“Jesus lhes disse: "Digo a verdade: Os publicanos e as
prostitutas estão entrando antes de vocês no Reino de Deus. Porque João veio
para mostrar o caminho da justiça, e vocês não creram nele, mas os publicanos e
as prostitutas creram. E, mesmo depois de verem isso, vocês não se arrependeram
nem creram nele. (Mt 21, 31b-32)
Hoje, para quem estiver
interessado em entender melhor o texto bíblico Mt 21- 28-32 (a parábola dos dois filhos. Um disse sim ao pai, mas não foi trabalhar; o outro disse não, mas foi para trabalhar na vinha do pai. Quem deles fez a vontade do pai? - fica a pergunta), trago para o blog Indagações-Zapytania duas reflexões.
A primeira é À nossa frente, do padre e teólogo José Antonio
Pagola, que pode ser acessada no
link: IHU - Comentário do Evangelho.
E a outra, Não só palavras, mas ações, muito interessante, segue abaixo. É de autoria de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado. O texto foi publicado no site do Instituto
Humanitas Unisinos.
Vale a pena ler e
refletir!
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IHU-ADITAL
Não só palavras, mas ações.
29 setembro 2017.
Leitura do Evangelho segundo Mateus
21,28-32. (Correspondente ao 26° Domingo do Tempo Comum, ciclo A do
Ano Litúrgico).
O comentário é de Ana Maria
Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
Não só
palavras, mas ações
O texto que a liturgia oferece hoje
deve ser lido dentro do contexto de um diálogo entre Jesus e as autoridades religiosas
do Templo. O Templo era considerado para eles o centro da sua vida,
muitas vezes acima do respeito às diferentes culturas e formas de agir e
pensar.
As autoridades se achavam quase donas
do poder de Deus que era distribuído segundo os critérios da
Lei, mas que comportava uma grande variedade de acepções colocadas e
controladas por eles ao longo de vários anos.
Desta forma, consideravam-se no
direito de receber ou rechaçar e excluir distintas pessoas e situações que não
estavam conforme a “Lei o exigia”.
Formavam parte desse grupo os
deficientes, publicanos e pecadores, as prostitutas, os gentios e em geral
todos e todas aquelas que não viviam conforme o legalismo por eles praticado.
Eram pessoas pobres, simples, e seu trabalho não lhes permitia conhecer nem
cumprir as normas da Lei.
A narrativa inicia-se com uma
pergunta: “O que vocês acham disto?”. E continua contando uma nova
parábola, uma história autêntica ou fictícia que visa ensinar uma verdade. A
linguagem figurada era o método regularmente aplicado nas sinagogas e o povo
estava acostumado a escutá-lo e entendê-lo.
Há três figuras que aparecem no
relato: um pai e dois filhos. O homem parece dono de uma vinha e chama seus
filhos para trabalhar nela: um deles, o mais velho, responde que não tem
vontade, mas depois vai, e o outro diz que sim, mas não vai.
A pergunta de Jesus aos ouvintes é:
Qual dos dois fez a vontade do pai? A resposta diante dessa pergunta parece
imediata: Os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “O
filho mais velho”.
Não importa o que foi dito ou
prometido, mas, sim, o que foi realizado. Desde a resposta dos chefes
do Templo e dos anciãos do povo, Jesus aproveita para ensinar-lhes as
duras consequências de suas atitudes diante do povo. As pessoas que eles
rejeitam serão os primeiros no Reino do Céu! “Entrarão antes de vocês
no Reino do Céu.”
Estas pessoas simples, afastadas por
eles das práticas religiosas, têm a capacidade de reconhecer sua necessidade e
sabem escutar a palavra certa, como aconteceu com João Batista. Pessoas
que se consideram indigentes, miseráveis, pobres, e por isso a necessidade de
uma palavra de consolo, que os conforte e os fortaleça na dura situação que
estão vivendo.
Nesta parábola, Jesus deixa
bem claro que o importante não são as palavras pronunciadas, mas levar uma vida
de acordo com isso.
Hoje, ao nosso redor, há muitas
pessoas que ficam fora do sistema estabelecido pelos impérios que procuram
governar o mundo. O papa Francisco continuamente denuncia essa
realidade e também ele sofre as consequências de uma vida conforme o Evangelho.
Cumprir a vontade de Deus não
é somente conhecer práticas religiosas, ou realizar atos de caridade. Além
disso, é preciso ser uma pessoa humilde, que reconhece suas limitações e sente
a necessidade de Deus, e não uma pessoa que se acha fiel discípula de
Jesus.
O filho mais velho, que responde que
não tem vontade de trabalhar, representa “os cobradores de impostos e as
prostitutas” e são os que entraram primeiro no Reino do Céu.
O Reino de Deus não
é uma “estrutura bem feita, toda em ordem, organogramas bem feitos...”. É algo
que se constrói na cotidianidade, o produto de um caminho, um crescimento. A
rigidez não serve, nem mesmo o “fixismo” (Trecho de uma reportagem realizada
por Marco Politi (Papa Francisco secreto: nas homilias
de Santa Marta, o seu pensamento de verdade.)
Somos convidados a descobrir a
presença de Jesus nos pobres, nos refugiados, nos que são
maltratados pelos sistemas culturais, religiosos e políticos.
Como responde Francisco num
encontro de sacerdotes: “Penso que quanto mais imitarmos o estilo de Jesus,
melhor será o nosso trabalho de pastores. Este é o critério fundamental: o estilo
de Jesus. Jesus sempre estava a caminho, entre as pessoas, a multidão, diz
o Evangelho, que distingue bem entre discípulos, multidão, doutores da Lei.
Podemos intuir que Jesus passava a
maior parte do tempo na rua: isso quer dizer proximidade com os problemas das
pessoas; não se escondia. E depois, à noite, escondia-se para rezar.
Isso é útil para nós, que sempre
estamos com pressa, olhando para o relógio, porque devemos nos apressar; mas
este comportamento não é pastoral. Jesus não fazia isso. Jesus nunca esteve parado, e,
como todos os que caminham, está exposto a tensões”. (Disponível em: Papa Francisco. “Não aos padres Google e Wikipedia”
Papa Francisco.)