com o respeito às tradições
nem com a novidade das modas. Não nos deixarmos distrair nem aturdir por outras
vozes estranhas que, mesmo que se escute no interior da Igreja, não comunicam a
sua Boa Nova.
É importante, também, sentir-nos chamados por Jesus “pelo nosso nome”. Deixar-nos
atrair por Ele. Descobrir pouco a pouco, e cada vez com mais alegria, que
ninguém responde como Ele às nossas perguntas mais decisivas, aos nossos
desejos mais profundos e às nossas necessidades últimas.
É decisivo “seguir”
Jesus. A fé cristã não consiste em acreditar em
coisas sobre Jesus, mas em acreditar Nele: em viver confiando na Sua pessoa; em
inspirar-nos no seu estilo de vida para orientar a nossa própria existência com
lucidez e responsabilidade.
É vital caminhar tendo
Jesus “diante de nós”. Não fazer o percurso da nossa vida em solidão. Experimentar em algum momento, ainda que desajeitadamente, que é
possível viver a vida desde a sua raiz: desde esse Deus que se nos oferece em
Jesus, mais humano, mais amigo, mas próximo e salvador que todas as nossas
teorias.
Esta relação viva com Jesus não nasce em nós de
forma automática. Vai-se despertando no nosso interior de forma frágil e
humilde. De início é quase só um desejo. Em geral cresce rodeada de dúvidas,
interrogações e resistências. Mas, não sei como, chega um momento em que o contato com Jesus começa a marcar decisivamente
a nossa vida.
Estou convencido de que o futuro da fé entre nós está a decidir-se, em boa parte, na
consciência de quem neste momento se sente cristão. Agora mesmo a
fé está a reavivar-se ou está a extinguir-se nas nossas paróquias e
comunidades, no coração dos sacerdotes e dos fiéis que as formamos.
A descrença começa a
penetrar em nós desde o mesmo momento em que a nossa relação com Jesus perde
força ou fica adormecida pela rotina, a
indiferença e a despreocupação. Por isso, o papa Francisco reconheceu que
“necessitamos criar espaços motivadores e de cura [...] lugares onde podemos regenerar
a fé em Jesus”. Temos de escutar sua chamada.
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