Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Viver perdoando. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!



Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete.” (Mt 18,21-22)

Abaixo, uma boa reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 18, 21-35  (Perdoar é necessário – parábola do servo impiedoso). 
O texto foi escrito pelo padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena  ler e meditar!

WCejnóg


IHU-ADITAL
15 setembro 2017.

Viver perdoando

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 18,21-35 que corresponde ao 24° Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol Josè Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Os discípulos ouviram Jesus dizer coisas incríveis sobre o amor aos inimigos, a oração ao Pai pelos que os perseguem, o perdão a quem lhes faz mal. Seguramente parece-lhes uma mensagem extraordinária, mas pouco realista e muito problemática.

Pedro aproxima-se agora de Jesus com uma abordagem mais prática e concreta que lhes permita, ao menos, resolver os problemas que surgem entre eles: desconfianças, invejas, confrontos e conflitos. Como deve atuar naquela família de seguidores que caminham atrás de seus passos? Em concreto: “Quantas vezes devo perdoar ao meu irmão quando me ofenda?”.

Antes que Jesus lhe responda, o impetuoso Pedro adianta-se para fazer a sua própria sugestão: “Até sete vezes?”. A sua proposta é de uma generosidade muito superior ao ambiente justiceiro que se respira na sociedade judaica. Vai mais longe inclusive do que se pratica entre os rabinos e os grupos essênios, que falam como máximo de perdoar até quatro vezes.

No entanto, Pedro continua a mover-se no plano da casuística judaica, onde se prescreve o perdão como arranjo amistoso e regulamentado para garantir o funcionamento ordenado da convivência entre quem pertence ao mesmo grupo.

A resposta de Jesus exige colocar-nos noutro registro. No perdão não há limites: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete”. Não tem sentido manter uma contabilidade do perdão. O que se põe a contar quantas vezes está a perdoar ao irmão entra por um caminho absurdo que arruína o espírito que tem de reinar entre os seus seguidores.

Entre os judeus era conhecido o “Canto da vingança” de Lámec, um lendário herói do deserto, que dizia assim: “Caim será vingado sete vezes, mas Lámec será vingado setenta vezes sete”. Perante esta cultura da vingança sem limites, Jesus propõe o perdão sem limites entre os seus seguidores.

As diferentes posições ante o Concílio foram provocando no interior da Igreja conflitos e confrontos por vezes muito dolorosos. A falta de respeito mútuo, os insultos e as calúnias são frequentes. Sem que ninguém os desautorize, setores que se dizem cristãos servem-se da Internet para semear agressividade e ódio, destruindo sem piedade o nome e a trajetória de outros crentes.

Necessitamos urgentemente de testemunhas de Jesus que anunciem com palavra firme o seu Evangelho e qucontagiem com coração humilde a sua paz. Crentes que vivam perdoando e curando esta obsessão doentia que entrou na sua Igreja.



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