“Ao anoitecer, depois do
pôr do sol, o povo levou a Jesus todos os doentes e os endemoninhados. Toda a
cidade se reuniu à porta da casa, e Jesus curou muitos que sofriam de várias
doenças.” (Mc
1, 32-34)
Hoje, uma
boa reflexão, muito atual e importante. Como pano de fundo tem o texto bíblico Mc 1, 29-39 (Jesus cura a sogra
de Simão Pedro). É de
autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
WCejnóg
IHU – ADITAL
02 Fevereiro 2018.
À porta de nossa casa
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 1,29-39 que corresponde ao Quinto Domingo
do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico.
O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta
o texto.
Eis o texto
Na sinagoga de Cafarnaum, Jesus libertou pela manhã
um homem possuído por um espírito maligno. Agora se diz que sai da «sinagoga»
e parte para a «casa» de Simão e André. A indicação é importante,
pois no evangelho de Marcos o que sucede nessa casa encerra sempre algum
ensinamento para as comunidades cristãs.
Jesus passa da sinagoga, lugar oficial da religião
judia, à casa, lugar onde se vive a vida quotidiana junto aos seres mais
queridos. Nessa casa vai-se formando a nova família de Jesus. Nas comunidades
cristãs temos de saber que não é um lugar religioso onde se vive da Lei,
mas um lar onde se aprende a viver de forma nova em torno
a
Jesus.
Jesus.
Ao entrar na casa, os discípulos falam-lhe da sogra
de Simão. Não pode sair a acolhê-los, pois está prostrada na cama, com febre.
Jesus não necessita de mais. De novo vai quebrar o sábado pela segunda vez no
mesmo dia. Para Ele, o importante é a vida sã das pessoas, não as
observâncias religiosas. O relato descreve com todo o detalhe os gestos de
Jesus com a mulher doente.
«Aproximou-se». É o que
faz sempre primeiro: aproximar-se dos que sofrem, olhar de perto o seu rosto e
partilhar o seu sofrimento. Logo «a segura pela mão»: toca a
doente, não teme as regras de pureza que o proíbem; quer que a mulher sinta a
Sua força de curar. Por fim «levantou-a», coloco-a de pé,
devolveu-lhe a dignidade.
Assim está sempre Jesus no meio dos seus: como
uma mão estendida que nos levanta, como um amigo próximo que nos infunde
vida. Jesus só sabe servir, não ser servido. Por isso a mulher curada por Ele
se põe a «servir» todos. Aprende-o com Jesus. Os seus seguidores, temos de
viver acolhendo-nos e cuidando-nos uns aos outros.
Mas seria um erro pensar que a comunidade cristã é
uma família que pensa só nos seus próprios membros e vive de costas para o
sofrimento dos outros. O relato diz que esse mesmo dia, «ao pôr-se o sol»,
quando havia terminado o sábado, levam a Jesus todo tipo de doentes e
possuídos por algum mal.
Os seguidores de Jesus, temos de gravar bem esta
cena. Ao chegar a obscuridade da noite, toda a população, com os seus doentes,
«acotovela-se à porta». Os olhos e as esperanças dos que sofrem procuram a
porta dessa casa onde está Jesus. A Igreja só atrai de verdade quando as
pessoas que sofrem podem descobrir dentro delas Jesus curando a vida e
aliviando o sofrimento. À porta das nossas comunidades, há muita gente
que sofre. Não o esqueçamos.
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