“Logo após, o Espírito o impeliu para o deserto. Ali esteve quarenta
dias, sendo tentado por Satanás. Estava com os animais selvagens, e os anjos o
serviam.” (Mc 1, 12-13)
Hoje, uma
excelente reflexão, muito interessante e atual. Para alguns, talvez seja uma oportunidade
para entender melhor essa passagem bíblica - Mc 1, 12-15 (As tentações de
Jesus). É de autoria do padre e teólogo espanhol José
Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg
IHU
– ADITAL
16
Fevereiro 2018.
Entre
conflitos e tentações
A leitura que a Igreja propõe neste
domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 1,12-15 que corresponde
ao 1° Domingo da
Quaresma, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José
Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Antes de começar a narrar a atividade
profética de Jesus, Marcos nos diz que o Espírito o empurrou para o deserto. Ficou
ali quarenta dias, deixando-se tentar por Satanás; vivia entre vermes e os
anjos o serviam. Estas breves linhas são um resumo das tentações ou provas
básicas vividas por Jesus até a Sua execução na cruz.
Jesus não conheceu uma vida fácil nem
tranquila. Viveu levado pelo Espírito, mas sentiu na Sua própria carne as forças do mal. Sua
entrega apaixonada ao projeto de Deus levou a viver uma existência desgarrada
por conflitos e tensões. Dele temos de aprender, nós Seus seguidores, a viver
em tempos de prova.
“O Espírito empurra Jesus para o
deserto”
Não o conduz para uma vida cômoda.
Leva-O por caminhos de provas, riscos e tentações. Procurar o reino de Deus e a
Sua justiça, anunciar Deus sem falseá-Lo, trabalhar por um mundo mais humano é sempre
arriscado. Foi para Jesus e será para os Seus seguidores.
“Ficou no deserto quarenta dias”
O deserto será o cenário pelo que
transcorrerá a vida de Jesus. Este lugar inóspito e nada acolhedor é símbolo de
provas e dificuldades. O melhor lugar para aprender a viver do essencial, mas
também o mais perigoso para quem fica abandonado às suas próprias forças.
“Tentado por Satanás”
Satanás significa “o adversário, a
força hostil a Deus e a quem trabalha pelo Seu reinado. Na tentação descobre-se
o que há em nós de verdade ou de mentira, de luz ou de trevas, de fidelidade a
Deus ou de cumplicidade com a injustiça.
Ao longo da Sua vida, Jesus irá
manter-se vigilante para descobrir “Satanás” nas circunstâncias mais
inesperadas. Um dia rejeitará Pedro com estas palavras: “Afasta-te de mim,
Satanás, porque teus pensamentos não são os de Deus”. Os tempos de prova temos
de os viver, como Ele, atentos ao que nos pode desviar de Deus.
“Vivia entre vermes e os Anjos o
serviam”
As feras, os seres mais violentos da
terra, evocam os perigos que ameaçaram Jesus. Os anjos, os seres mais bondosos
da criação, sugerem a proximidade de Deus, que os abençoa, cuida e sustenta.
Assim viverá Jesus: defendendo-se de Antipas, a quem chama “raposa”, e
procurando na oração da noite a força do Pai.
Temos de viver estes tempos difíceis com os olhos fixos em Jesus.
É o Espírito de Deus que nos está a empurrar para o deserto. Desta crise sairá
um dia uma Igreja mais humana e mais fiel ao Seu Senhor.
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