Continuando
a reflexão sobre o tema da morte, o texto abaixo, de autoria de Ferdinand
Krenzer¹, aponta para os textos bíblicos, à luz dos quais a morte para o homem,
na verdade, é como atravessar o portão da vida. Ela não é mais o fim, mas um
novo começo de uma vida que não terá fim. E isso faz muita diferença!
Não
deixe de ler.
WCejnog
[ Para poder acompanhar
com facilidade a reflexão do autor e aproveitar ao máximo as explicações seria
bom ler desde o início todos os seus textos sobre este assunto (é uma série de
11 textos publicados aqui, no blog
Indagações, com o começo no dia 29 de janeiro de 2013 - http://indagacoes-walenty.blogspot.com.br/2013/01/sobre-morte-o-que-sabemos-no-que.html ) ].
(2)
A
morte como portão da vida
Muitos consideram a morte uma barreira contra a qual destroça-se a vida. O futuro depois da morte?... Não é
fácil controlar protestos e dúvidas! Alguns acham que alimentar a esperança de
que existe algum tipo de vida após a morte e a possibilidade de
recompensa não é nada mais que uma
mentira para confortar os homens simples
e para deslocar a atenção do ser humano
das deficiências e dificuldades da vida real. Resumindo: com a morte – tudo acaba.
Será que esta maneira de
ver a morte como um fim definitivo não teria conseqüências para a vida no
mundo? O homem não deveria, neste caso, “apostar tudo numa carta só” para
aproveitar em qualquer situação ao máximo o tempo que
ainda tem? Claro, uma atitude dessa seria possível e não poderia ser
proibida, mas isso não levaria à situação de extrema rivalidade?
Neste contexto, alguém
que é humanista, que ama o ser humano,
que entrega o seu conhecimento e os seus recursos à disposição de algum
hospital para leprosos, não seria
um tolo diante do bando de homens sem
escrúpulos que, por exemplo, de propósito começam alguma guerra para poder
lucrar com ela? Pois, se a morte tudo aniquila, então por que precisamos fazer algo mais que necessário para nos sentirmos bem?
Já reparamos, não poucas
vezes, que alguma coisa em nós não aceita a idéia de total aniquilação. Por isso, muitas pessoas querem
continuar vivas nas suas obras ou nos seus filhos. Os faraós egípcios
construíam as pirâmides para fazer valer a sua memória para o futuro. Por sua
vez, outros trabalham em algum grande projeto ou “criam a história”, para a
humanidade não os esquecer. No entanto, tudo isso não deixa de ser apenas uma “sombra”, porque aqui, de
fato, esse homem não viverá mais, mas somente o seu “eco”.
O que sobre o futuro
nos diz a Fé? Jesus Cristo promete: “Eu sou a ressurreição
e a vida. Quem crer em mim, ainda que esteja morto, viverá. E quem vive e crê
em mim, jamais morrerá” (Jo 11,
25-26). São Paulo, por exemplo, sabe como a morte invade impiedosamente a vida
e como destrói a esperança, os planos e o contato e a convivência com os outros,
mesmo assim para ele o morrer não é a dolorosa separação, mas significa voltar
para casa: “Estou como que na alternativa. Pois de um lado desejo partir para
estar com Cristo, o que é melhor. Por
outro, quisera permanecer na carne, o que
é mais necessário para vós” (Fl 1, 23) e “Estamos, repito, cheios de
confiança, preferindo ausentar-nos do corpo para morar junto do Senhor” (2Cor
5,8).
Para uma pessoa crente,
que tem fé, a morte não é um fim inevitável e absurdo, mas um novo começo. Por isso a Bíblia, falando da
morte, usa as palavras que transmitem conforto, e não as que expressam a resignação.
Obviamente, não podemos
imaginar que Jesus Cristo trouxe para nós algum tipo de “comprimido” contra a
morte. Mas, depois dele, a morte não é mais um mal inevitável, ao qual temos
que nos submeter. Assim como Ele voltou da morte, assim também nós
continuaremos viver com Ele: “[...] Se cremos
que Jesus morreu e ressuscitou,
cremos também que Deus levará com Jesus os que nele morreram. [...]” (1 Tes 4, 13-18).
(KRENZER,
F. Taka jest nasza wiara, Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p. 346-347)²
Continua...
___________________
¹ Krenzer Ferdinand (nascido em 22 de maio de 1921 em Dillenburg, Hesse, †
08 de maio de 2012 em Hofheim am Taunus)
foi um teólogo católico alemão,
sacerdote e escritor na aposentadoria.
[N. Do T.]
²
Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e
direto, e agradam o leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã
e compreender os temas mais difíceis desta doutrina.
Os
textos publicados neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse
autor; uma edição no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o
português), com uma pequena atualização dos dados, quando necessário. O título original: “Morgen wird man wieder
Glauben”. [N. Do T.]