“Um leproso aproximou-se dele e suplicou-lhe de joelhos: Se quiseres,
podes purificar-me! Cheio de compaixão, Jesus estendeu a mão,
tocou nele e disse: Quero. Seja purificado!.” (Mc 1, 40-41 )
Hoje, uma
excelente reflexão, muito concreta e atual. Como pano de fundo tem o texto bíblico Mc 1, 40-45 (Jesus cura um leproso). É de autoria do padre e teólogo
espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg
IHU – ADITAL
09 Fevereiro 2018
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 1,40-45 que
corresponde ao Sexto Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano
Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Jesus era muito
sensível ao sofrimento de quem encontrava no Seu caminho, marginalizados pela
sociedade, esquecidos pela religião ou rejeitados pelos setores que se
consideravam superiores moral ou religiosamente.
É algo que lhe sai de dentro. Sabe que Deus não
discrimina ninguém. Não rejeita nem excomunga. Não é só dos bons. A todos
acolhe e bendiz. Jesus tinha o costume de levantar-se de madrugada para orar.
Em certa ocasião revela como contempla o amanhecer: «Deus faz sair o Seu sol
sobre bons e maus». Assim é Ele.
Por isso às vezes reclama com força que cessem
todas as condenações: «Não julgueis e não sereis julgados». Outras, narra uma
pequena parábola para pedir que ninguém se dedique a «separar o trigo e o
joio», como se fosse o juiz supremo de todos.
Mas o mais admirável é a Sua atuação. O traço mais
original e provocativo de Jesus foi o Seu hábito de comer com
pecadores, prostitutas e pessoas indesejáveis. O fato é insólito. Nunca se
tinha visto em Israel alguém com fama de «homem de Deus» comendo e bebendo
animadamente com pecadores.
Os dirigentes religiosos mais
respeitáveis não puderam suportar. A sua reação foi agressiva: «Aí tendes a um
comilão e bêbado, amigo de pecadores». Jesus não se defendeu. Era certo, pois
no mais íntimo do Seu ser, sentia um respeito grande e uma amizade comovedora
para com os rejeitados pela sociedade ou pela religião.
Marcos recolhe
no seu relato a cura de um leproso para destacar essa predileção de Jesus pelos
excluídos. Jesus está a atravessar uma região solitária. De repente aproxima-se
um leproso. Não vem acompanhado por ninguém. Vive na solidão. Leva na sua pele
a marca da sua exclusão. As leis condenam-no a viver afastado de todos. É um
ser impuro.
De joelhos, o leproso faz a Jesus uma
súplica humilde. Sente-se sujo. Não lhe fala de doença. Só quer ver-se limpo de
todo estigma: «Se queres, podes limpar-me». Jesus comove-se ao ver a Seus pés
aquele ser humano desfigurado pela doença e o abandono de todos.
Aquele homem representa a solidão e o desespero de
tantos estigmatizados. Jesus «estende a Sua mão» procurando o contato com a Sua
pele, «toca-lhe» e diz-lhe: «Quero, fica limpo».
Sempre que discriminamos a partir
da nossa suposta superioridade moral diferentes grupos humanos (vagabundos,
prostitutas, toxicômanos, psicóticos, imigrantes, homossexuais...) e os
excluímos da convivência negando-lhes o nosso acolhimento estamos a nos afastar
gravemente de Jesus.
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