É
muito bom poder conhecer as opiniões de outras pessoas, principalmente daquelas
conhecidas mundialmente e que marcaram a história da humanidade.
Hoje
trago para o blog Indagações-Zapytania algumas frases/textos que expressam o
ponto de vista de Albert Einstein – o mais notável físico de todos os tempos; um
dos maiores cientistas que a humanidade já teve. Acho que vale a pena ler esses
textos, conhecer e analisar as suas opiniões, pois certamente podem nos ajudar a
clarear também as nossas próprias opiniões, corrigir e construir novos olhares sobre
o mundo, a sociedade, o homem e a vida em si.
Considero
as opiniões de Einstein muito interessantes e úteis, e por isso quero
compartilhá-las com os leitores e/ou visitantes deste blog. É evidente que ler
qualquer texto ou obra para conhecer e descobrir coisas novas não significa que
precisamos aceitar tudo em sua totalidade. Sempre é imprescindível ter um olhar
crítico. Porém, é uma questão de ser justo e honesto, reconhecer o bem e os
valores que encontramos no pensamento dos outros.
Talvez
ao conhecer melhor as pessoas, ficaria mais fácil respeitá-las, compreendê-las
e assim demolir os muros de preconceitos e paradigmas, frequentemente
construídos por homens dos dois lados. Estou me referindo às relações entre a
ciência e a religião e de seus representantes.
Os
textos foram extraídos do livro “Como vejo o mundo”, escrito por Albert
Einstein.*
WCejnóg
Minha condição humana me fascina
(Albert Einstein)
Minha condição humana me fascina.
Conheço o limite de minha existência e ignoro por que estou nesta terra, mas às
vezes o pressinto. Pela experiência cotidiana, concreta e intuitiva, eu me
descubro vivo para alguns homens, porque o sorriso e a felicidade deles me
condicionam inteiramente, mas ainda para outros que, por acaso, descobri terem
emoções semelhantes às minhas.
E cada dia, milhares de vezes, sinto minha vida — corpo e alma — integralmente tributária do trabalho dos vivos e dos mortos. Gostaria de dar tanto quanto recebo e não paro de receber. Mas depois experimento o sentimento satisfeito de minha solidão e quase demonstro má consciência ao exigir ainda alguma coisa de outrem. Vejo os homens se diferenciarem pelas classes sociais e sei que nada as justifica a não ser pela violência. Sonho ser acessível e desejável para todos uma vida simples e natural, de corpo e de espírito.
Recuso-me a crer na liberdade e neste conceito filosófico. Eu não sou livre, e sim às vezes constrangido por pressões estranhas a mim, outras vezes por convicções íntimas. Ainda jovem, fiquei impressionado pela máxima de Schopenhauer: “O homem pode, é certo, fazer o que quer, mas não pode querer o que quer”; e hoje, diante do espetáculo aterrador das injustiças humanas, esta moral me tranqüiliza e me educa. Aprendo a tolerar aquilo que me faz sofrer. Suporto então melhor meu sentimento de responsabilidade. Ele já não me esmaga e deixo de me levar, a mim ou aos outros, a sério demais. Vejo então o mundo com bom humor. Não posso me preocupar com o sentido ou a finalidade de minha existência, nem da dos outros, porque, do ponto de vista estritamente objetivo, é absurdo. E no entanto, como homem, alguns ideais dirigem minhas ações e orientam meus juízos. Porque jamais considerei o prazer e a felicidade como um fim em si e deixo este tipo de satisfação aos indivíduos reduzidos a instintos de grupo.
Em compensação, foram ideais que suscitaram meus esforços e me permitiram viver. Chamam-se o bem, a beleza, a verdade. Se não me identifico com outras sensibilidades semelhantes à minha e se não me obstino incansavelmente em perseguir este ideal eternamente inacessível na arte e na ciência, a vida perde todo o sentido para mim. Ora, a humanidade se apaixona por finalidades irrisórias que têm por nome a riqueza, a glória, o luxo. Desde moço já as desprezava.
Tenho forte amor pela justiça, pelo compromisso social. Mas com muita dificuldade me integro com os homens e em suas comunidades. Não lhes sinto a falta porque sou profundamente um solitário. Sinto-me realmente ligado ao Estado, à pátria, a meus amigos, a minha família no sentido completo do termo. Mas meu coração experimenta, diante desses laços, curioso sentimento de estranheza, de afastamento e a idade vem acentuando ainda mais essa distância. Conheço com lucidez e sem prevenção as fronteiras da comunicação e da harmonia entre mim e os outros homens. Com isso perdi algo da ingenuidade ou da inocência, mas ganhei minha independência. Já não mais firmo uma opinião, um hábito ou um julgamento sobre outra pessoa. Testei o homem. É inconsistente.
A virtude republicana corresponde a meu ideal político. Cada vida encarna a dignidade da pessoa humana, e nenhum destino poderá justificar uma exaltação qualquer de quem quer que seja. Ora, o acaso brinca comigo. Porque os homens me testemunham uma incrível e excessiva admiração e veneração. Não quero e não mereço nada. Imagino qual seja a causa profunda, mas quimérica, de seu sentimento. Querem compreender as poucas ideias que descobri. Mas a elas consagrei minha vida, uma vida inteira de esforço ininterrupto. Fazer, criar, inventar exigem uma unidade de concepção, de direção e de responsabilidade. Reconheço esta evidência. Os cidadãos executantes, porém, não deverão nunca ser obrigados e poderão escolher sempre seu chefe.
Ora, bem depressa e inexoravelmente,
um sistema autocrático de domínio se instala e o ideal republicano degenera. A
violência fascina os seres moralmente mais fracos. Um tirano vence por seu
gênio, mas seu sucessor será sempre um rematado canalha. Por esta razão, luto
sem tréguas e apaixonadamente contra os sistemas dessa natureza, contra a
Itália fascista de hoje e contra a Rússia soviética de hoje. A atual democracia
na Europa naufraga e culpamos por esse naufrágio o desaparecimento da ideologia
republicana. Aí vejo duas causas terrivelmente graves. Os chefes de governo não
encarnam a estabilidade e o modo da votação se revela impessoal. Ora, creio que
os Estados Unidos da América encontraram a solução para esse problema. Escolhem
um presidente responsável eleito por quatro anos. Governa efetivamente e afirma
de verdade seu compromisso. Em compensação, o sistema político europeu se
preocupa mais com o cidadão, com o enfermo e o indigente. Nos mecanismos
universais, o mecanismo Estado não se impõe como o mais indispensável. Mas é a
pessoa humana, livre, criadora e sensível que modela o belo e exalta o sublime,
ao passo que as massas continuam arrastadas por uma dança infernal de imbecilidade
e de embrutecimento.
A pior das instituições gregárias se
intitula exército. Eu o odeio. Se um homem puder sentir qualquer prazer em
desfilar aos sons de música, eu desprezo este homem... Não merece um cérebro humano, já que a medula
espinhal o satisfaz. Deveríamos fazer desaparecer o mais depressa possível este
câncer da civilização. Detesto com todas as forças o heroísmo obrigatório, a
violência gratuita e o nacionalismo débil. A guerra é a coisa mais desprezível
que existe. Preferiria deixar-me assassinar a participar desta ignomínia. No
entanto, creio profundamente na humanidade. Sei que este câncer de há muito
deveria ter sido extirpado.
Mas o bom senso dos homens é
sistematicamente corrompido. E os culpados são: escola, imprensa, mundo dos negócios,
mundo político.
O mistério da vida me causa a mais
forte emoção. É o sentimento que suscita a beleza e a verdade, cria a arte e a
ciência. Se alguém não conhece esta sensação ou não pode mais experimentar
espanto ou surpresa, já é um morto-vivo e seus olhos se cegaram. Aureolada de
temor, é a realidade secreta do mistério que constitui também a religião.
Homens reconhecem então algo de impenetrável a suas inteligências, conhecem
porém as manifestações desta ordem suprema e da beleza inalterável. Homens se
confessam limitados e seu espírito não pode apreender esta perfeição. E este
conhecimento e esta confissão tomam o nome de religião. Deste modo, mas somente
deste modo, sou profundamente religioso, bem como esses homens. Não posso
imaginar um Deus a recompensar e a castigar o objeto de sua criação. Não posso
fazer ideia de um ser que sobreviva à morte do corpo. Se semelhantes ideias
germinam em um espírito, para mim é ele um fraco, medroso e estupidamente egoísta.
Não me canso de contemplar o mistério
da eternidade da vida. Tenho uma intuição da extraordinária construção do ser.
Mesmo que o esforço para compreendê-lo fique sempre desproporcionado, vejo a
razão se manifestar na vida.
Qual o sentido da vida?
Tem
um sentido a minha vida? A vida de um homem tem sentido? Posso responder a tais
perguntas se tenho espírito religioso. Mas, “fazer tais perguntas tem sentido? ”
Respondo:
”Aquele que considera sua vida e a dos outros sem qualquer sentido é
fundamentalmente infeliz, pois não tem motivo para viver”.
Como julgar um homem?
De
acordo com uma única regra determino o autêntico valor de um homem: em que grau
e com que finalidade o homem se libertou de seu Eu?
Para que as riquezas?
Todas
as riquezas do mundo, ainda mesmo nas mãos de um homem inteiramente devotado à
ideia do progresso, jamais trarão o menor desenvolvimento moral para a
humanidade. Somente seres humanos excepcionais e irrepreensíveis suscitam
ideias generosas e ações elevadas. Mas o dinheiro polui tudo e degrada sem
piedade a pessoa humana. Não posso comprar a generosidade de um Moisés, de um
Jesus ou de um Gandhi com a generosidade de uma Fundação Carnegie qualquer.
Fonte: EINSTEIN Albert. Como vejo o
mundo. Ed. Especial (Saraiva de bolso). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011, p
13-17.
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*Albert Einstein
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Físico alemão
Por Dilva Frazão
Albert Einstein (1879-1955) foi um
físico e matemático alemão. Entrou para o rol dos maiores gênios da humanidade
ao desenvolver a Teoria da Relatividade. Estabeleceu a relação entre massa e
energia e formulou a equação que se tornou a mais famosa do mundo: E = mc². Em
1921, recebeu o Prêmio Nobel de Física, por suas descobertas sobre a lei dos
efeitos fotoelétricos.
Albert Einstein (1879- 1955) nasceu
em Ulm, na Alemanha, em 14 de março, era filho de família judaica, não
praticante. Em 1880 a família muda-se para Munique. Iniciou aulas de violino
com seis anos de idade. Estudou o primário numa escola católica. Aos dez anos
de idade ingressou no Gymnasiun, se preparando para a universidade. Entrou para
a Escola Politécnica Federal da Suíça, onde, em 1900, conclui a graduação em
Física. Em 1901 escreveu seu primeiro artigo científico "A Investigação do
Estado do Éter em Campo Magnético". Em fevereiro deste mesmo ano recebeu a
naturalização suíça. Em 6 de janeiro de 1903 casou-se com Mileva Maric, com
quem teve três filhos.
Em 1905, formulou a teoria da
relatividade especial, que conduziria à libertação da energia atômica. Nesse
mesmo ano, remeteu para a “Revista Anais de Física”, Alemanha, os quatro
artigos que se tornariam fundamentais para a Física Moderna. Depois da
publicação dos artigos seu talento foi reconhecido. Em 1909, com 30 anos,
tornou-se professor na Universidade de Zurique e no ano seguinte lecionou na
Universidade de Praga. Em 1912 ocupou a cadeira de Física, da Escola
Politécnica Federal da Suíça. Em 1913, foi nomeado professor para a
Universidade de Berlim e diretor do Instituto Kaiser Wilhelm de Física.
Torna-se membro da Academia de Ciências da Prússia.
Em 25 de novembro de 1915, ele subiu
ao palco da Academia de Ciências da Prússia e declarou ter concluído sua
exaustiva pesquisa de uma década em busca de um entendimento novo e mais
profundo da gravidade. A Teoria da Relatividade Geral, afirmou Einstein,
estava pronta. A nova e radical visão das interações entre o espaço, o tempo, a
matéria, a energia e a gravidade foi um feito reconhecido como uma das maiores
conquistas intelectuais da humanidade. Em 1921, recebe o Prêmio Nobel de Física
por suas descobertas sobre a lei dos efeitos fotoelétricos, publicada em um dos
quatro artigos revolucionários que divulgou em 1905.
Em 1925, entre os meses de março e
maio, Einstein esteve na América do Sul. Foi à Argentina para uma série de
compromissos, esteve em Montevidéu e no dia 4 de maio chegou ao Rio de Janeiro,
então capital do Brasil, sendo recebido pelo presidente Artur Bernardes. Entre
outros compromissos, visitou o Jardim Botânico, o Observatório Nacional, o
Museu Nacional e o Instituto Oswaldo Cruz.
Além da ciência, Einstein também
dedicou parte de seu tempo a assuntos políticos. Humanista convicto, lutou pela
paz mundial e pela justiça social e a liberdade. Na década de 20 atuou em
movimentos ati-guerra. Em 1932 partiu de Berlim para uma visita à Califórnia,
pois sabia que em breve o nazismo controlaria toda a Alemanha.
Em 1933 renunciou seus cargos em
Berlim, retornou para os Estados Unidos e ingressou no Instituto de Estudos
Avançados de Princeton. Em 1940 ganhou cidadania norte-americana. Em 1945
encerrou sua carreira em universidades. Em 1946 apoiou projetos de formação de
um governo mundial e a troca de segredos entre as grandes potências atômicas,
almejando a paz mundial.
Albert Einstein faleceu em Princeton,
Estados Unidos, no dia 18 de abril de 1955.
(In: www.ebiografia.com)
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