Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

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sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Crédito no Brasil não é estímulo, é extorsão, afirma Ladislau Dowbor. – Reportagem de Paulo Donizetti. É importante ler para saber!



A baixo, mais uma matéria muito boa e bem atual sobre a crise econômica do Brasil. A reportagem do Paulo Donizetti  traz opiniões do economista Ladislau Dowbor que podem ser uma boa ajuda para as pessoas que gostariam de entender melhor a questão de juros astronômicos praticados no Brasil pelos bancos e instituições financeiras.

Para contribuir um pouco na divulgação dessa reportagem, publico-a também no meu blog.
Vale a pena  ler!
WCejnóg

IHU - NOTÍCIAS
Segunda, 01 de agosto de 2016

Crédito no Brasil não é estímulo, é extorsão, afirma Ladislau Dowbor

“Hoje a crise civilizatória não se dá por falta de recursos. Se se dividir o PIB do planeta, de US$ 80 trilhões, pelos 7 bilhões de habitantes do mundo, chegaríamos a uma média mensal de R$ 9 mil reais para cada família de quatro pessoas. Ou seja, o que se produz hoje no mundo daria para todo mundo”, destaca o economista Ladislau Dowbor.

A reportagem é de  e publicada por Rede Brasil Atual - RBA, 30-07-2016.

(Ladislau Dowbor participou, na manhã de 29 de julho, ao lado do economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Unicamp, de debate na abertura da conferência nacional dos bancários. O evento aconteceu na capital paulista.)

Reportagem

O mundo passa por uma crise civilizatória e já se fala em novo Bretton Woods.  A afirmação, do economista Ladislau Dowbor, remete ao tratado firmado um ano antes do fim da Segunda Guerra Mundial, na cidade norte-americana de mesmo nome (estado de New Hampshire), por 44 países. Na ocasião, as maiores economias do mundo estavam destroçadas pela guerra e buscavam mecanismos de recuperação por meio de uma nova ordem monetária que regulasse as relações comerciais entre as nações-membros. O desafio era reconstruir o bombardeado capitalismo.

A diferença, na análise de Dowbor, professor da PUC-SP, é que hoje o próprio capitalismo se põe em situação de derrocada por meio da financeirização das economias – um sistema que promove a riqueza de uma minoria.

“Hoje a crise civilizatória não se dá por falta de recursos. Se se dividir o PIB do planeta, de US$ 80 trilhões, pelos 7 bilhões de habitantes do mundo, chegaríamos a uma média mensal de R$ 9 mil reais para cada família de quatro pessoas. Ou seja, o que se produz hoje no mundo daria para todo mundo”, calcula Dowbor, citando estudo da Oxfam, organização especializada em estudos para o combate às desigualdades.

“Hoje há 62 bilionários que têm mais riqueza do que 3,6 bilhões de pessoas (metade da população global). Eles produziram tudo isso? Que nada. Eles se apropriaram através de um conjunto de mecanismos financeiros”, afirmou.

Dowbor reforçou a tese apresentada por Belluzzo, de que a globalização financeira desencadeada há quatro décadas compromete o funcionamento do próprio capitalismo e, no Brasil, tem impactos ainda mais perversos. Enquanto na maior parte dos países de economia desenvolvida a taxa básica de juros gira em torno do 0,5% a 1% ao ano, aqui esse índice está em 14,25%, o que inibe tanto o investimento do setor produtivo quanto taxas de crédito civilizadas.

"Banco antigamente fazia trabalho de identificar bons projetos produtivos. Agora, para que arriscar? É só aplicar na taxa Selic, que rende 14,25% sem riscos de perdas", provoca Dowbor, que observa como o arranjo afeta também o setor produtivo empresarial. "Para que o empresário vai se matar com insegurança econômica e investir no setor produtivo se pode aplicar na Selic?"

Segundo o economista, a taxa básica de juros elevada acaba por encarecer o crédito na economia como um todo. Ele compara que os juros do cartão de crédito no Brasil giram em torno dos 471% ao ano, enquanto nos Estados Unidos esse índice é de 16%. Observa que a cada R$ 100 que consumidor paga com cartão de crédito, 5% fica com a operadora; se for no débito, são 2,5% que o vendedor deixa de receber. Na França é 0,36%

“Em março de 2005, 19,3% da renda das famílias estava comprometida com o pagamento de dívidas, e passou para 46,5% em 2015.  É um crédito que não facilita, mas extorque”, criticou.

Nove por cento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro foi destinado a pagamentos de juros pelo governo aos bancos em 2015. “Não tem economia que possa funcionar assim.”

Dowbor criticou também o sistema tributário, por aliviar a taxação o capital financeiro e incidir pesadamente sobre o consumo. “O rico proporcionalmente paga muitos menos impostos do que o pobre. Aí você fechou o caixão. E dizem que a culpa é do governo Dilma...  Quando a Dilma tentou baixar os juros a 7,25%, começou guerra. Pode-se dizer a guerra do rentismo contra os processos produtivos.”

O professor da PUC afirmou que a construção de uma alternativa econômica para o país passa pela regulação do setor financeiro e citou exemplo da Polônia, que acaba de se recuperar da crise, e onde o sistema financeiro é constituído majoritariamente por bancos cooperativos. “Temos de promover o resgate da dimensão cidadã do bancário, do trabalhador. É preciso discutir a função social do sistema”, defendeu.

Segundo ele, dos quatro motores da economia – as exportações, as demandas das famílias, as demandas das empresas e os investimentos do setor público –, os três últimos são fortemente abatidos pela financeirização, a especulação e a política de juros. "Estamos desviando para o capital financeiro recursos que deveriam servir para impulsionar a economia."




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