Bodas em Caná na Galileia. A mãe de Jesus, Maria, estava lá. Também Jesus e os seus discípulos
foram convidados... O primeiro milagre do Homem de Nazaré...! - Este é um dos mais conhecidos episódios
bíblicos do Novo Testamento. À primeira
vista pode parecer que, talvez, já saibamos tudo sobre este tema e que não
exista mais nada que alguém possa
“acrescentar”. Mas, será que é
assim?
O comentário de M. Asun Gutiérrez Cabriada que apresento agora no blog Indagações,
é uma
reflexão que
tem muito para oferecer a cada um de nós.
Não
deixe de ler.
WCejnog
[Os
interessados pedem ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o site das
Monjas Beneditinas de Montesserrat: http://www.benedictinescat.com/montserrat/imatges/Dom2C13port.pps Trabalho muito bonito!]
Maria, a
mulher que não se resigna perante a contrariedade de Caná, mostra-nos que há
uma lei
fundamental pela qual as coisas podem ir do pequeno ao grande, do débil ao
forte, da água ao vinho, em todas as situações.
É a lei
da esperança.
Ermes
Ronchi
Evangelho
segundo João 2, 1-11
Naquele
tempo, realizou-se um casamento em Caná da Galileia e estava lá a Mãe de Jesus.
Jesus e os seus discípulos foram também convidados para o casamento. A certa altura faltou o vinho. Então a Mãe de
Jesus disse-Lhe:
«Não têm
vinho».
Jesus
respondeu-Lhe:
«Mulher,
que temos nós com isso? Ainda não chegou a minha hora».
Sua Mãe
disse aos serventes:
«Fazei
tudo o que Ele vos disser».
Havia
ali seis talhas de pedra, destinadas à purificação dos judeus, levando cada uma
de duas a três medidas.
Disse-lhes
Jesus: «Enchei essas talhas de água».
Eles
encheram-nas até acima. Depois disse-lhes:
«Tirai
agora e levai ao chefe de mesa.»
E eles
levaram. Quando o chefe de mesa provou a água transformada em vinho - ele
sabia donde viera, pois só os serventes,
que tinham tirado a água sabiam – chamou o noivo e disse-lhe: -«Todos servem
primeiro o vinho bom e, depois de os convidados terem bebido bem, serve o
inferior. Mas tu guardaste o vinho bom até agora.»
Foi
assim que, em Caná da Galileia, Jesus deu início aos seus milagres. Manifestou
a sua glória e os discípulos acreditaram n’Ele.
Comentário
Naquele tempo,
realizou-se um casamento em Caná da Galileia
e estava lá a Mãe de
Jesus.
Jesus e os seus
discípulos foram também convidados para o casamento.
O Deus de Jesus não se revela num
templo nem rodeado de imponente majestade. Revela-se num ambiente de alegria e
de festa, na festa humana por excelência, acompanhado de amigos.
Algo que conviria ter presente em
ambientes que se consideram cristãos e olham de esguelha e/ou censuram o que
suponha diversão, prazer e alegria.
Jesus começa a sua missão
participando na festa do amor, porque o amor é a única força capaz de encher a
terra de milagres.
A certa altura faltou
o vinho. Então a Mãe de Jesus disse-lhe:
«Não têm vinho».
Maria participa na festa dos que
usufruem, dançam, desfrutam do vinho, riem, cantam, sem deixar de observar tudo
o que acontece à sua volta.
A sua observação, ativa, discreta,
criadora e comprometida, permite-lhe ver o que ninguém vê. Vive pendente de
quem necessita ajuda, vive em atitude de interesse e amizade para os outros,
disposta a solucionar situações difíceis e momentos de apuro.
Não diz: “já não há vinho” de
forma impessoal, mas: “não têm vinho”. Primeiro as pessoas, depois as coisas.
Pede para os outros.
Há casais, há pessoas as quais
“não têm vinho”, sinal de uma alegria que elas não podem desfrutar, pelas
injustiças e a falta de solidariedade. Não têm dinheiro para chegar ao fim do
mês. Carecem de um emprego digno e estável, não podem aceder a uma casa o os
desalojam da sua.
Como Maria, podemos assumir o compromisso de trabalhar para
procurar que a ninguém falte o vinho do amor, da felicidade, da amizade, da fé, da alegria, da beleza, das
condições necessárias para poder viver com dignidade.
Jesus respondeu-lhe:
«Mulher, que temos nós
com isso? Ainda não chegou a minha hora».
Sua Mãe disse aos
serventes:
«Fazei tudo o que Ele
vos disser».
Maria tem algo que dizer e fazer
quando seu filho vai iniciar a sua missão, o primeiro de seus sinais. São as
últimas palavras de Maria no Evangelho. Não podia ter dito nada mais claro e
mais profundo. Fazei o que Ele vos disser.
Fazei, quer dizer, atuai, escutai
a sua Palavra, abri-vos a ela, guardai-a em vosso coração, comprometei-vos com
ela, dai fruto, praticai o Evangelho, que é o caminho para introduzir o amor no
mundo.
Estas palavras são o testamento de
Maria.
Não necessita realizar aparições
para dar novas mensagens, às vezes aterradoras. A sua última e definitiva
mensagem é: Fazei o que Ele vos disser. Só
Ele.
Havia ali seis talhas
de pedra, destinadas à purificação dos judeus,
levando cada uma de duas a três medidas.
Disse-lhes Jesus:
«Enchei essas talhas
de água».
Eles encheram-nas até
acima.
As talhas são símbolo da antiga
aliança que já não dá vida nem alegria, estão vazias. Pesam, são de pedra, é
difícil mudá-las, movê-las.
Jesus muda a água – purificações que a lei ordenava -, por vinho excepcional e abundante, símbolo de festa, dos novos tempos messiânicos, do amor, da presença do Reino e do partilhar.
Jesus muda a água – purificações que a lei ordenava -, por vinho excepcional e abundante, símbolo de festa, dos novos tempos messiânicos, do amor, da presença do Reino e do partilhar.
Na boda na qual “falta o vinho”,
oferece–se o “vinho bom”, a melhor revelação do rosto de Deus.
Depois disse-lhes:
-«Tirai agora e levai ao chefe de mesa.»
-«Tirai agora e levai ao chefe de mesa.»
E eles levaram. Quando
o chefe de mesa provou a água transformada em vinho - ele sabia donde viera, pois só os serventes, que tinham
tirado a água sabiam – chamou o noivo e disse-lhe:
-«Toda a gente serve
primeiro o vinho bom e, depois de os convidados terem bebido bem, serve o
inferior. Mas tu guardaste o vinho bom até agora.»
Sem a disponibilidade de Maria,
sem a resposta dos serventes, a água não se teria convertido em vinho. Os
“milagres” são também ação e responsabilidade humana. Jesus conta sempre
conosco.
Os serventes colocaram-se às
ordens de Jesus e a água se converteu em vinho.
Se nos pusermos à sua disposição,
poderemos descobri-l’O em todos os instantes da nossa vida e proclamar as
maravilhas que faz em nós e por nós.
Vejo a ação de Deus na minha vida?
Sou sensível às necessidades dos outros? Tem a minha vida, para benefício dos
outros, o vinho da fé, da alegria, da amizade, da paixão, da bondade, da
amabilidade, da festa interior, da ternura, do amor?
Foi assim que, em Caná
da Galileia, Jesus deu início aos seus milagres.
Manifestou a sua
glória e os discípulos acreditaram n’Ele.
Os sinais do quarto Evangelho são
indicadores que apontam para Jesus e ajudam a fortalecer a fé n’Ele.
Os sinais realizados por Jesus foram
escritos “para que acrediteis”. Todos
somos chamados a fazer sinais e, sobretudo, a ser sinal que provoque, desperte,
estimule a alegria de viver e a fé dos outros.
Que sinais faço? Que sinais posso fazer?
Que sinais faço? Que sinais posso fazer?
Que posso eu levar ao
Senhor?
Como os serventes de
Caná, só água, nada mais que água.
Apesar disso, Ele
quer-a toda e precisamente aquela.
E quando as seis talhas de pedra da minha humanidade lhe forem oferecidas cheias de pobreza, cumulada da minha humanidade,
será Ele quem vai converter esta simples água no melhor dos vinhos:
E quando as seis talhas de pedra da minha humanidade lhe forem oferecidas cheias de pobreza, cumulada da minha humanidade,
será Ele quem vai converter esta simples água no melhor dos vinhos:
Ele, o mestre perito
em banquetes, que alegra os pobres, um Deus que está do lado do vinho, da
festa, um Deus feliz que dá o prazer de existir e de acreditar.
Eu creio em Deus
porque é o Deus de Caná,
Deus feliz que deseja a felicidade de seus filhos e filhas.
Deus feliz que deseja a felicidade de seus filhos e filhas.
(Ermes Ronchi)
Nenhum comentário:
Postar um comentário