“Então Pedro disse a Jesus:
‘Mestre, é bom estarmos aqui. Façamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés
e uma para Elias’. Ele não sabia o que dizer, pois estavam apavorados. A seguir
apareceu uma nuvem e os envolveu, e dela saiu uma voz, que disse: ‘Este é o meu
Filho amado. Ouçam-no!’ “ (Mc 9, 5-7)
A reflexão que trago hoje para o blog
Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito
atual e bem concreta. Tem como
pano de fundo o texto bíblico Mc 9,2-10 (transfiguração de Jesus).
Foi
publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Muito
boa. Vale a pena ler.
WCejnóg
IHU - ADITAL
23 Fevereiro 2018
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho
de Jesus Cristo segundo Marcos 9,2-10 que corresponde ao Segundo
Domingo da Quaresma, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José
Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Este relato da «transfiguração de Jesus» foi
desde o início muito popular entre os Seus seguidores. Não é um episódio a
mais. A cena, recriada com diversos recursos de caráter simbólico, é grandiosa.
Os evangelistas apresentam Jesus com o rosto resplandecente enquanto conversa
com Moisés e Elias.
Os três discípulos que o acompanharam até o cimo da
montanha ficam surpreendidos. Não sabem que pensar de tudo aquilo. O
mistério que envolve Jesus é demasiado grande. Marcos diz que estavam
assustados.
A cena culmina de forma estranha: «Formou-se uma
nuvem que os cobriu e saiu da nuvem uma voz: Este é o meu Filho amado;
escutai-O». O movimento de Jesus nasceu escutando a Sua chamada. A Sua Palavra,
recolhida mais tarde em quatro pequenos escritos, foi gerando novos
seguidores. A Igreja vive a escutar o Seu Evangelho.
Esta mensagem de Jesus encontra hoje muitos
obstáculos para chegar até aos homens e mulheres do nosso tempo. Ao
abandonar a prática religiosa, muitos deixaram de o escutar para sempre. Já não
ouvirão falar de Jesus se não é de forma casual ou distraída.
Tampouco quem se aproxima das comunidades cristãs
pode apreciar facilmente a Palavra de Jesus. A Sua mensagem perde-se entre
outras práticas, costumes e doutrinas. É difícil captar a sua importância
decisiva. A força libertadora do Seu Evangelho fica por vezes bloqueada por
linguagens e comentários alheios ao Seu espírito.
No entanto, também hoje o único decisivo que pode
oferecer a Igreja à sociedade moderna é a Boa Nova proclamada por Jesus e o Seu
projeto humanizador do reino de Deus. Não podemos continuar a reter a
força humanizadora da Sua Palavra. Temos de fazer que corra limpa, viva e abundante
pelas nossas comunidades. Que chegue até os lares, que a possa
conhecer quem procura um sentido novo para as suas vidas, que a possa escutar
quem vive sem esperança.
Temos de aprender a
ler juntos o Evangelho. Familiarizar-nos com os relatos evangélicos.
Colocar-nos em contato direto e imediato com a Boa Nova de Jesus. Nisto temos
de gastar as energias. Daqui começará a renovação que necessita hoje a Igreja.
Quando a instituição eclesiástica vai perdendo o
poder de atração que teve durante séculos, temos de descobrir a atração
que tem Jesus, o Filho amado de Deus, para quem procura a verdade e a vida.
Dentro de poucos anos daremos conta de que tudo nos empurra para colocar com
mais fidelidade a Sua Boa Nova no centro do cristianismo.
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